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Vitória sobre o Vasco não esconde a apatia e os problemas coletivos do Flamengo; entenda

Por Luiz Ferreira em 06/03/2022 23:45 - Atualizado há 11 meses

Gilvan de Souza / Flamengo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Paulo Sousa e Zé Ricardo no jogo disputado neste domingo (6) pelo Cariocão 2022

Um time pálido. Jornalista, companheiro de Rádio Nacional e TV Brasil e amigo de longa data, Rafael Monteiro resumiu como poucos a atuação do time do Flamengo na vitória sobre um aguerrido e organizado Vasco neste domingo (6), no Estádio Nilton Santos. O escrete comandado por Paulo Sousa conseguiu os três pontos conforme o esperado pela sua torcida, mas se impôs muito mais na base da qualidade individual do que na base do jogo coletivo. O grande X da questão aqui é entender e descobrir se essa “palidez” do time rubro-negro tem raízes na clara soberba dos jogadores ou em alguma dificuldade do treinador português em passar seus conceitos. O Flamengo segue um padrão muito claro em 2022. A equipe controla o jogo, mas não aproveita as chances de que cria na partida e vê seu adversário crescer nos minutos seguintes. E isso é extremamente preocupante.

O gol de Filipe Luís (marcado aos 10 minutos do primeiro tempo) deu a impressão de que o escrete rubro-negro não teria muitos problemas para superar seu grande rival. Mas o que se veria na sequência da partida foi um Vasco muito organizado na sua defesa. Gabriel Pec e Riquelme recuavam até a linha dos zagueiros e transformavam o 4-2-3-1 preferido do treinador vascaíno numa espécie de 6-3-1 com Nenê se posicionando como o jogador mais avançado do time. Mesmo jogando no costumeiro 3-4-2-1 de Paulo Sousa, o Flamengo se movimentava muito pouco no terço final e circulava a bola pela intermediária sem a velocidade necessária para furar o ferrolho imposto por Zé Ricardo. O controle das ações estava nos pés de Gabigol, Bruno Henrique e companhia. Mas faltava aquela dose de intensidade tão pedida por Paulo Sousa nas suas coletivas.

O Flamengo encontrava problemas sérios para furar a retranca imposta por Zé Ricardo no Vasco. Gabriel Pec e Riquelme recuavam até a linha dos zagueiros e formavam uma linha de até seis jogadores na frente da área de Thiago Rodrigues. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

É preciso notar bem que o Flamengo só se impôs até a parada técnica. Depois disso, o Vasco começou a explorar os pontos fracos do time comandado por Paulo Sousa (como o espaço às costas de Matheuzinho e as dificuldades de Andreas Pereira e Willian Arão na saída de bola). Na prática, o escrete rubro-negro só conseguia ser efetivo quando Filipe Luís deixava o trio de zagueiros e se lançava ao ataque como meia-armador e quando Arrascaeta conseguia se desgarrar na forte marcação adversária. E o cenário continuava o mesmo. O Fla tinha mais posse de bola, circulava e trocava passes no meio-campo de maneira lenta (e até soberba) e sem objetividade. Gabigol e Bruno Henrique pouco somaram ao time em termos ofensivos e Everton Ribeiro perdeu todas as disputas com Léo Matos pelo lado esquerdo de ataque. O time seguia pálido. Sem vida e sem intensidade.

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A grande sacada de Zé Ricardo foi a compreensão da dinâmica do Flamengo na saída de bola. O 3-4-2-1 de Paulo Sousa exige que os volantes saibam jogar de costas para a defesa e vençam a pressão do adversário de maneira rápida para encontrar o espaço entrelinhas e acionar o trio ofensivo. Willian Arão não possui essa característica (é muito mais útil jogando de frente e vindo de trás com a bola dominada). E Andreas Pereira demonstra ainda sentir demais o erro na final da Libertadores contra o Palmeiras. O nervosismo do camisa 18 em determinados momentos era nítido. Não se trata de talento ou da falta dele, mas de entender o que se passa com o jogador o quanto antes e buscar ajuda psicológica se necessário.

Sabendo disso tudo, Zé Ricardo posicionou seus volantes para bater de frente com Andreas e Arão ainda no meio-campo. Ao mesmo tempo, Arrascaeta era bem vigiado quando recuava para buscar o jogo. Com isso, a bola saía da defesa do Flamengo e voltava para trás constantemente. O resultado disso era um jogo mais arrastado e mais monótono por parte do time de Paulo Sousa. Ao mesmo tempo, a defesa sofria demais com a falta de velocidade nas transições para a defesa quando o Vasco retomava a posse. O golaço de Gabriel Pec nasceu de um contra-ataque iniciado em bola ainda na intermediária ofensiva do Flamengo. E a maneira como todo o time ficou olhado o camisa 11 vascaíno carregar a bola sem ser incomodado resume bem todo esse problema.

Todo o time do Vasco fechava muito bem as saídas de bola do Flamengo. Principalmente Andreas Pereira e Willian Arão. Os dois volantes rubro-negros ainda encontram muita dificuldade para jogar de costas para a marcação adversária. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

É preciso dizer também que Paulo Sousa demorou muito para mexer no time. Há como se colocar boa parte da atuação ruim do Flamengo na conta dos jogadores. Mas é aí que entra o questionamento do primeiro parágrafo. Até onde é soberba e até onde é dificuldade do comandante rubro-negro em passar seus conceitos? Este que escreve tende a apostar na primeira opção, visto que o Fla quase não sofreu mais depois que João Gomes, Vitinho, Pedro e Rodinei foram para o jogo. Com Marinho em campo, o treinador português apostou em imposição ofensiva e nas jogadas de profundidade para abrir o espaço que Arrascaeta aproveitou para acertar um belo chute de fora da área e virar o jogo aos 44 minutos do segundo tempo. A qualidade individual salvava o Flamengo mais uma vez. Mas precisamos reconhecer que essa foi uma das atuações mais fracas do escrete rubro-negro na atual temporada.

As entradas de João Gomes, Vitinho, Pedro e Rodinei melhoraram o desempenho do Flamengo após o gol do Vasco. Todos foram importantes para empurrar a defesa adversária para trás e abrir o espaço para Arrascaeta fazer a diferença mais uma vez. Foto: Reprodução / YouTube / Cariocão TV

Este colunista entende bem que o Campeonato Carioca está sendo utilizado por Paulo Sousa para testes e experiências no elenco principal. O momento de se fazer isso é agora e não num mata-mata de Libertadores ou de Copa do Brasil. A impressão que fica é a de que o treinador português está tirando os jogadores do Flamengo da zona de conforto e colocando todos eles em funções diferentes das que estavam acostumados. Até aí, nenhum problema. Mas também está claro que alguns atletas estão bem abaixo do que podem render. O problema na “volância” é o que mais chama a atenção. E nesse ponto, o campo não fala. Ele grita pela entrada de João Gomes como titular. Assim como Vitinho e Pedro podem ser mais utilizados nesse esquema para dar a profundidade que Paulo Sousa tanto busca na sua equipe. Ou até mesmo o garoto Lázaro.

Cert é que bastou o Vasco organizar uma boa retranca para escancarar todos esses problemas. Se o Flamengo esteve muito abaixo do que pode jogar, o time de Zé Ricardo parece ter encontrado a melhor formação para encarar adversários (em tese) mais fortes. Por mais que estejamos falando de um jogo válido pela décima rodada de um campeonato estadual, o campo está apontando para a palidez de um time que pode fazer muito mais do que trocar passes para o lado.

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