Home Futebol Classificação sofrida do Santos na Copa Sul-Americana escancara a falta de eficiência do setor ofensivo

Classificação sofrida do Santos na Copa Sul-Americana escancara a falta de eficiência do setor ofensivo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fabián Bustos e a atuação do Peixe no empate contra o Banfield

Por Luiz Ferreira em 25/05/2022 10:28 - Atualizado há 1 ano

Ivan Storti / Santos FC

Ivan Storti / Santos FC

É preciso dizer que o Santos teve muito mais sorte do que juízo (e pontaria) no empate em 1 a 1 com o Banfield, em jogo válido pela sexta rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. A classificação só veio porque o Unión La Calera não venceu a Universidad de Quito por dois gols de diferença e o Peixe levou a melhor nos critérios de desempate. Mesmo assim, a partida desta terça-feira (24) escancarou a necessidade de melhora no sistema ofensivo do escrete comandado por Fabián Bustos. Isso porque o time balançou as redes apenas duas vezes nos últimos quatro jogos da temporada e não conseguiu furar o bloqueio defensivo de um adversário que teve dois jogadores expulsos no segundo tempo. Pontos que preocupam bastante para a sequência da Copa Sul-Americana e das demais competições em disputa.

Fabián Bustos mandou a campo o que tinha de melhor à sua disposição. Apenas Maicon e Rodrigo Fernández não foram relacionados por conta de desgaste físico e Jhojan Julio começou a partida no banco de reservas. Mesmo assim, o Santos jogava com suas linhas adiantadas e executava bem os movimentos do 4-2-3-1 preferido do treinador argentino. Madson e Lucas Pires apoiavam bastante o ataque, Vinícius Zanocelo se juntava a Ricardo Goulart e Lucas Braga na criação das jogadas, Rwan forçava bastante pelo lado direito e Marcos Leonardo se movimentava bastante no setor ofensivo. O Banfield (comandado por Claudio Vivas) ainda conseguiu encaixar algumas escapadas com Urzi e Juan Cruz pelo lado direito de ataque, mas adotava uma postura um pouco mais cautelosa por conta da sua fragilidade defensiva.

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Formação inicial das duas equipes na Vila Belmiro. Fabián Bustos manteve seu 4-2-3-1 costumeiro no Santos e viu sua equipe travar as saídas do Banfield. Destaque para a movimentação de Marcos Leonardo e Rwan no setor ofensivo.

Vinícius Zanocelo teve gol anulado por impedimento logo no começo da partida e Ricardo Goulart (um dos jogadores mais cobrados pela torcida do Santos) conseguiu acionar Rwan com dois bons passes, mas o jovem camisa 12 não aproveitou. Do outro lado, o Banfield ameaçou a meta de João Paulo em finalizações de Galoppo e Quinteros num dos poucos momentos em que escrete santista perdeu a concentração na defesa. Toda a jogada que originou a penalidade convertida por Marcos Leonardo (aos 35 minutos do primeiro tempo) nasceu da marcação mais alta e da pressão no portador da bola, pontos defendidos e bastante trabalhados por Fabián Bustos. No entanto, as finalizações e as tomadas de decisão erradas escancaravam os problemas no setor ofensivo do Santos. O nível baixo de eficiência era nítido.

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É bom que se diga também que a defesa se comportou de maneira satisfatória. Emiliano Velázquez e Eduardo Bauermann mostraram bom senso de posicionamento e concederam poucas chances ao ataque do Banfield. Do mesmo modo, Sandry estava atento na cobertura dos laterais e participava ativamente da saída de bola. Entretanto, o lance do golaço marcado por Nicolás Domingo é um bom exemplo de como uma falha no encaixe da marcação pode ser fatal. O lance começa com a bola rebatida da defesa e com Quinteros recuperando a posse após dividida com Rwan. O atacante santista não volta para dar combate e deixa Ricardo Goulart sozinho para fazer a cobertura na intermediária. Por mais que a última linha do Santos estivesse bem posicionada, o camisa 5 teve todo o tempo do mundo para ajeitar o corpo e finalizar sem qualquer chance para o goleiro João Paulo.

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A defesa do Santos controlava bem a profundidade e fechava os espaços. O problema estava um pouco mais à frente. Rwan não volta para dar combate e deixa Ricardo Goulart sozinho com dois jogadores. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL Sudamericana

A necessidade de vencer a equipe de pior campanha do Grupo C da Copa Sul-Americana e as notícias que vinham do Chile deixavam o escrete santista ainda mais nervoso. Estava claro que, apesar das vitórias contundentes sobre o Coritiba (em jogo válido pela Copa do Brasil) e sobre o Cuiabá (pelo Brasileirão), o Peixe ainda sofre muito para “colocar a bola na casinha”. Os problemas na criação das jogadas foram resolvidos (pelo menos em parte) com o posicionamento de Lucas Braga mais por dentro e as subidas de Vinícius Zanocelo para o campo ofensivo. Tudo para que Ricardo Goulart não fique como a única “cabeça pensante” do Santos. Mesmo assim, o desenrolar do jogo desta terça-feira (24) mostrou claramente de que o ataque precisa de ajustes e de concentração para vencer defesas mais fechadas.

As expulsões (justas) de Jesús Dátolo (AQUELE MESMO que jogou pelo Atlético-MG há alguns anos) e Gregorio Tanco no segundo tempo deram a impressão de que o Peixe finalmente deslancharia e conquistaria a tão sonhada vitória. No entanto, o que se viu em campo foi um time lotado de atacantes e que se movimentava muito pouco para vencer o 6-2-0 (ou algo próximo disso) de Claudio Vivas. Do outro lado, Fabián Bustos mandava Lucas Barbosa, Jhojan Julio, Gabriel Pirani, Bruno Oliveira e Bryan Angulo para o jogo e via o Santos se transformar em presa fácil para a marcação encaixada do escrete argentino. Faltava movimentação, agressividade e também um pouco de sorte, já que o goleiro Enrique Bologna se transformou no grande nome do jogo com pelo menos três defesas de cinema nos minutos finais na Vila Belmiro.

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Fabián Bustos empilhou atacantes no Santos após as expulsões de Dátolo e Tanco no segundo tempo, mas viu sua equipe parar na retranca do Banfield e nas defesas providenciais do goleiro Enrique Bologna. Foto: Reprodução / YouTube / CONMEBOL Sudamericana

Acabou que o Peixe foi salvo pelo segundo gol da Universidad de Quito no Unión La Calera no final da partida e se garantiu nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Muito mais por sorte do que por competência na partida desta terça-feira (24), é verdade. Ainda que o técnico Fabián Bustos argumente que os resultados obtidos nas partidas anteriores tenham feito a diferença real na classificação (ver o depoimento comandante santista no vídeo acima), está claro que o Santos precisa melhorar muito se quiser ir longe nessa temporada. Ou se não quiser passar o sufoco que passou em 2021. O treinador argentino testou várias formações, rodou o elenco, mas ainda não encontrou o encaixe perfeito das peças que tem à disposição. E isso conta muito num calendário insano e desgastante como o brasileiro.

A classificação do Santos para as oitavas de final da Copa Sul-Americana deve ser comemorada sim, mas está claro para este que escreve que o time precisa de ajustes. Se a defesa se comportou bem e vem mostrando consistência, o setor ofensivo, por sua vez, ainda está bem longe do ideal. E dificilmente o Peixe terá a sorte que teve contra o Banfield na sequência da temporada. Ainda que o contexto não seja dos mais favoráveis, Fabián Bustos precisa encontrar as soluções necessárias.

SANTOS 1 X 1 BANFIELD | MELHORES MOMENTOS | CONMEBOL SUDAMERICANA 2022
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