Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as atuações das equipes de Alexander Medina e Roger Machado no jogo desta quarta-feira (23)
A atuação desastrosa do Internacional no jogo de ida das semifinais do Campeonato Gaúcho condicionou todas as ações da partida desta quarta-feira (23), na Arena do Grêmio. Isso porque o time comandado por Roger Machado pôde jogar de maneira muito mais confortável diante de um adversário que teria que se lançar ao ataque em busca do “milagre” que acabaria não acontecendo. Mesmo com a eliminação diante do maior rival, a impressão que ficou foi a de que Alexander Medina mostrou que a conexão entre ele e os jogadores colorados ainda é bem forte. Ao mesmo tempo, o Internacional parece ter encontrado um caminho interessante para seguir nesse restante dessa temporada nessa vitória sobre o Grêmio. Tudo por conta da postura mais concentrada e muito mais intensa na partida desta quarta-feira (23).
Alexander Medina apostou num 4-2-3-1 que soltava Fabricio Bustos pela direita e que tinha em Liziero o “lateral-armador” pelo outro lado. Edenílson jogou um pouco mais recuado enquanto Taison e Maurício abriam o campo e David encostava em Wesley Moraes, a grande surpresa de “El Cacique” na partida. O Internacional ganhou profundidade e muito mais intensidade nas trocas de passe no terço final com a formação mandada a campo. Do outro lado, Roger Machado colocou o regulamento debaixo do braço e apostou no mesmo 4-3-3/4-5-1 do jogo no Beira-Rio. A única mudança foi a entrada de Thiago Santos no lugar de Villasanti, convocado para a Seleção do Paraguai. O objetivo do treinador do Grêmio era fechar a entrada da área e aproveitar os contra-ataques com bolas longas para Campaz e Diego Souza.
É verdade também que o Internacional tinha seus desfalques. Além de Paulo Victor (suspenso), Moisés, Boschilia, Palacios e Tiago Barbosa estavam entregues ao Departamento Médico. Difícil não perceber que a aposta de Alexander Medina tinha o objetivo claro de explorar os espaços que o lateral-esquerdo Nicolas (muito mais ofensivo que Rodrigues) deixava às suas costas quando subia para o ataque. Faltava, no entanto, o capricho na finalização das jogadas além da necessidade de superar o goleiro Brenno, talvez o grande nome do Grêmio nesta quarta-feira (23). David obrigou o goleiro tricolor a fazer uma grande defesa logo no começo da partida e Wesley Moraes desperdiçou ótima chance no final da primeira etapa. Enquanto isso, o escrete de Roger Machado levava certo perigo nos contra-ataques.
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Se o Internacional perdeu velocidade por dentro com a saída de David (lesionado), o escrete de Alexander Medina ganhou mais profundidade com Caio Vidal à direita, Maurício pela esquerda e Taison mais centralizado. O 4-2-3-1 não foi modificado apesar dessa mudança na disposição dos jogadores em campo. Mas é preciso também destacar a atuação coletiva de um Grêmio organizado e que conseguiu suportar toda essa pressão do seu maior rival. Isso porque o 4-3-3 de Roger Machado tinha em Bitello o volante que pisava na área e acabava com a superioridade numérica do Colorado no sistema defensivo. Não é difícil concluir que o Tricolor Gaúcho poderia ter conquistado um resultado ainda melhor se fosse mais caprichoso na hora de concluir as jogadas. Campaz é um que desperdiçou boas chances na frente da área.
O golaço marcado por Taison (aos 18 minutos do segundo tempo) deu uma senhora injeção de ânimo nos jogadores, mas as dificuldades que o Internacional tinha para entrar na área do Grêmio eram bem grandes. Muito por conta da disposição dos jogadores gremistas na defesa. Roger Machado apostou numa linha com quatro jogadores e com os pontas Campaz e Elias (depois Ferreirinha) se alinhando à trinca de volantes para tirar o espaço de circulação de Taison e Edenílson por dentro. Gabriel Silva e Matheus Sarará ainda foram para o jogo, mas a formação inicial não foi alterada. O Grêmio foi administrando o resultado que o colocava na final do Campeonato Gaúcho sem sofrer muitos riscos. E quando o Internacional conseguia superar a retranca de Roger Machado, o goleiro Brenno estava lá para salvar a noite.
Apesar da eliminação (justa) no Campeonato Gaúcho, a impressão que ficou do jogo desta quarta-feira (23) foi a de que Alexander Medina parece ter encontrado meios de fazer o Internacional protagonista com as peças que tem. E a grande verdade (que alguns ainda insistem em não ver por ignorância ou por conveniência) é que a avaliação do trabalho de “El Cacique” precisa levar em consideração o tempo curto de trabalho (pouco mais de dois meses) e o fato da diretoria colorada não ter entregado os reforços tão pedidos pelo treinador uruguaio. O time vem mostrando sim uma evolução dentro de campo e parece menos exposto quando parte com a bola para o ataque. Isso é um forte sinal de que os conceitos estão sendo assimilados pelos jogadores e de que as coisas podem melhorar num futuro próximo.
A vitória sobre um Grêmio que ficou muito mais competitivo com Roger Machado (ainda que não tenha sido suficiente para garantir o Internacional na decisão do Campeonato Gaúcho) indicou um caminho interessante para Alexander Medina. Falta a diretoria fazer sua parte. A hipótese de ruptura, pelo menos por enquanto, parece afastada e o treinador ganhou mais um voto de confiança. Resta saber como o Colorado vai se comportar no Brasileirão e na Copa Sul-Americana.