Depois de definir a saída do técnico Paulo Sousa do Flamengo, a diretoria acertou com Dorival Júnior. O profissional, que estava no Ceará, retorna à Gávea após ter sido demitido pela própria gestão comandada por Rodolfo Landim, e vai reencontrar o goleiro Diego Alves, com quem teve um conflito.
A demissão do português foi confirmada no início da noite de quinta-feira (9). A expectativa é pela chegada de Dorival, que fará a terceira passagem no Mengo. Quem lidera o treino desta sexta (10) é Mario Jorge, do sub-20. Dorival esteve na Gávea entre 2012 e 2013 e, posteriormente, no final de 2018. Agora, tem contrato até o fim da atual temporada.
A primeira despedida de Dorival ocorreu em março de 2013. Então, Eduardo Bandeira de Mello havia assumido havia pouco tempo como presidente e as partes não conseguiram chegar a acordo para redução salarial, em contrato assinado pela gestão anterior e que teria reajuste a partir de julho.
Dorival retornou em setembro de 2018, para substituir Maurício Barbieri, tornando-se o último técnico à frente da equipe na gestão de Bandeira. A passagem ficou marcada por um conflito com o goleiro Diego Alves.
À época, depois da eliminação na semifinal da Copa do Brasil para o Corinthians, o goleiro sentiu uma lesão. Durante o tratamento, houve troca na comissão técnica. Dorival decidiu dar oportunidades a César, que segundo avaliação interna tinha tido bom desempenho.
Assim, mantiveram César no onze inicial do Flamengo para a partida contra o Paraná pelo Brasileiro daquele ano – mesmo com Diego Alves recuperado; o que desagradou o goleiro veterano.
Depois do ocorrido, marcou-se uma reunião entre a comissão técnica e o elenco a fim de que o caso fosse esclarecido. Houve bate-boca entre Dorival e Diego Alves, na qual integrantes da delegação tiveram de “passar panos quentes”. O goleiro passou a treinar separado do grupo e o futuro na Gávea esteve em xeque.
A chapa de Rodolfo Landim venceu o pleito em dezembro de 2018, levantando questionamentos quanto à possibilidade de renovação de Dorival, cujo aproveitamento era de 70%. Dias após a eleição, anunciou-se a contratação de Abel Braga. A chegada do novo técnico mudou o estado de coisas, e Diego Alves permaneceu na Flamengo.
No entanto, a saída não deixou remorsos em Dorival. Em entrevista para o portal “UOL” em maio de 2020, ele comentou que “[o Flamengo] fez a opção correta, tanto que estão tendo muito sucesso desde a chaga do Abel [Braga] e do [Jorge] Jesus”.
“Cheguei a conversar duas vezes com o Marcos Braz [vice-presidente de futebol da gestão Landim]; mas numa boa, passando tudo o que estava acontecendo dentro do clube. Ele também me mostrou que não estava nada definido ou decidido”, disse ele.
Polêmica de Dorival com Diego Alves
Após o episódio de 2018, Dorival Júnior se reencontra com Diego Alves, que se envolveu também em polêmicas recentes.
O goleiro entrou em atrito com Paulo Sousa e com o preparador Paulo Grilo. Logo depois de vitória no Maracanã frente à Universidad Católica pela Libertadores, o treinador reclamou publicamente do goleiro, que teria pedido para jogar mesmo com pouco tempo de recuperação de um quadro de pubalgia.
“No jogo contra o Botafogo, o Diego fez o aquecimento. No dia seguinte, ele relatou dores púbicas e reportou ao departamento médico. O DM fez uma ressonância; nós temos que confiar no jogador e em tudo o que ele vai nos dizer. Nós temos um gráfico que vai analisar, mas temos que ouvir o que o jogador sente. Ele sentia muitas dores. Aliás, até ontem de manhã”, falou o então técnico Paulo Sousa.
“No dia, de manhã, ele continuava a ter dores. À tarde, o nosso fisioterapeuta disse que o Diego estava melhorzinho e se sentia capaz: estamos falando de ontem. Se vocês verificarem o que realmente são dores púbicas, e o tempo que leva de recuperação, não pode ser de um dia para o outro ou por uma reunião que teve com Bruno Spindel no almoço e que rapidamente ele se recuperou e estava disponível para jogar. Aqui os processos não são assim. Os jogadores, para jogar, têm de treinar. Ele não treinou desde o jogo contra o Botafogo. Por isso, não estaria relacionado”, finalizou.
As declarações denotaram clima ruim nos bastidores, sendo um dos pilares de uma crise que aumentou gradualmente nas últimas semanas. Após a vitória sobre o Goiás, Paulo Sousa, junto com Marcos Braz e Bruno Spindel, sinalizou “falha de comunicação”.
“Vamos abrir com o assunto que quero falar com vocês. Admito que deixei uma folha solta para vocês poderem especular. Nunca o Diego Alves se sentiu à disposição e nunca o Bruno me disse isso. Foi uma falta de comunicação entre meu fisioterapeuta e meu preparador. Falamos, conversamos, esclarecemos aquilo que tinha que esclarecer, como gente crescida. Da minha parte e da parte de todos, nós estamos centrados naquilo que queremos fazer que é ganhar”, disse.
“Episódio está superado. Todos aqui no Flamengo têm objetivo muito claro, que é conquistar títulos. Em nenhum momento o Diego se colocou à disposição para jogar”, prosseguiu Spindel.
Na mesma coletiva, Braz lembrou, que quando a atual gestão chegou ao Flamengo, Diego Alves estava afastado, justamente por causa do episódio com Dorival Júnior.
“Diego Alves sempre foi tratado com respeito, principalmente por essa gestão. Quando chegamos, ele estava há quase três meses afastado. Se teria um dia aqui no ano que a gente não precisaria desse imbróglio foi justamente nesse, após uma vitória na Libertadores. O principal ponto é fazer tudo com tranquilidade. O ruído teve e está sendo bem explicado. O que aconteceu foi de fato uma falta de comunicação. Estamos aqui para deixar claro que os objetivos de todos são os mesmos, que é ter um final de ano melhor do que foi o início”, declarou.