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Recuperação do Barcelona tem muito de Xavi Hernandez e consolida o resgate de uma cultura vitoriosa

Por Luiz Ferreira em 21/03/2022 02:28 - Atualizado há 11 meses

Reprodução / Twitter / FC Barcelona

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o treinador catalão usou o “jogo de posição” na vitória sobre o Real Madrid de Carlo Ancelotti

A recuperação do Barcelona depois de um longo e tenebroso vai muito além de resultados positivos e briga por títulos importantes. Estamos falando do resgate de uma ideia, de uma cultura tão forte como o próprio velho e rude esporte bretão e que transformou o clube catalão no que ele é hoje. É por isso que a goleada sobre o Real Madrid (em pleno Santiago Bernabéu) neste domingo (20) teve muito das ideias de Xavi Hernández. Se ele foi criado dentro da cultura do “jogo de posição” e fez parte de um dos melhores times da história, ele usou essa mesma filosofia para recuperar o futebol de um time que vinha sendo bastante castigado nesses últimos meses. Ao invés de ignorar o passado, Xavi Hernández trouxe um pouco do espírito e da organização daqueles anos gloriosos para os nossos dias. Poesia pura.

Vale lembrar que essa foi a 12ª partida seguida sem derrotas do Barcelona na temporada e o fim de uma série de cinco derrotas para o escrete merengue. Antes mesmo da bola rolar no Santiago Bernabéu, o contexto já se mostrava favorável ao escrete catalão, já que Benzema estava fora da partida por conta de uma lesão no joelho. Enquanto Xavi Hernández mantinha seu 4-3-3 preferido (mas com Ronald Araújo no lugar de Daniel Alves na lateral-direita), Carlo Ancelotti apostava num 4-3-3/4-1-4-1 sem referência fixa e com o croata Modric jogando de costas para defesa e abrindo espaços para as chegadas de Rodrygo e Vinícius Júnior. O grande problema é que essa formação enfraquecia demais o meio-campo deixava a última linha de defesa do Real Madrid completamente exposta aos contra-ataques blaugranas.

Formação inicial das duas equipes no Santiago Bernabéu. Xavi Hernández manteve seu 4-3-3 costumeiro e Carlo Ancelotti apostou num 4-4-2 com Modric jogando como “falso nove”.

É verdade que o jogo começou com as duas equipes se lançando ao ataque e tentando superar Courtois e Ter Stegen, dois dos melhores goleiros da atualidade. Mas a impressão que ficava era a de que o Barcelona parecia mais inteiro e mais seguro em campo. Com e sem a bola. Principalmente com Frenkie de Jong e Pedri distribuindo passes no meio-campo e fazendo a equipe catalã andar. Ou com o veloz e hábil Dembélé (que é perigosíssimo quando está a fim de jogar futebol) levando Nacho Fernández e Alaba à loucura pelo lado direito de ataque do Barcelona. Ou ainda com Aubameyang, o artilheiro do dia e a referência híbrida que facilita as coisas no escrete comandado por Xavi Hernández. E isso tudo sem falar em mais um recita de Busquets. O jogador “ultrapassado” ainda comanda o meio como poucos.

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Enquanto isso, o retrato do Real Madrid na primeira etapa era a oportunidade desperdiçada de maneira tola por Vinícius Júnior na frente de Ter Stegen. O brasileiro preferiu cavar a penalidade do que tentar o drible ou a conclusão a gol. Ao mesmo tempo, a ideia de Carlo Ancelotti de colocar Modric como um “falso nove” se revezando com Valverde não deu muito certo por dois motivos. O primeiro deles era a boa marcação da defesa blaugrana em cima do camisa 10 merengue. E o segundo era a falta que Benzema fazia na equipe. Muito difícil não perceber que Xavi Hernández havia montado seu Barcelona de modo a explorar todos esses problemas. A verdade é que precisamos reconhecer que o Real Madrid foi facilmente dominado pelo seu grande rival.

Aubameyang abriu o placar aos 28 minutos do primeiro tempo e Ronald Araújo aproveitou o cochilo da defesa merengue para fazer o segundo gol blaugrana aos 37 minutos. A facilidade com que o Barcelona levava a bola ao ataque seguia todos os preceitos do “jogo de posição” que transformou Xavi Hernández num dos melhores volantes do Século XXI e num dos grandes ídolos de uma equipe histórica. O simbolismo desse resgate se fazia presente nas trocas de passe, na intensidade das transições e na pressão em cima do portador da bola. Guardadas as devidas proporções, a influência de Pep Guardiola era muito clara nesse Barcelona de Xavi. Principalmente na maneira como valoriza a posse da bola e na agressividade dos contra-ataques.

E o que os torcedores das duas equipes veriam na segunda etapa seria a continuação do show do escrete comandado por Xavi Hernández. E isso logo no primeiro minuto depois do intervalo (num momento em que Carlo Ancelotti havia mandado Camavinga e Mariano Díaz para o jogo e ainda tentava encontrar o melhor posicionamento) com Ferran Torres. Seis minutos depois, o VAR confirmou o golaço de Aubameyang em novo contra-ataque. Carlo Ancelotti ainda tentou diminuir com as entradas de Lucas Vázquez e Asensio (nos lugares de Nacho e Rodrygo respectivamente), mas só fez desorganizar ainda mais sua equipe com apenas um zagueiro de ofício sem corrigir os reais problemas. Do outro lado, Xavi Hernández apenas trocava peças, mantinha o seu 4-3-3 básico e via seu Barcelona despachar seu maior rival como nos velhos tempos.

Carlo Ancelotti bagunçou ainda mais o Real Madrid com as substituições e Xavi Hernández manteve a formação inicial com as entradas de Gavi, Nico González, Depay, Traoré e Dani Alves.

De tão machucado e humilhado nos últimos meses, o Barcelona se recupera e mostra que ainda merece respeito resgatando a cultura que o fez ser o que é atualmente. O “jogo de posição” que transformou Xavi Hernández num dos melhores da história serviu de base para que o agora treinador blaugrana pudesse encontrar a melhor formação e devolver a confiança para seus jogadores. O título do Campeonato Espanhol pode ser difícil por conta da distância para o próprio Real Madrid (que lidera a competição com 66 pontos contra 54 do Barça), mas a Liga Europa pode ser um caminho interessante para recolocar o clube na Liga dos Campeões e no patamar que sempre ocupou nesses últimos anos. O simbolismo dessa vitória e dessa atuação coletiva é imenso. Ainda mais tendo Xavi Hernández no banco de reservas comandando o time.

Isso porque o antigo camisa 6 do clube catalão ainda carrega consigo as memórias de tempos nem tão longínquos assim quando o Barcelona era “mais do que um clube”. É o resgate de uma cultura vitoriosa, da tradição do “jogo de posição” com algumas pequenas mudanças para adaptar o time ao futebol ainda mais intenso dos nossos dias. Mas ainda assim altamente competitivo. Xavi Hernandéz une o passado com o presente para projetar um futuro muito mais feliz do que o torcedor do Barcelona espera.

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