Home Futebol PSG encaixa a melhor atuação coletiva da temporada e vence o Real Madrid com autoridade

PSG encaixa a melhor atuação coletiva da temporada e vence o Real Madrid com autoridade

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Mauricio Pochettino e Carlo Ancelotti no duelo das oitavas da Liga dos Campeões da UEFA

Poucos técnicos vinham recebendo tantas críticas como Mauricio Pochettino. A necessidade de se mostrar resultado e desempenho no comando de um Paris Saint-Germain estrelado e bilionário era um dos principais obstáculos do argentino nesses últimos meses. Só que o futebol é absurdamente dinâmico. Se Pochettino estava com a cabeça a prêmio antes do jogo contra o Real Madrid começar, ele deve estar comemorando a boa atuação e a vitória justíssima do seu PSG. Não é exagero nenhum afirmar que essa foi a melhor atuação coletiva do escrete parisiense em meses. E essa ótima apresentação acabou potencializando os talentos de Messi (que esteve bem apesar da penalidade perdida), Di María, Hakimi, Verratti, Neymar e (principalmente) Mbappé. O camisa 7 foi um dos melhores em campo e ainda marcou um dos mais belos gols dessa edição da Liga dos Campeões da UEFA.

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É fácil compreender a pressão em cima de Mauricio Pochettino. Poucas equipes do mundo podem se dar ao luxo de ter um elenco tão estrelado como o PSG. A grande missão do argentino, no entanto, é muito mais ingrata e complicada do que parece. Tudo por conta das características dos jogadores que tem à disposição. Parece simples encaixar Neymar, Messi, Mbappé, Verrati e vários outros num time e deixar que “o talento resolva” como alguns colegas ainda insistem em dizer. O problema todo está no equilíbrio do time com e sem a bola, na maneira como o time se defende e na escolha da postura certa para “compensar” a falta de combatividade do ataque do PSG. Parece fácil. Mas não é.

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É por isso que a atuação dos comandados de Mauricio Pochettino merece ser celebrada. O argentino pode ter encontrado a formação certa para acomodar tanto talento em campo sem que sua equipe perca consistência. E isso tudo diante de um Real Madrid que prometia criar muitas dificuldades nesta terça-feira (15). É possível destacar as atuações de nomes como Di María (importantíssimo no balanço defensivo), Paredes (preciso nos desarmes e na cobertura), Hakimi (muito forte na cobertura e atento às subidas de Vinícius Júnior) e Danilo Pereira (o volante que virou terceiro zagueiro no 3-4-3 de Mauricio Pochettino). O PSG teve uma atuação à altura da expectativa que se coloca em cima dele.

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A ideia de Mauricio Pochettino era simples. O Paris Saint-Germain marcava em bloco alto com Di María e Mbappé fechando as subidas de Carvajal e Mendy, muita atenção em Modric (quase uma marcação individual em cima do croata) e muita pressão no portador da bola. Messi ficava mais solto e tinha liberdade para circular como “falso nove” e abrir espaços na defesa merengue. Faltava o capricho na finalização a gol e o aprimoramento no último passe, visto que a primeira etapa não foi marcada por grandes chances. Do outro lado, o Real Madrid parecia retraído demais para quem prometia o mesmo futebol agressivo apresentado em La Liga. Na prática, o que se viu do time de Carlo Ancelotti nada mais foram do que as bolas longas para um Vinícius Júnior completamente encaixotado na marcação de Paredes, Danilo Pereira e Marquinhos. O Real Madrid pouco ameaçava.

Real Madrid vs Paris Saint-Germain - Football tactics and formations

O PSG marcou e atacou de maneira organizada e intensa e conseguiu anular as saídas de bola do Real Madrid. Messi era o “falso nove” e Mbappé acelerava pela esquerda.

Grande parte da boa atuação do PSG vinha da formação escolhida por Mauricio Pochettino. Com a bola, o escrete parisiense se organizava numa espécie de 3-4-2-1 com Danilo Pereira recuando pela direita e se alinhando a Marquinhos e Kimpembe, Hakimi e Nuno Mendes liberados para o apoio, Paredes mais fixo na proteção da defesa, Verratti saindo um pouco mais e se juntando a Di María e Messi na armação das jogadas. Tudo para liberar Mbappé para sair da esquerda para dentro e buscar o espaço entre Carvajal e Éder Militão na defesa do Real Madrid. Com Modric e Kroos bem marcados, o time de Carlo Ancelotti pouco criou na partida e se viu refém das bolas longas para o ataque.

Isso porque o escrete merengue parecia preso no seu campo. A mesma mobilidade que eu e você vimos em outros tempos com o meio-campo se livrando da pressão com facilidade e acionando o trio ofensivo foi facilmente anulada pela ótima marcação do Paris Saint-Germain. E tudo partia da variação do 3-4-2-1 para um 4-4-2 em bloco alto de Mauricio Pochettino. Pressão em cima das “cabeças pensantes” do Real Madrid e concentração absoluta para anular as descidas de Vinícius Júnior pela esquerda e os passes de Benzema por dentro. Nesse contexto, Di María exercia papel fundamental ao recuar e abrir o corredor para as descidas de Hakimi e dar liberdade para Mbappé partir em direção ao gol.

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Danilo Pereira fechava pela direita como terceiro zagueiro, Messi circulava pela intermediária, Mbappé se lançava ao ataque a partir do lado esquerdo e Hakimi aproveitava o corredor aberto por Di María. O PSG esteve muito bem distribuído em campo. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports Brasil

Mauricio Pochettino lançou mão de Neymar (que voltava a disputar um jogo depois de quase três meses lesionado) logo depois que Messi parou em Courtois em penalidade sofrida por Mbappé. A configuração do PSG mudou mais ainda quando o técnico argentino mandou o senegalês Gueye para o jogo no lugar de Danilo Pereira. Ao invés do 3-4-2-1, um 4-3-3 que amassava um Real Madrid quase sem saída de bola e dependente dos passes longos para Rodrygo e Hazard, mas que começava a se dar por satisfeito com o empate fora de casa. O castigo veio aos 48 do segundo tempo, quando Neymar passou para Mbappé e o camisa 7 fez jogada de gênio ao se livrar de Caarvajal e Éder Militão com apenas um toque e tocou na saída de Courtois. O gol no apagas das luzes premiava a atuação de um Paris Saint-Germain que jogou como não jogava há muito tempo. Méritos de Mauricio Pochettino.

Paris Saint-Germain vs Real Madrid - Football tactics and formations

Neymar entrou bem na partida e ajudou a dar ainda mais movimentação ao 4-3-3 de Pochettino. O gol de Mbappé premiou a ótima atuação coletiva do Paris Saint-Germain.

O resultado desta terça-feira (15) dá moral para o PSG e comprova que a equipe tem sim consistência e merece respeito por parte dos adversários. Ainda mais quando Mbappé faz a diferença como fez no final da partida no Parque dos Príncipes. Ao mesmo tempo, Mauricio Pochettino ganha fôlego e um pouco de tranquilidade para trabalhar depois de tantas especulações sobre seu futuro no escrete parisiense. Ao mesmo tempo, a formação utilizada contra o Real Madrid encaixou bem os talentos que tinha à disposição e deve ganhar ainda mais força quando Neymar recuperar a forma física. Do outro lado, Carlo Ancelotti terá trabalho para montar sua equipe já sabendo que não poderá contar com Casemiro (um dos pilares do sistema defensivo merengue) e Mendy, ambos suspensos pelo acúmulo de cartões amarelos. Ao mesmo tempo, há a necessidade de se criar algo além das bolas longas para Vinicius Júnior.

Seja como for, o confronto das oitavas de final da Liga dos Campeões ainda está em aberto. Mas certo é que Mauricio Pochettino saiu fortalecido e ganhou pontos com o elenco e com a diretoria do PSG. A grande missão do argentino é manter essa regularidade e essa consistência no time sabendo que deverá encontrar espaço para todas as suas estrelas dentro de uma equipe minimamente equilibrada. E como vimos, essa não é uma tarefa das mais simples de serem cumpridas.

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