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Palmeiras cai de pé diante do Chelsea com atuação tática quase perfeita; faltou quem colocasse a bola na casinha

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Abel Ferreira e Thomas Tuchel na emocionante decisão do Mundial de Clubes da FIFA

Este que escreve não quer entrar na discussão infrutífera e sem sentido do “jogou de igual para igual” e na comparação entre este ou aquele time que conseguiu jogar uma decisão de Mundial de Clubes da FIFA. Certo é que cada uma dessas equipes merece nosso respeito e reverência por terem chegado tão longe. Assim como o Palmeiras. O jogo deste sábado (12) nos mostrou uma equipe comprometida até a alma com os conceitos e as ideias de Abel Ferreira. Tão comprometida que é possível afirmar que alguns conseguiram jogar além do limite das suas forças. A derrota para o Chelsea de Thomas Tuchel aconteceu apenas na prorrogação, quando todo o escrete alviverde já sentia demais o cansaço. Dentro do nosso universo (o tático), o Palmeiras teve uma atuação quase perfeita. Falou apenas quem colocasse a bola na casinha. Não faltou oportunidade pra isso.

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Estava mais do que claro que Abel Ferreira tinha um plano e que ele poderia ter dado certo se não fosse por questões de detalhes. Pequenos, mas absurdamente vitais dentro de um jogo de futebol. Isso porque o Palmeiras criou sim boas chances de balançar as redes de Edouard Mendy. Principalmente no primeiro tempo, com as escapadas de Dudu pelo lado esquerdo (às costas de Christensen) e com Raphael Veiga batendo de frente com Rüdiger. No entanto, por mais que o time brasileiro conseguisse aparecer no campo ofensivo e incomodar o escrete comandado por Thomas Tuchel, a ausência de um “camisa nove” na própria acepção do termo era bem nítida. Mesmo com Rony em boa fase.

Não, o Chelsea não venceu “apenas” por causa da falta disso. A questão aqui está em entender esse contexto que Abel Ferreira encontrou na sua frente assim que pisou em Abu Dhabi para a disputa do Mundial de Clubes. E entender todo esse cenário, todas as suas possibilidades e o que fazer em cada situação é algo muito difícil de se fazer. Não se trata apenas de apontar caminhos ou de escalar este ou aquele jogador. Um jogo de futebol é caótico por si só! Não é possível controlar todas as ações em campo e um único deslize pode ser fatal. E a sensação que fica é a de que essa história poderia ter acabado com um final diferente se o tal “nove” estivesse em campo.

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O plano de Abel Ferreira estava bem claro. O treinador português utilizou o mesmo time que venceu o Al Ahly e apostou em linhas mais baixas, muita marcação na frente da área para tirar o espaço de circulação de Lukaku, Havertz e Mason Mount e alta velocidade nas transições para aproveitar o espaço às costas do trio de zagueiros do Chelsea. Concentração máxima para fechar a defesa, “ler” a movimentação do seu forte adversário e buscar a melhor opção nos contra-ataques. Com o tempo, Rony foi recuando pela direita de olho nas descidas de Hudson-Odoi e Havertz em cima de Marcos Rocha e se transformar num ala adicional junto com Gustavo Scarpa (que fechava o lado esquerdo junto com Piquerez. Além disso Rapahel Veiga e Dudu recuavam e quase se alinhavam a Danilo e Zé Rafael no meio-campo. Em números, quase um 6-2-2. Pragmatismo em sua essência.

Chelsea vs Palmeiras - Football tactics and formations

Com Rony e Gustavo Scarpa fechando os lados do campo, o Palmeiras se armou numa espécie de 6-2-2 bastante compactado para encarar o 3-4-2-1 de Thomas Tuchel no Chelsea.

A bola ficava com o Chelsea, mas o escrete londrino pouco ameaçou primeiro tempo por conta do “ônibus estacionado” na frente da área de Weverton. Por mais que Azpilicueta e Hudson-Odoi abrissem o campo e Havertz e Mason Mount (depois Pulisic) pressionassem bastante, a defesa alviverde estava encaixada e funcionava como um relógio. Mas o time de Abel Ferreira não se limitava apenas à marcação. Zé Rafael, Dudu e companhia conseguiam boas escapadas às costas da zaga dos Blues, mas faltava capricho e tranquilidade na hora de concluir a gol. O bloco mais baixo, no entanto, dava certa liberdade para Thiago Silva (principalmente ele) conduzir a bola até quase a intermediária sem ser incomodado por Raphael Veiga ou Dudu. Esse era o único “porém” da formação escolhida por Abel Ferreira. Futebol também é um jogo de “cobertor curto”.

O Palmeiras fechava bem a entrada da sua área, mas permitia que Christensen, Rüdiger e Thiago Silva carregassem a bola até a intermediária. Faltou um pouco mais de participação de Raphael Veiga e Dudu nesse sentido. Foto: Reprodução / YouTube / Jogo Aberto

O gol de Lukaku (marcado logo aos sete minutos da segunda etapa) não abalou o jogadores do Palmeiras. Muito pelo contrário. O time de Abel Ferreira se soltou um pouco mais e começou a ocupar mais a área do Chelsea com Rony, Raphael Veiga e Dudu ganhando a companhia de Marcos Rocha e Gustavo Scarpa pelos lados e Zé Rafael por dentro. O lance que originou a penalidade cometida de maneira absurda e inexplicável por Thiago Silva nasceu da boa ocupação de espaços e da movimentação na bola levantada na área que mexeu com a marcação dos Blues. Estava mais do que claro que Abel Ferreira tinha um plano e estava colocando tudo em prática. A cobrança de Raphael Veiga lembrou a frieza dos grandes craques do Palmeiras de um passado nem tão distante assim. Mas o principal é que o gol mostrava para todos nós que ainda havia muito jogo pela frente.

Marcos Rocha se prepara para cobrar o lateral dentro da área no lance que originou a penalidade convertida por Raphael Veiga. A movimentação do Palmeiras permitiu que Gustavo Gómez disputasse pelo alto com Thiago Silva. Foto: Reprodução / YouTube / Jogo Aberto

Por mais que o Palmeiras tentasse competir dentro de seu contexto e suas possibilidades, a grande verdade é que os jogadores foram sentido a alta intensidade da partida no Estádio Mohammed Bin Zayed. Raphael Veiga, Dudu e Rony (todos esgotados) foram substituídos por Atuesta, Rafael Navarro e Wesley respectivamente. O problema é que o time foi perdendo velocidade e permitiu que o Chelsea fosse dominando completamente o jogo. E fica aqui o registro de como o futebol pode ser cruel. O zagueiro Luan fazia talvez a melhor atuação da sua vida e segurava um ataque que tinha Lukaku, Havertz, Pulisic, Ziyech, Timo Werner e outros grandes nomes do futebol internacional. A penalidade foi um lance completamente casual mas, de acordo com as regras, deveria ser marcada. Uma pena para um jogador que vinha crescendo muito com Abel Ferreira.

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A atuação do Palmeiras na final do Mundial de Clubes da FIFA e todo o trabalho de Abel Ferreira devem ser exaltados e aplaudidos. Não se trata de exaltar o pragmatismo ou um futebol mais reativo, mas perceber que há méritos em entender suas limitações e jogar de acordo. Mesmo assim, este que escreve sentiu muito a falta de um jogador que “colocasse a bola na casinha”, um centroavante de qualidade que pudesse fazer a diferença lá na frente. Assim como também faltou um reserva à altura de Raphael Veiga. Ainda mais quando a exigência física da partida deste sábado (12) ultrapassou todos os limites. É verdade que o Palmeiras estava todo montado e condicionado para sair em alta velocidade para o ataque. No entanto, ficou bem claro para este que escreve que a contratação de um “nove” é fundamental para a equipe se manter no topo do continente.

O que eu e você vimos no Estádio Mohammed Bin Zayed foi uma apresentação quase perfeita no âmbito tático. O Chelsea sofreu e poderia ter sofrido ainda mais se o Palmeiras tivesse um pouco mais de tranquilidade no último passe. É por isso que o feito de Abel Ferreira e companhia deve ser celebrado. Sem a falácia do “jogou de igual para igual” de alguns colegas. O dia 12 de fevereiro de 2022 nos mostrou uma equipe que se agigantou como nunca e não conquistou o mundo por questões de detalhes. Pequenos, mas letais.

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