Sadio Mané dá o tom, Senegal joga com inteligência e se garante na grande final da Copa Africana de Nações
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos “Leões da Teranga” sobre a aplicada equipe de Burkina Faso nesta quarta-feira (2)
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a vitória dos “Leões da Teranga” sobre a aplicada equipe de Burkina Faso nesta quarta-feira (2)
Não é difícil afirmar que os torcedores presentes no estádio Ahmadou Ahidjo (em Yaoundé, capital de Camarões) presenciaram um dos melhores jogos desta Copa Africana de Nações e talvez uma das melhores exibições da equipe de Senagal, uma das favoritas ao título. Isso porque Sadio Mané mostrou a sua qualidade mais uma vez com passes precisos, ótimas arrancadas e muita movimentação no terço final. A vitória por 3 a 1 sobre a boa equipe de Burkina Faso não apenas comprova a grande fase do atacante do Liverpool como o coloca entre os grandes do continente e um dos sérios candidatos ao prêmio de melhor jogador da competição. Ao mesmo tempo, Senegal jogou com inteligência, aplicou bem os conceitos trabalhados por Aliou Cissé e manteve a concentração mesmo nos momentos mais complicados. Principalmente quando os “Garanhões” ameaçaram a meta do ótimo Edouard Mendy.
#TeamSenegal TO THE FINAL! 🔝
2️⃣ successive #TotalEnergiesAFCON finals. Domination.#TotalEnergiesAFCON2021 | #AFCON2021 pic.twitter.com/VCfZVZpIIp
— CAF (@CAF_Online) February 2, 2022
Mas é bom que se diga que o primeiro tempo foi marcado pelo equilíbrio. Senegal e Burkina Faso entraram em campo organizados num 4-3-3 pelos seus treinadores, mas cada uma com suas particularidades. Os “Leões da Teranga” tinham em Sadio Mané a sua referência técnica, mas não dependiam completamente do futebol do seu principal jogador. Isso porque todo o time se movimentava e buscava dar opções de passe. Idrissa Gueye (em tese o volante/meia pela esquerda) avançava bastante e deixava a formação de Senegal muito próxima de um 4-2-3-1. Ao mesmo tempo, Famara Diédhiou e Bamba Dieng não guardavam posição e também circulavam por todo o terço final para abrir espaços na defesa adversária.
Já Burkina Faso mantinha uma postura um pouco mais cautelosa (com suas linhas um pouco mais baixas do que as do seu adversário) na partida embora não deixasse de atacar. O camisa 10 Traoré circulava por todo o campo e tentava explorar o espaço entrelinhas para que Cyrille Bayala e Hassane Bandé pudessem entrar em diagonal na direção do gol de Edouard Mendy. No entanto, o time de Kamou Malo mostrava certa dificuldade para conter o volume de jogo do seu adverário quando este empilhava jogadores no campo dos “Garanhões”. As subidas constantes de Bouna Sarr e Saliou Cass fechava a saída de Burkina Faso pelos lados do campo e impedia que o time conseguisse levar mais perigo ao gol de Senegal.
De acordo com os números do SofaScore, Burkina Faso teve sete finalizações a gol no primeiro tempo (com duas no alvo) contra oito de Senegal (três no alvo). Prova de que o jogo estava bem aberto. Mas quem ditava o ritmo das jogadas dentro de campo era Sadio Mané. Saindo da esquerda para o meio e buscando os espaços vazios na defesa adversária, o camisa 10 dos “Leões da Teranga” era quem mais dava dor de cabeça ao lateral Issa Kabore e ao zagueiro Issoufou Dayo. Mas Senegal não se resumia a ele. Ainda tínhamos em Idrissa Gueye e Cheikhou Kouyaté dois volantes de ótima chegada e que pisavam na área a todo momento. O VAR ainda anulou duas penalidades concedidas ao escrete comandado por Aliou Cissé no primeiro tempo. Apesar do volume de jogo colocado pelas duas seleções, o placar não foi alterado no primeiro tempo. Mesmo assim, o desempenho em campo era de altíssimo nível.
O segundo tempo nos trouxe um Senegal ainda mais ligado e concentrado na partida. O time de Aliou Cissé seguia pressionando Burkina Faso sem muito sucesso até que (aos 25 minutos) Koulibaly tentou uma bicicleta que parou nos pés de Diallo. O camisa 22 teve calma e frieza para acertar o canto direito de Sofiane Ouédraogo (substituto de Hervé Koffi) e correr para o abraço. Mas o grande diferencial dos “Leões da Teranga” começou a aparecer depois que seu adversário começou a se lançar mais para o ataque. A pressão pós-perda da equipe e a marcação na saída de bola foi fundamental na construção do gol marcado por Idrissa Gueye aos 31 minutos do segundo tempo. E foi o próprio camisa 5 quem acreditou no lance, roubou a bola de Blati Touré e serviu Sadio Mané no lado esquerdo. E tudo começa com o posicionamento dos senegaleses no terço final. Os “Garanhões” simplesmente não tinham tirar a bola da defesa.
Burkina Faso ainda diminuiu com o mesmo Blati Touré aos 40 minutos numa bela jogada de Issa Kabore pela direita. Mas Senegal tinha Sadio Mané. E foi dele o terceiro gol dos “Leões da Teranga” após verdadeira trapalhada dos “Garanhões” na intermediária ofensiva. Acabou que foi o camisa 10 senegalês quem fez a diferença dentro de campo. É bom que se diga que Mané não concentrou as jogadas de ataque e nem agiu de forma “egoísta” quando tinha a bola. Sempre tentava colocar os companheiros de equipe em boa situação para continuar caminhando na direção do gol adversário ou finalizar de média distância. Ao mesmo tempo, o escrete de Aliou Cissé conseguiu manter a concentração e atacou e se defendeu de forma bastante organizada. Difícil não colocar a partida desta quarta-feira (2) como a melhor exibição coletiva dos “Leões da Teranga” nessa Copa Africana de Nações. Sem exageros.
Senegal chega na sua terceira final continental e jogando melhor do que no início da competição. A impressão que fica é a de que o time foi ganhando consistência aos poucos e se acertando com o decorrer do tempo. Não é o caso de se pedir atuações de gala e futebol vistoso, mas de entender que jogar com inteligência é meio caminho andado para se campeão de um torneio de “tiro curto”. Ao que parece, Senegal parece ter compreendido muito bem essa tese e vem agindo de acordo.
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