A partida desta quarta-feira (22) nos mostrou um Flamengo muito mais disposto do que no final de semana. Jogando com uma formação mais técnica e mais leve, a equipe comandada por Doriva Júnior procurou ocupar o campo de ataque, empurrou o Atlético-MG para trás e manteve a posse da bola na maior parte noventa e poucos minutos. O problema, no entanto, é que os velhos erros defensivos se repetiram no Mineirão. Erros coletivos e individuais. Além das falhas de Diego Alves e Matheuzinho no lance dos dois gols do Galo, o Fla sofreu para entrar na área adversária viu um Hulk inspiradíssimo acabar com o jogo sem muito esforço e escancarar a fragilidade defensiva da equipe. E o mais interessante disso tudo é que Antonio Mohamed escalou seu Atlético-MG de modo a explorar todos esses problemas.
Isso porque “El Turco” sabia que um dos grandes problemas do Flamengo na recomposição defensiva é o controle da profundidade (o popular “correr para trás”). Qualquer bola lançada às costas de Matheuzinho, Rodrigo Caio, Pablo e Filipe Luís sempre levava certo perigo por conta do posicionamento ruim da última linha (cenário até certo ponto natural por conta do pouquíssimo tempo de Dorival Júnior no comando da equipe rubro-negra) e dos espaços que apareciam entre as linhas. Antonio Mohamed fez o simples. Recuou as linhas do seu 4-2-3-1 (que lembrava um 4-2-2-2 em alguns momentos) para um bloco mais baixo, criou superioridade numérica pelos lados do campo e apenas esperou o Fla.
Do outro lado do campo, o Flamengo até jogava melhor do que no final de semana, mas encontrava dificuldades para entrar na área do Atlético-MG. Tudo por conta da lentidão do setor ofensivo e da falta de profundidade nas jogadas ofensivas. Ao mesmo tempo, o lance do gol marcado por Hulk (logo aos seis minutos da primeira etapa) condicionou toda a partida. Diego Alves poderia ter saído com muito mais rapidez ou ter permanecido debaixo das traves já que a bola havia caído no “pé ruim” do camisa 7 do Galo. Na sequência, Rodrigo Caio ficou praticamente torcendo para a bola não entrar. Uma verdadeira sucessão de problemas que começou com o lançamento de Mariano às costas de Filipe Luís e Pablo.
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Estava claro para este que escreve que a ideia de Dorival Júnior era povoar o meio-campo com seu 4-3-3 e ir empurrado as linhas do Atlético-MG para trás. No entanto, quem via o jogo percebia que o Flamengo sofria demais com a falta de criatividade e não conseguia ser intenso nas transições ofensivas. Isso porque a formação escolhida por Dorival Júnior dependia demais dos laterais para ganhar amplitude e profundidade. Matheuzinho até conseguia apoiar com mais frequência. Mas Filipe Luís ficou mais preso na esquerda já que tinha que lidar com as descidas de Vargas, Mariano e Hulk pelo seu setor. Com o time mais “torto” pela direita, Arrascaeta e Everton Ribeiro foram encaixotados nos lados do campo, Gabigol pouco rendeu e Andreas Pereira e João Gomes ficaram sobrecarregados no meio.
Além de lidar com os próprios problemas, o Flamengo também tinha que lidar com Hulk. O camisa 7 do Atlético-MG simplesmente acabou com o jogo e mostrou porque é um dos melhores atacantes em atividade no país com certa folga. Seja partindo da intermediária na direção do gol ou servindo os companheiros (como na assistência para o gol de Ademir), Hulk colocou Rodrigo Caio e Pablo no bolso e só não foi mais decisivo porque cansou nos minutos finais. Além disso, é um jogador que sabe usar a profundidade e encontrar espaços como poucos aqui por estas bandas. E isso tudo numa noite em que Vargas e Nacho Fernández renderam muito menos do que já renderam e num jogo em que o Flamengo esteve mais presente no campo de ataque do que o Galo. É uma daquelas atuações que merece ser exaltada por muito tempo.
Não demorou muito para que Dorival Júnior percebesse que o Flamengo precisava ser mais competitivo. Rodinei, Pedro, Ayrton Lucas, Thiago Maia e Lázaro foram para o jogo nos lugares de Matheuzinho, Everton Ribeiro, Filipe Luís, Andreas Pereira e Willian Arão. O 4-3-3 do primeiro tempo deu lugar a um 4-2-3-1 com Gabigol saindo da direita para o meio e abrindo o corredor para as ultrapassagens de Rodinei, Arrascaeta jogando mais próximo da Zona 14 (como deve ser) e Pedro dando a profundidade que faltava nas jogadas de ataque. O gol de Lázaro (nascido de cruzamento às costas de Mariano) recolocou o Flamengo na disputa pela vaga nas quartas de final e deu uma ponta de esperança ao time. Mesmo assim, a sensação que ficou foi a de que o Atlético-MG poderia ter resolvido o confronto e não o fez.
Apesar da derrota, o Flamengo encontrou alguns caminhos interessantes para a sequência da temporada. Há como esse time jogar mais e melhor e há como se recuperar o futebol de alguns atletas. Sobretudo Everton Ribeiro e Gabigol. Por outro lado, está mais do que claro que o escrete rubro-negro não vai ganhar absolutamente nada na base da “mística de 2019”. Mais do que nunca, é preciso ser competitivo e intenso. Ainda quando se enfrenta adversários de nível técnico tão alto. Já o Atlético-MG fez o que deveria ser feito e teve em Hulk o seu grande cérebro. O camisa 7 fez um pouco de tudo no jogo desta quarta-feira (22) e ajudou a construir a vitória em cima de um rival marcado pela falta de força mental e concentração. Destaque também para as boas atuações de Junior Alonso, Ademir e Allan.
Certo é que o Atlético-MG de Antonio Mohamed acertou em cheio na estratégia e expôs as fragilidades defensivas do Flamengo mais uma vez. E a tarefa mais urgente de Dorival Júnior é encontrar soluções para esses problemas. Por mais que o treinador rubro-negro tenha optado por uma formação mais leve e que proponha o jogo, ficou mais do que claro que a aposta nos “medalhões” enfraqueceu o time. Aumentar o nível de competitividade é fundamental para salvar o ano.
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