Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações das equipes comandadas por Alexander Medina e Roger Machado no Gre-Nal desta quarta-feira (9)
Não é exagero nenhum afirmar que o Internacional teve a sua melhor atuação desde que Alexander “El Cacique” Medina assumiu a equipe. Muito por conta das ótimas atuações do lateral-direito Bustos e meio-campista Maurício no lado direito de ataque do escrete colorado e pela dinâmica colocada por Edenílson, Liziero e Taison no meio-campo. Ao mesmo tempo, o Grêmio de Roger Machado segue numa fase tenebrosa e sem dar nenhum sinal de que pode jogar mais do que está jogando. Inclusive, o que mais chamou a atenção na noite desta quarta-feira (9) foi a atuação pálida e apática do Tricolor Gaúcho e a maneira como o time “aceitou” a marcação do seu maior adversário no Beira-Rio sem oferecer um mínimo de resistência. Enquanto o Internacional deixa a impressão de que pode reagir, o Grêmio sucumbiu mais uma vez. E olha que a equipe de Roger Machado ainda saiu de campo com um lucro enorme.
O treinador gremista até tem uma certa parcela de culpa na derrota por conta de algumas das suas escolhas para o Gre-Nal 435. Sua equipe jogou muito espaçada e concedeu muitos espaços para seu adversário trabalhar a bola no meio-campo e circular por entre as linhas do 4-2-3-1 costumeiro de Roger Machado. Do outro lado, o Internacional ocupava bem o campo de ataque com Edenílson e Taison se movimentando bastante no meio-campo e com David atuando como referência móvel no comando de ataque. O camisa 17 colorado era o responsável por bagunçar a linha defensiva do Grêmio e dar profundidade às jogadas. Com bastante espaço para jogar, o escrete de Alexander Medina encontrou bastante facilidade para criar suas jogadas de ataque e poderia ter aplicado uma goleada histórica no maior rival ainda no primeiro tempo se não fossem as defesas cinematográficas do ótimo goleiro Brenno.
Vale aqui destacar um ponto interessante sobre esse início de temporada das duas equipes mais tradicionais do Rio Grande do Sul. Ambas vinham de eliminações históricas logo na primeira fase da Copa do Brasil e sob forte pressão nos bastidores por resultados. Enquanto Alexander Medina quase foi demitido após a derrota para o Globo, Roger Machado viu o Grêmio ser eliminado pelo Mirassol na sua segunda partida à frente da equipe. O Colorado se recuperou na partida seguinte (já pelo Campeonato Gaúcho), mas o Tricolor Gaúcho empatou com o Novo Hamburgo e sofreu o revés da última quarta-feira (9). Por mais que ainda seja muito cedo para se cravar qualquer coisa sobre as duas equipes, está bem claro (pelo menos para este que escreve) que o Internacional parece ter encontrado o rumo mais rapidamente do que o Grêmio. E isso fez a diferença na partida.
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Isto porque a impressão que ficou do jogo válido pela nona rodada do Campeonato Gaúcho foi a de que “El Cacique” parece ter finalmente encontrado a formação ideal para sua equipe. Gabriel é o volante de contenção que protege a zaga e dá o primeiro combate. Liziero é a certeza de qualidade no passe a partir da defesa (na conhecida “saída de três” do treinador uruguaio). Edenílson vem jogando muito mais como um “ponta de lança” do que propriamente um volante. E os meias Taison e Maurício abrem o corredor para as descidas de Bustos e Moisés pelos lados do campo. Se David dá a profundidade necessária ao escrete colorado, os laterais são os responsáveis pela amplitude nas jogadas de ataque e na saída de bola colorada.
Esse processo acabou expondo ainda mais os problemas coletivos do Grêmio. Villasanti e Thiago Santos protegiam a zaga, Campaz jogava mais por dentro e Janderson e Rildo exploravam os lados do campo. O problema é que o escrete gremista era muito pouco agressivo no ataque e (principalmente) na defesa. Não foram poucas as vezes em que Pedro Geromel e Bruno Alves mostraram dificuldades imensas para conter as investidas do Internacional no campo ofensivo. Ao mesmo tempo, Orejuela e Nicolas só apareciam nas bolas paradas ou quando a bola saía pela linha lateral. A formação escolhida por Alexander Medina conseguiu anular os pontos positivos do Grêmio e escancarou todos os problemas coletivos do time de Roger Machado.
Roger Machado já havia mexido no time antes mesmo do gol de David (marcado aos 46 minutos do primeiro tempo). A entrada de Bitello no lugar de Rildo reorganizou o time numa espécie de 4-1-4-1 com o camisa 39 à esquerda, Villasanti pela direita e Thiago Santos na frente da zaga. Mas nem assim o Grêmio conseguiu competir contra um Internacional muito mais organizado e muito mais ligado em todos os lances. Mesmo com a equipe colorada diminuindo o ritmo e controlando a velocidade das jogadas de ataque na segunda etapa. Alexander Medina deu fôlego novo à sua equipe com as entradas de Johnny, D’Alessandro e Boschilia e viu o Tricolor Gaúcho levar certo perigo apenas nas jogadas de bola parada e cruzamentos para a área. Muito pouco para quem precisava desesperadamente de uma vitória convincente em cima do grande rival para acalmar os ânimos na torcida e nos bastidores do clube.
https://twitter.com/Footstats/status/1501740566052319235
Os números do EXCELENTE Footstats comprovam a clara superioridade do Internacional na partida. Enquanto o time de Alexander “El Cacique” Medina emplacava a sua melhor atuação coletiva em toda a temporada de 2022, o Grêmio tinha atuação simplesmente constrangedora e deixava sua torcida bastante preocupada com relação ao futuro. Por mais que o Tricolor Gaúcho conte com jogadores experientes, a sensação que fica é a mesma levantada por Roger Machado na entrevista coletiva concedida após a partida no Beira-Rio. Mais do que nunca, é preciso recuperar a autoestima do elenco tricolor antes que seja tarde demais. O problema em questão nem foi a derrota em si, mas a maneira como ela aconteceu. Este que escreve repete mais uma vez: não seria surpresa nenhuma se o Internacional tivesse vencido o Gre-Nal 435 por dois, três ou até mais gols de diferença. Sem exagero de nenhuma parte.
É verdade que as coisas podem mudar daqui a algum tempo. O futebol é dinâmico e está em constante mutação. Mas o jogo desta quarta-feira (9) deixou a certeza de que o Grêmio precisa se recuperar o quanto antes do baque do rebaixamento para a Série B e entender o contexto no qual está inserido. Do outro lado, o Internacional mostrou força para assimilar o golpe da eliminação na Copa do Brasil e usou o clássico contra o maior rival para recuperar a confiança perdida. Isso diz muito sobre o momento das duas equipes.