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Ricardo Goulart pode ser a peça que faltava no Santos, mas encaixe no time depende de pequenos ajustes

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o novo camisa 10 do Peixe pode jogar dentro do sistema implementado por Fábio Carille

Por Luiz Ferreira em 30/01/2022 09:03 - Atualizado há 10 meses

Ivan Storti / Santos FC

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como o novo camisa 10 do Peixe pode jogar dentro do sistema implementado por Fábio Carille

Por mais que o senso comum afirme o contrário, encaixar um jogador (por mais talentoso que ele seja) numa equipe de futebol pode não ser uma tarefa tão simples assim. Há uma série de variantes dentro do jogo que impedem que as coisas se transformem em “receita de bolo” ou numa matemática mais fácil de ser resolvida. A entrada de Ricardo Goulart (a principal contratação do Santos para essa temporada) no time de Fábio Carille é um bom exemplo disso. É verdade que estamos falando de um jogador de muita qualidade e que pode somar demais no elenco do Peixe assumindo o papel de referência técnica para os jovens que estão subindo da base santista. Mas a sua entrada entre os titulares depende de uma série de fatores e de pequenos ajustes que precisam ser realizados no Santos. Ricardo Goulart é sim um baita reforço. Mas sua simples presença em campo não resolver todos os problemas.

Na prática, o futebol é um eterno processo de adaptação entre aqueles que fazem o esporte acontecer. Jogadores, treinadores, comissão técnica, torcedores, todos se adaptam ao contexto e aos pequenos cenários que vão surgindo conforme a temporada vai passando. E com Ricardo Goulart não será diferente. Ele terá que se adaptar ao novo clube, aos conceitos e ao estilo de jogo implementado pelo técnico Fábio Carille, aos novos companheiros de equipe e por aí vai. E também é correto dizer que o entrosamento entre o novo camisa 10 do Santos depende diretamente da sua aceitação no grupo e ao fato do treinador encontrar meios de potencializar suas características dentro de um sistema de jogo.

Como se vê, não é algo simples de ser feito. Não é simplesmente mandar Ricardo Goulart para o jogo e as coisas vão se encaixando como num passe de mágica. O processo de adaptação pode acontecer de maneira mais rápida ou mais lenta e isso vai depender dos fatores colocados no parágrafo acima. O que pode ser dito é que estamos falando de um grande jogador, vitorioso, experiente e que conhece os atalhos do campo. Mas que, como todo e qualquer outro atleta do mundo, vai precisar de tempo. E ele é vital nesse sentido.

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A melhor versão de Ricardo Goulart que eu e você conhecemos surgiu no Cruzeiro bicampeão brasileiro em 2013 e 2014. Naquela época, ele jogava logo atrás da referência ofensiva como um camisa dez de fato e de direito dentro do 4-2-3-1 móvel implementado por Marcelo Oliveira. Willian Bigode acelerava pela esquerda, Everton Ribeiro era o “ponta-armador” no outro lado e Marcelo Moreno dava profundidade às jogadas de ataque. Era quase um “ponta de lança” típico dos anos 1960 e 1970. Era possível vê-lo buscando o jogo entrelinhas nos espaços abertos pelo centroavante e concluindo como se fosse um. Não é por acaso que Ricardo Goulart chegou a brigar pela artilharia no bicampeonato nacional conquistado pelo Cruzeiro em 2013 e 2014. Por vezes, o 4-2-3-1 daquele Cruzeiro lembrava um 4-2-4 de muito volume ofensivo, mobilidade e alta intensidade nas transições para o ataque.

Ricardo Goulart jogava no centro da linha de três meias ofensivos do 4-2-3-1 de Marcelo Oliveira no Cruzeiro bicampeão brasileiro em 2013 e 2014. Embora jogasse com a 28, se comportava como um autêntico camisa dez e um ponta de lança típico dos anos 1960. Foto: Reprodução / TV Globo

O posicionamento de Ricardo Goulart no Cruzeiro de Marcelo Oliveira chegou a confundir alguns colegas de imprensa naquela época. Ele é atacante? Meio-campo? Um atacante de movimentação? Um ponta de lança moderno? As opiniões eram as mais variadas possíveis. E as resposta para todas essas perguntas era mais simples do que pode parecer: as características do então camisa 28 se encaixaram perfeitamente com as de Everton Ribeiro, Willian Bigode, Lucas Silva, Marcelo Moreno, Egídio, Mayke e vários outros jogadores. O então camisa 28 do Cruzeiro era uma das principais peças daquele time que ainda deixa muito torcedor celeste com saudades de tempos mais vitoriosos e muito menos sofridos.

Ao mesmo tempo, é interessante notar que a movimentação ofensiva do Cruzeiro causava essa dúvida. Era possível ver, por exemplo, Ricardo Goulart trocando de posição com Everton Ribeiro e aparecendo por trás do lateral para receber o passe em profundidade ou ainda atacando as áreas adversárias como autêntico centroavante. É por isso que este que escreve o enxerga como uma espécie de “ponta de lança moderno” naquele forte time da Raposa em 2013 e 2014. Não é um típico camisa nove. Mas chega bem perto disso.

Ricardo Goulart poderia aparecer por dentro, atacar o espaço aberto pela movimentação dos atacantes ou ainda buscar o espaço às costas dos laterais adversários para receber passes e cruzamentos. Era o que podemos chamar de “ponta de lança moderno”. Foto: Reprodução / TV Globo

E é aqui que voltamos ao tema desta análise. Sabemos que Fábio Carille vem adotando um 3-4-2-1 no time do Santos com uma referência móvel (Marcos Leonardo), um meia (Lucas Braga) fazendo o papel de ala pela esquerda e dois “pontas” (Marcos Guilherme e Ângelo) entrando em diagonal na direção do gol. Encaixar Ricardo Goulart nesse time não parece tão óbvio assim. Podemos pensar no camisa dez do Peixe como uma espécie de “falso nove”, aquele jogador que abre espaços para a chegada dos companheiros de equipe. Ou como uma espécie de “enganche” num 3-4-1-2 que mudaria bastante as características do time de Fábio Carille (os alas seriam mais exigidos no ataque para que o time não perca amplitude). Ou como um segundo atacante ao lado de Marcos Leonardo ou até mesmo Léo Baptistão. Ou na remota adoção do 4-2-3-1 por parte do treinador do Peixe. Mesmo assim, ainda haveria a necessidade de se fazer ajustes no time.

Fábio Carille vem apostando num 3-4-2-1/5-2-3 no Santos desde o final da temporada passada. O encaixe de Ricardo Goulart na equipe titular depende de algumas adaptações e pequenos ajustes dependendo de onde o camisa dez vá jogar. Foto: Reprodução / YouTube / TNT Sports Brasil

Dependendo da formação e do que Fábio Carille queria de Ricardo Goulart, o time do Santos terá que passar por alguns ajustes. Se o 3-4-2-1 for mantido, por exemplo, os “pontas” vão precisar ser mais agudos e ter mais poder de decisão, já que o camisa 10 do Peixe seria muito mais um atacante movimentação do que uma referência. Se for um “enganche”, os dois volantes terão que participar mais do jogo e os alas terão que ser mais presentes no apoio. Como se vê, o encaixe não é tão simples por questões de característica e da maneira que Ricardo Goulart se sente mais confortável jogando. Pode ser que essa adaptação se dê de maneira bem rápida e que o Santos comece a nos apresentar um bom futebol com a presença do seu mais importante reforço em campo. Mas para que isso aconteça, é preciso ter tempo, paciência e entender que os processos precisam ser respeitados. E ainda há a lacuna deixada por Marinho. Não é fácil.

Fora isso, o Peixe ainda tem que lidar com a falta de ritmo de Ricardo Goulart. O camisa dez não joga há pelo menos seis meses e vai precisar se recondicionar fisicamente para estar no nível que eu e você conhecemos bem. Até lá, o torcedor santista vai precisar de doses extras de compreensão e de sapiência para entender que o velho e rude esporte bretão é um eterno processo de adaptação entre todas as partes. Jogadores, treinadores e até mesmo quem vai pro estádio. Todos fazem parte disso.

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