Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa mais uma boa atuação da equipe comandada por Simone Jatobá na vitória sobre o Paraguai
É bem verdade que a Seleção Feminina Sub-17 encontrou mais dificuldades para superar o Paraguai do que na partida do dia 8 de março, durante a fase de grupos do Campeonato Sul-Americano da categoria. Por outro lado, a vitória por 3 a 0 aplicada sobre a Albirroja nesta quarta-feira (16) mais uma vez deixou evidente a superioridade técnica do escrete comandado por Simone Jatobá sobre seus adversários na competição continental. E o prêmio para todo esse jogo coletivo altamente consistente e para toda a organização tática da equipe brasileira apresentada nas últimas partidas foi a vaga na Copa do Mundo Feminina Sub-17, que será disputada na Índia durante o mês de outubro. Dudinha, Aline Gomes, Natália Vendito, Ana Júlia e Rebeca (esta uma das melhores em campo) foram os destaques da Seleção Feminina Sub-17 nessa vitória sobre o Paraguai.
FIM DE JOGO! VAGA GARANTIDA NO MUNDIAL FEMININO SUB-17! 💚💛 pic.twitter.com/8p0dHIpKL2
— Seleção Feminina de Futebol (@SelecaoFeminina) March 16, 2022
As últimas atuações do escrete canarinho permitiram que Simone Jatobá pudesse rodar mais sua equipe, mas sem mexer no seu 4-2-3-1/4-3-3 habitual. E um dos pontos mais fortes do Brasil é o jogo pelos lados. Rebeca, Ana Júlia e Carol trocavam de posição a todo momento e acionavam Dudinha e Aline Gomes pelos lados do campo com bastante frequência. Vale destacar aqui um detalhe importante sobre a Seleção Feminina Sub-17. As laterais não possuem características tão ofensivas como acontece no profissional em determinadas equipes. No nosso caso, Luana e Kedima são muito mais armadoras do que apoiadoras. E isso faz muita diferença.
Com o trio de meio-campistas se apresentando a todo momento para dar opção de passe e abusando das triangulações, cabia a Natália Vendito dar profundidade e arrastar as zagueiras adversárias para trás. A intenção aqui era abrir espaços para que as pontas Aline Gomes e Dudinha pudessem explorar os espaços que apareciam na última linha paraguaia a todo momento. Aos dez minutos do primeiro tempo, Rebeca encontrou Aline Gomes na esquerda (atacando o espaço entre as zagueiras paraguaias). A camisa 7 carregou a bola até a entrada da área e tocou por cima da boa goleira Araceli Leguizamón. Golaço marcado pela ótima execução dos conceitos trabalhados por Simone Jatobá.
Com intensidade altíssima na troca de passes e um jogo bastante vertical (e que traz alguns elementos do “jogo de posição”), a Seleção Feminina conseguiu controlar bem o jogo diante do Paraguai apesar de não ter aproveitado todas as oportunidades que criou durante os noventa e poucos minutos de partida. Carol desperdiçou uma penalidade aos 17 minutos. Dudinha e Natália Vendito também pararam na goleira Araceli Leguizamón. E Aline Gomes acertou o travessão em mais uma jogada nascida de passe em profundidade no espaço aberto na última linha de defesa do Paraguai. E aos 46 minutos da primeira etapa, Dudinha recebeu de Rebeca e também parou na trave. Apesar das chances desperdiçadas, a Seleção Feminina seguia mostrando uma consistência muito grande na execução do seu estilo. Mais uma prova da superioridade do escrete canarinho na competição.
A Seleção Feminina conseguiu marcar o segundo gol apenas aos sete minutos do segundo tempo, em bela jogada individual de Dudinha pelo lado esquerdo. Com a partida controlada, as comandadas de Simone Jatobá foram trocando passes e explorando bem as jogadas de linha de fundo com Aline Gomes e a já citada Dudinha. A camisa 7, inclusive, foi a grande responsável pelos melhores momentos do escrete canarinho na segunda etapa jogando mais pela direita. No entanto, ao invés de se manter mais fixa pelo lado do campo, a atacante brasileira partia na direção do gol em diagonal e aproveitava muito bem a movimentação de Natália Vendito, Carol e Dudinha no terço final. Não foi por acaso que o (belo) gol marcado por Raissa (aos 41 minutos do segundo tempo) nasceu de mais uma jogada de Aline Gomes pelo lado do campo. Tudo fruto da boa execução do plano elaborado por Simone Jatobá.
Em seis partida no Campeonato Sul-Americano Sub-17, a Seleção Feminina conquistou seis vitórias e marcou 32 gols (o que dá uma média de 5,33 gols por partida). A intensidade e a consistência apresentada pela equipe comandada por Simone Jatobá saltam aos olhos não apenas pelo nível mais baixo dos adversários do Brasil na competição, mas pela execução correta das estratégias trabalhadas pela treinadora. Pelo menos para este que escreve, a vaga na Copa do Mundo da Índia estava mais do que encaminhada. Bastava ao Brasil apenas manter o nível do seu jogo e correr poucos riscos diante dos seus adversários. Por outro lado, fica também a certeza de que a partida contra a Colômbia tem tudo para ser o compromisso mais complicado da Seleção Feminina nesse Campeonato Sul-Americano Sub-17. Não só pela qualidade das adversárias de sábado, mas por tudo que estará em jogo.
“É extremamente gratificante porque a gente vem treinando e se concentrando muito pra isso. O primeiro objetivo foi feito, que era classificar para a segunda fase, agora, o segundo objetivo que foi a classificação para o Mundial. Vamos agora lutar pelo terceiro objeto que é o título“. As palavras de Simone Jatobá ao site da CBF resumem bem a campanha brasileira. Os objetivos da Seleção Feminina Sub-17 estão sendo cumpridos um a um e sempre com muita eficiência. E não é absurdo nenhum pensar em voos mais altos para essa equipe e todas as jogadoras.