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Botafogo arranca ponto precioso do América-MG, mas deixa claro que time ainda precisa de tempo e paciência

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a partida deste sábado (21) e as ideias de Vagner Mancini e Luís Castro

Por Luiz Ferreira em 22/05/2022 10:41 - Atualizado há 10 meses

Vítor Silva / Botafogo

É possível dizer que o empate entre América-MG e Botafogo foi marcado pela oscilação e pela “troca de papeis” entre as duas equipes. O primeiro tempo nos mostrou um Coelho presente no campo ofensivo e que executou as ideias de Vagner Mancini com muita eficiência. A segunda etapa, por sua vez, nos apresentou um Glorioso renovado com as substituições promovidas por Luís Castro e muito mais intenso nas trocas de passe na direção da área do goleiro Jailson. A igualdade no marcador (além de ser o resultado mais justo) também deixou claro que o escrete alvinegro ainda precisa de tempo e paciência para encontrar o “encaixe” das peças em campo e a formação ideal. É compreensível que a torcida (que marcou presença na Arena Independência) esteja empolgada. Mas o momento é de reconstrução no Botafogo.

Mas se o escrete comandado por Luís Castro passou por oscilações grandes de um tempo para outro, o América-MG viveu cenário parecido. A atuação dos comandados de Vagner Mancini no primeiro tempo foi marcada pela marcação forte na saída de bola do Botafogo, pela intensidade alta nas transições e pela concentração do sistema defensivo na movimentação de Erison, Victor Sá e Diego Gonçalves. Não é exagero afirmar que o Coelho jogava aquilo que sua torcida espera do time (ainda que não tenha a “grife” dos clubes mais badalados do Brasileirão). E nesse ponto, vale destacar as boas atuações de Aloísio “Boi Bandido”, Gustavinho, Lucas Kal, Felipe Azevedo e Rodriguinho numa primeira etapa dos sonhos para o América-MG

Do outro lado, o Botafogo tem a seu favor o argumento de que o trabalho de reconstrução do clube ainda está no início e que Luís Castro e seus jogadores ainda precisam de tempo. O elenco ainda é novo e busca o melhor entrosamento assim como um entendimento maior das ideias de seu treinador. Mesmo assim, o Glorioso ainda segue invicto com o português na beira do gramado e apresenta ótimos números (ver no tweet acima). É um forte sinal de que o trabalho está no caminho certo e de que as oscilações apresentadas na partida deste sábado (21) fazem parte desse processo. Por outro lado, a atuação muito abaixo da crítica por parte do Botafogo no primeiro tempo quase pôs tudo a perder na Arena independência.

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Isso porque o esquema com três volantes não funcionou conforme o esperado. Embora a última linha de defesa do escrete alvinegro estivesse bem organizada, o América-MG conseguia manipular os espaços com as chegadas de Felipe Azevedo e Marlon Lopes pelo lado esquerdo de ataque. Tchê Tchê e Patrick de Paula pareciam perdidos no meio-campo e deixaram Luís Oyama completamente sobrecarregado na proteção da zaga botafoguense. Tudo porque o 4-4-2 de Vagner Mancini fechava bem os lados do campo e ainda criava um volume de jogo muito grande quando passava do meio-campo. Faltava ao Glorioso a intensidade e a precisão nos passes tão pedida por Luís Castro nos treinamentos e concentração para sair dessa marcação alta do América-MG. A atuação do Botafogo no primeiro tempo foi completamente apática.

Formação inicial das duas equipes na Arena Independência. Vagner Mancini apostou num 4-4-2/4-2-4 com muita força pelos lados do campo para travar as saídas do 4-2-3-1 de Luís Castro e dar mais volume de jogo para o América-MG.

Se o Coelho era forte pelos lados, o time de Vagner Mancini também mostrou sua força nas jogadas por dentro. Aloísio e Henrique Almeida se movimentavam bastante e confundiam a marcação alvinegra na frente da área. Tanto que o gol do camisa 50 (marcado aos 39 minutos do primeiro tempo) saiu em mais uma “blitz” do ataque do Coelho. Na volta do intervalo, Luís Castro mandou Vinícius Lopes e Del Piage para o jogo nos lugares de Diego Gonçalves e Tchê Tchê. O Botafogo ganhou mais consistência na defesa, adiantou suas linhas e passou a ocupar mais o campo de ataque. Do outro lado, Vagner Mancini acabava com a velocidade e a intensidade do América-MG com a entrada do volante Alê e a saída do atacante Gustavinho. Enquanto isso, o Glorioso ia crescendo na partida e empilhando chances de gol.

O raciocínio aqui é bem simples. Além da troca das peças, Luís Castro posicionou sua equipe mais à frente e aproximou mais os jogadores. Isso fez com que Erison passasse a ser mais acionado e com que o Botafogo ganhasse mais consistência na hora de atacar. As entradas de Lucas Fernandes, Hugo e Matheus Nascimento nos lugares de Saravia, Daniel Borges e Patrick de Paula fizeram com que o escrete alvinegro fosse pressionando o América-MG numa espécie de 3-2-5 bem organizado e muito intenso nas trocas de passe. Aos 40 minutos do segundo tempo, Erison empatou a partida após cobrança de escanteio da direita. Mas ainda houve tempo para que Victor Sá e o já mencionado camisa 89 do Glorioso desperdiçassem ótimas chances de virar a partida. A sorte do Coelho é que Jailson estava atento e garantiu o empate.

Vagner Mancini tirou a velocidade do América-MG no segundo tempo e facilitou demais a vida do Botafogo. Luís Castro acertou em cheio com as substituições e a postura muito mais agressiva do que nos primeiros 45 minutos do jogo em Belo Horizonte.

Este que escreve tende a concordar com Luís Castro. O resultado final foi justo diante das atuações das duas equipes. Se o Botafogo fez uma primeira etapa muito ruim e mereceu ir para o intervalo com a desvantagem no placar, o América-MG acabou pagando o mesmo preço com o gol marcado por Erison já nos minutos finais do segundo tempo. Por outro lado, a impressão que fica é a de que os dois elencos ainda precisam de tempo e maturação para renderem aquilo que podem render em campo. Por mais que Vagner Mancini já tenha um certo tempo no comando do Coelho, também precisamos lembrar que as viagens por conta da Libertadores e o desgaste dos jogadores são obstáculos difíceis de serem superados. Já Luís Castro vem conseguindo entregar atuações consistentes com pouco tempo de trabalho no Glorioso.

Mas é preciso deixar claro que essas oscilações (embora façam parte de todo o processo) pode causar estragos contra equipes mais organizadas e qualificadas. As mexidas do treinador português foram precisas e o Botafogo recuperou a força no ataque que tanto buscou no primeiro tempo. E tudo isso (incluindo as atuações ruins) fazem parte de um processo de reconstrução que ainda está no começo. É por isso que o torcedor botafoguense precisa ter um pouco mais de paciência nesse primeiro momento.

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