É preciso dizer que o Santos teve muito mais sorte do que juízo (e pontaria) no empate em 1 a 1 com o Banfield, em jogo válido pela sexta rodada da fase de grupos da Copa Sul-Americana. A classificação só veio porque o Unión La Calera não venceu a Universidad de Quito por dois gols de diferença e o Peixe levou a melhor nos critérios de desempate. Mesmo assim, a partida desta terça-feira (24) escancarou a necessidade de melhora no sistema ofensivo do escrete comandado por Fabián Bustos. Isso porque o time balançou as redes apenas duas vezes nos últimos quatro jogos da temporada e não conseguiu furar o bloqueio defensivo de um adversário que teve dois jogadores expulsos no segundo tempo. Pontos que preocupam bastante para a sequência da Copa Sul-Americana e das demais competições em disputa.
Fabián Bustos mandou a campo o que tinha de melhor à sua disposição. Apenas Maicon e Rodrigo Fernández não foram relacionados por conta de desgaste físico e Jhojan Julio começou a partida no banco de reservas. Mesmo assim, o Santos jogava com suas linhas adiantadas e executava bem os movimentos do 4-2-3-1 preferido do treinador argentino. Madson e Lucas Pires apoiavam bastante o ataque, Vinícius Zanocelo se juntava a Ricardo Goulart e Lucas Braga na criação das jogadas, Rwan forçava bastante pelo lado direito e Marcos Leonardo se movimentava bastante no setor ofensivo. O Banfield (comandado por Claudio Vivas) ainda conseguiu encaixar algumas escapadas com Urzi e Juan Cruz pelo lado direito de ataque, mas adotava uma postura um pouco mais cautelosa por conta da sua fragilidade defensiva.
Vinícius Zanocelo teve gol anulado por impedimento logo no começo da partida e Ricardo Goulart (um dos jogadores mais cobrados pela torcida do Santos) conseguiu acionar Rwan com dois bons passes, mas o jovem camisa 12 não aproveitou. Do outro lado, o Banfield ameaçou a meta de João Paulo em finalizações de Galoppo e Quinteros num dos poucos momentos em que escrete santista perdeu a concentração na defesa. Toda a jogada que originou a penalidade convertida por Marcos Leonardo (aos 35 minutos do primeiro tempo) nasceu da marcação mais alta e da pressão no portador da bola, pontos defendidos e bastante trabalhados por Fabián Bustos. No entanto, as finalizações e as tomadas de decisão erradas escancaravam os problemas no setor ofensivo do Santos. O nível baixo de eficiência era nítido.
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É bom que se diga também que a defesa se comportou de maneira satisfatória. Emiliano Velázquez e Eduardo Bauermann mostraram bom senso de posicionamento e concederam poucas chances ao ataque do Banfield. Do mesmo modo, Sandry estava atento na cobertura dos laterais e participava ativamente da saída de bola. Entretanto, o lance do golaço marcado por Nicolás Domingo é um bom exemplo de como uma falha no encaixe da marcação pode ser fatal. O lance começa com a bola rebatida da defesa e com Quinteros recuperando a posse após dividida com Rwan. O atacante santista não volta para dar combate e deixa Ricardo Goulart sozinho para fazer a cobertura na intermediária. Por mais que a última linha do Santos estivesse bem posicionada, o camisa 5 teve todo o tempo do mundo para ajeitar o corpo e finalizar sem qualquer chance para o goleiro João Paulo.
A necessidade de vencer a equipe de pior campanha do Grupo C da Copa Sul-Americana e as notícias que vinham do Chile deixavam o escrete santista ainda mais nervoso. Estava claro que, apesar das vitórias contundentes sobre o Coritiba (em jogo válido pela Copa do Brasil) e sobre o Cuiabá (pelo Brasileirão), o Peixe ainda sofre muito para “colocar a bola na casinha”. Os problemas na criação das jogadas foram resolvidos (pelo menos em parte) com o posicionamento de Lucas Braga mais por dentro e as subidas de Vinícius Zanocelo para o campo ofensivo. Tudo para que Ricardo Goulart não fique como a única “cabeça pensante” do Santos. Mesmo assim, o desenrolar do jogo desta terça-feira (24) mostrou claramente de que o ataque precisa de ajustes e de concentração para vencer defesas mais fechadas.
As expulsões (justas) de Jesús Dátolo (AQUELE MESMO que jogou pelo Atlético-MG há alguns anos) e Gregorio Tanco no segundo tempo deram a impressão de que o Peixe finalmente deslancharia e conquistaria a tão sonhada vitória. No entanto, o que se viu em campo foi um time lotado de atacantes e que se movimentava muito pouco para vencer o 6-2-0 (ou algo próximo disso) de Claudio Vivas. Do outro lado, Fabián Bustos mandava Lucas Barbosa, Jhojan Julio, Gabriel Pirani, Bruno Oliveira e Bryan Angulo para o jogo e via o Santos se transformar em presa fácil para a marcação encaixada do escrete argentino. Faltava movimentação, agressividade e também um pouco de sorte, já que o goleiro Enrique Bologna se transformou no grande nome do jogo com pelo menos três defesas de cinema nos minutos finais na Vila Belmiro.
Acabou que o Peixe foi salvo pelo segundo gol da Universidad de Quito no Unión La Calera no final da partida e se garantiu nas oitavas de final da Copa Sul-Americana. Muito mais por sorte do que por competência na partida desta terça-feira (24), é verdade. Ainda que o técnico Fabián Bustos argumente que os resultados obtidos nas partidas anteriores tenham feito a diferença real na classificação (ver o depoimento comandante santista no vídeo acima), está claro que o Santos precisa melhorar muito se quiser ir longe nessa temporada. Ou se não quiser passar o sufoco que passou em 2021. O treinador argentino testou várias formações, rodou o elenco, mas ainda não encontrou o encaixe perfeito das peças que tem à disposição. E isso conta muito num calendário insano e desgastante como o brasileiro.
A classificação do Santos para as oitavas de final da Copa Sul-Americana deve ser comemorada sim, mas está claro para este que escreve que o time precisa de ajustes. Se a defesa se comportou bem e vem mostrando consistência, o setor ofensivo, por sua vez, ainda está bem longe do ideal. E dificilmente o Peixe terá a sorte que teve contra o Banfield na sequência da temporada. Ainda que o contexto não seja dos mais favoráveis, Fabián Bustos precisa encontrar as soluções necessárias.