Home Futebol Algumas considerações sobre a noite inesquecível do Real Madrid e a incrível fragilidade emocional do Paris Saint-Germain

Algumas considerações sobre a noite inesquecível do Real Madrid e a incrível fragilidade emocional do Paris Saint-Germain

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a virada épica dos merengues sobre o PSG e as escolhas de Carlo Ancelotti e Mauricio Pochettino

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a virada épica dos merengues sobre o PSG e as escolhas de Carlo Ancelotti e Mauricio Pochettino

Antes de mais nada, precisamos reconhecer que o Paris Saint-Germain de Mauricio Pochettino foi superior na maior parte dos 180 minutos do confronto contra o Real Madrid. Este que escreve, inclusive, já havia afirmado que o escrete parisiense havia encaixado a melhor atuação coletiva da atual temporada no jogo de ida das oitavas da Liga dos Campeões da UEFA. Só que o futebol é dinâmico e não costuma perdoar quem insiste em brincar com a sorte ou quem se “desliga” do que acontece em campo. Na prática, o escrete comandado por Carlo Ancelotti precisou de apenas 17 minutos para construir uma virada até então improvável diante de um adversário que jogava muito melhor. Acabou que a falha incrível de Donnarumma no primeiro gol do Real Madrid provocou um efeito devastador no PSG. Mas a partida disputada nesta quarta-feira (9) não se resume a apenas isso.

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Existe também todo o trabalho tático realizado pelos dois treinadores. Se Mauricio Pochettino manteve seu 4-3-3 com Neymar como “arco” (jogando mais centralizado) e Mbappé como a “flecha” (explorando bastante o espaço às costas de Carvajal), Carlo Ancellotti apostou no mesmo 4-1-4-1/4-3-3 da partida de ida. A diferença estava na escalação inicial. Suspensos, Casemiro e MEndy deram lugar a Valverde e Nacho Fernández com o alemão Toni Kroos indo ocupar o espaço entre as linhas do Real Madrid. A partir do momento em que o PSG percebeu que o camisa 8 merengue não conseguia proteger a zaga, o time parisiense começou a explorar mais os lançamentos para Mbappé, as triangulações com Neymar e os ótimos passes de Verratti. A equipe conseguiu suportar a pressão inicial do escrete de Carlo Ancelotti e conseguiu abrir o placar no final do primeiro tempo.

Real Madrid vs Paris Saint-Germain - Football tactics and formations

Formações iniciais das duas equipes no Santiago Bernabéu. Neymar e Mbappé assumiam o papel de “arco e flecha” e Valverde substituiu Casemiro no meio-campo merengue.

Até os primeiros minutos da segunda etapa, o Real Madrid sofria para conter o Paris Saint-Germain por uma série de motivos. Este que escreve entende bem a entrada de Valverde no meio-campo. O uruguaio participava ativamente da pressão na saída de bola do adversário e ainda tinha fôlego para chegar na frente e participar das jogadas ofensivas. O “calcanhar de Aquiles” do escrete merengue (por incrível que pareça) era Toni Kroos por conta das dificuldades que o alemão tinha para cobrir os espaços na frente da última linha. Ao mesmo tempo, Asensio não conseguia dar sequência a nenhuma jogada de ataque e vinha sendo engolido por Nuno Mendes. Não foi por acaso que Carlo Ancelotti lançou mão de Camavinga e Rodrygo aos onze minutos do segundo tempo. O primeiro corrigiu o problema na marcação e o segundo infernizou a zaga do PSG com sua velocidade.

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As mudanças promovidas por Carlo Ancelotti deixaram o Real Madrid muito mais consistente na marcação e ainda mais incisivo no ataque. E é nesse momento que entra a atmosfera criada pela torcida no Santiago Bernabéu. Com mais fôlego para fazer a pressão alta e todo o estádio empurrando os jogadores, o escrete merengue passou a incomodar demais o Paris Saint-Germain. Verratti já não tinha tanto espaço para criar, Danilo Pereira não dava mais conta de fechar o espaço às costas de Hakimi e o trio formado por Mbappé, Messi e Neymar ficou isolado no ataque. Ao mesmo tempo, Modric passou a subir mais e procurar Benzema e Vinícius Júnior no setor ofensivo. A melhora do Real Madrid era nítida depois das substituições promovidas por Carlo Ancelotti.

Acabou que a falha grotesca de Donnarumma mudou completamente o panorama da partida. É verdade que o primeiro gol merengue (e de Benzema) nasceu dessa pressão alta tão pedida por Carlo Ancelotti. Mas é preciso entender como esse momento simplesmente destruiu a concentração do Paris Saint-Germain. Repetimos: até os 15 minutos da segunda etapa, o time de Mauricio Pochettino controlava as ações no campo, circulava bem a bola pelo campo e corria poucos riscos. O que se veria depois disso seria um amasso impressionante do Real Madrid em cima de um PSG completamente atordoado e sem força nenhuma para reagir diante do cenário criado no Santiago Bernabéu. Tudo por conta do vacilo monumental do goleiro Donnarumma.

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Na prática, o Real Madrid precisou de apenas 17 minutos para transformar uma eliminação certa numa virada épica. Nesse momento, Carlo Ancelotti já havia mandado Lucas Vázquez para o lugar de Carvajal com o claro objetivo de frear um pouco as subidas de Nuno Mendes pelo lado direito da defesa. Ao mesmo tempo, Mauricio Pochettino apostou no senegalês Gueye e sacou o argentino Paredes (justo o jogador que protegia a última linha de defesa do escrete parisiense). Com a concentração abalada, o Paris Saint-Germain viu Benzema fazer o segundo após jogada de Modric e Vinícius Júnior. O francês ainda faria o terceiro gol merengue após bola roubada na saída de bola e “assistência” de Marquinhos para o meio da área. Pochettino ainda tentaria uma última cartada com as entradas de Di María e Draxler, mas sem sucesso nenhum. A vaga nas quartas de final era do Real Madrid.

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Paris Saint-Germain vs Real Madrid - Football tactics and formations

Carlo Ancelotti acertou em cheio com as entradas de Camavinga, Rodrygo e Lucas Vázquez e viu o PSG ruir emocionalmente com a falha impressionante de Donnarumma.

Este que escreve volta a repetir que o Paris Saint-Germain foi superior durante boa parte dos 180 minutos contra o Real Madrid. Por outro lado, a fragilidade emocional do time de Mauricio Pochettino assustou a todos. Principalmente pelo fato de termos Neymar, Messi, Mbappé e vários outros medalhões vestido a camisa do escrete parisiense. Ao mesmo tempo, é possível dizer que tudo aqui vai muito além da tática. O fator emocional foi, é e sempre será fundamental no esporte de alto rendimento. Perder a concentração por um vacilo defensivo ou na saída de bola (como aconteceu com Donnarumma) é do jogo, mas saber se reerguer depois disso é para poucos. O PSG tinha o dinheiro e os craques. Mas o Real Madrid tinha a camisa, a tradição e jogadores altamente comprometidos com o plano de jogo do seu (enorme) treinador. Essa é a grande diferença entre as duas equipes.

Benzema foi o grande herói da noite desta quarta-feira (9) na capital espanhola. Vinícius Júnior, Rodrygo, Modric, Valverde e Alaba tiveram participação decisiva. Mas o que ficará para a história da Liga dos Campeões da UEFA será a falha de Donnarumma e o derretimento emocional de um time bilionário. E por mais que os “negacionistas da bola” ainda insistam em dizer o contrário, o futebol é sim um esporte altamente mental. A prova está na virada épica do Real Madrid sobre o Paris Saint-Germain.

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