Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o Timão conseguiu controlar a partida e superar o sempre temido Boca Juniors
A Copa Libertadores da América é o tipo de competição que exige muito de cada equipe em termos táticos, físicos e principalmente mentais. Por outro lado, vencer certos adversários pode dar a injeção de confiança que faltava para recuperar o rumo e crescer no torneio. A vitória do Corinthians sobre o sempre temido Boca Juniors se encaixa nesse cenário. Não que o escrete de Sebastián Battaglia coloque medo como nos tempos em que o treinador jogava junto de Palermo, Riquelme e Barros Schelotto. A questão aqui é que o Timão fez o que se espera dele. Controlou as ações no campo, se impôs na base da intensidade e da ocupação inteligente dos espaços e conquistou uma vitória importantíssima nessa Libertadores. E vamos combinar que vencer o Boca Juniors é sempre um grande resultado. Pouco importa o momento e a fase de cada vencedor.
🆚| #SCCPxBOC 2-0
⚽️| Maycon (2x)
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 42% – 58%
👟 Finalizações: 8 – 7
✅ Finalizações no gol: 3 – 4
🛠 Grandes chances: 1 – 1
☑️ Passes certos: 313 (77%) – 478 (84%)💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/GSVIBuSVLv
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) April 27, 2022
É bem verdade que o clima na Neo Quimica Arena com os mais de 44 mil torcedores presentes foi um ingrediente importantíssimo nesse “molho” que o Corinthians conseguiu criar nesta terça-feira (26). Sem Vítor Pereira (que está afastado por conta da COVID-19), o auxiliar Filipe Almeida foi o responsável por passar toda a estratégia para Willian, Renato Augusto e companhia. E isso tudo diante de um dos maiores vencedores da história da Copa Libertadores da América. Por mais que ainda não seja mais “aquele” Boca Juniors (na opinião de alguns mais exaltados), o time de Sebastián Battaglia tinha suas armas e contava com uma camisa pesada. Fora as conhecidas provocações que tinham como único objetivo minar os nervos dos jogadores corintianos.
Só que a vitória não é importante apenas por se tratar do Boca e do adversário (em tese) mais forte do Grupo E da competição sul-americana. Precisamos lembrar que o Timão vinha desacreditado por conta da derrota para o Palmeiras no clássico do último final de semana e que os questionamentos em torno do rodízio imposto por Vítor Pereira ganharam força. Aos poucos, a equipe vai mostrando que está entendendo melhor os conceitos do treinador português e sabendo como encontrar os caminhos para as vitórias. A atuação pode não ter sido brilhante, é verdade. Mas ficou bem claro para este que escreve que o Corinthians tende a subir muito de produção. Ainda mais com Maycon se encaixando tão bem no meio-campo da equipe e entendendo a proposta de jogo.
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O camisa 5 foi o volante pela esquerda no 4-1-4-1/4-3-3 corintiano nesta terça-feira (26). Ele poderia aparecer por dentro para participar das jogadas de ataque, pisar na área exatamente como fez no lance do belo gol marcado por ele no início de partida na Neo Química Arena e ainda fechar o lado esquerdo e auxiliar na cobertura de Fábio Santos. Mesmo jogando um pouco mais recuado do que Renato Augusto (a grande referência criativa do Timão), Maycon foi o grande nome da partida e ajudou a travar um Boca Juniors que passava a impressão de que os jogadores não compreenderam muito bem os planos de Sebastián Battaglia para o confronto em São Paulo. Por mais que o escrete xeneize tivesse levado perigo ao gol de Cássio numa escapada pela direita com Medina e Vázquez, o jogo era todo do Corinthians.
O Corinthians começou o jogo colocando muita intensidade nas transições e executando bem os movimentos do 4-1-4-1 nos momentos de posse. Já o Boca Juniors levou certo perigo quando conseguiu trabalhar mais a bola, mas esteve muito desorganizado nesse primeiro tempo. pic.twitter.com/K5n2GC5hSg
— Luiz Ferreira (@LuizBigHead) April 27, 2022
Adson e Willian levavam Adivíncula e Fabra à loucura com suas investidas pelos lados do campo e Jô, mesmo sem ser brilhante e decisivo como já foi, era importante para segurar a defesa do Boca Juniors e abrir espaços para as chegadas de Maycon, Renato Augusto e Du Queiroz (este cada vez mais adaptado à função de primeiro volante). Fagner mostrava a sua qualidade como um dos melhores laterais em atividade no país com bons lançamentos e boa participação nas jogadas de ataque. O ponto negativo fica por parte da “pilha errada” de João Victor e outros jogadores diante das provocações do Boca Juniors ainda no primeiro tempo. Por mais que o árbitro uruguaio Andrés Matonte prejudicasse o andamento da partida com marcações confusas, estava mais do que claro que o Corinthians seguia dono do jogo e sofria bem pouco na sua defesa apesar do jogo mais nervoso.
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A segunda etapa nos mostrou um Boca Juniors mais presente no campo de ataque com as mudanças realizadas por Sebastián Battaglia. No entanto, o escrete xeneize quase não conseguia pisar an área do goleiro Cássio. Ao mesmo tempo, Filipe Almeida descansava Jô, Adson e Renato Augusto e mandava Gustavo Mantuan, Roger Guedes e Paulinho para o jogo. O Corinthians demorou um pouco para se achar depois das substituições, mas quando o fez, conseguiu marcar o segundo gol em jogada bem trabalhada que começou e terminou com Maycon, o grande nome da partida. Além do camisa 5, também precisamos falar da atuação segura de Fábio Santos no sistema defensivo e da liderança de Willian em campo sempre que o jogo ficava mais nervoso. O Corinthians jogou como o gigante que é e mostrou que pode crescer muito nessa temporada.
A entrada de Paulinho no lugar de Renato Augusto deixou o Corinthians sem criatividade, mas Maycon chamou a responsabilidade e fez o gol que confirmou a vitória. O Boca Juniors, por sua vez, não conseguiu levar muito perigo ao gol de Cássio. Sobrou provocação e faltou futebol. pic.twitter.com/M3BV3ogRYO
— Luiz Ferreira (@LuizBigHead) April 27, 2022
É bem possível que a grande notícia do jogo desta terça-feira (26) esteja na maneira como os jogadores estão assimilando os conceitos de Vítor Pereira. Ainda que o time como um todo sinta demais a maratona de jogos e tente se adaptar aos pedidos de mais intensidade e velocidade por parte do treinador português, fica sim a impressão de que as coisas estão se encaixando e que o salto de qualidade está mais próximo do que eu e você estamos pensando. A contratação de Maycon é defendida por este que escreve como a mais acertada da diretoria em 2022. O camisa 5 era a peça que faltava no meio-campo e as suas últimas atuações provam essa tese. Ao mesmo tempo, a aposta nos mais jovens ainda é o caminho mais curto para que o Corinthians ganhe a consistência tão desejada para voos mais altos nessa temporada.
É por isso que a vitória sobre o Boca Juniors deve sim ser comemorada e celebrada pelo torcedor corintiano. Não somente pelo peso que um triunfo em cima do escrete xeneize tem numa edição de Copa Libertadores da América. Mas por todo o contexto de recuperação da equipe após a demissão de Sylvinho e dos resultados ruins desse início de temporada. O salto de qualidade do Corinthians está bem próximo de acontecer. E não será fácil segurar a equipe depois disso. Podem escrever e cobrar depois.