Home Futebol Vitória da Tunísia sobre a Nigéria é a prova de que um dia ruim pode ser a ruína completa

Vitória da Tunísia sobre a Nigéria é a prova de que um dia ruim pode ser a ruína completa

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do “Clássico das Águias” em jogo válido pelas oitavas de final da Copa Africana de Nações

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do “Clássico das Águias” em jogo válido pelas oitavas de final da Copa Africana de Nações

Assim como a Copa do Mundo, a Copa Africana de Nações é um torneio de “tiro curto”, isto é, uma competição de poucas partidas, mas que exige concentração máxima. Qualquer erro, atuação ou dia ruim pode significar a ruína das equipes que fizeram boas campanhas na fase de grupos ou que vinham de bons resultados. Foi mais ou menos isso que aconteceu com a Nigéria neste domingo (23) em Garua, cidade localizada ao norte de Camarões. Depois de ter passado para as oitavas de final da CAN com 100% de aproveitamento, as “Super Águias” jogaram muito abaixo do que já jogaram na competição e foram derrotadas pela aplicada equipe da Tunísia por 1 a 0, com um gol solitário de Youssef Msakni no início do segundo tempo. Pode-se falar em surpresa ou até mesmo em “zebra” na Copa Africana de Nações. Por outro lado, não chega a surpreender diante do que foi apresentado em campo.

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Isso porque, apesar de ter passado para as oitavas de final da CAN entre as melhores terceiras colocadas (com uma vitória e duas derrotas), as “Águias de Cartago” souberam segurar o ímpeto do seu forte adversário no jogo deste domingo (23). A começar pela formação escolhida pelo técnico Mondher Kebaier: um 4-3-3 que fechava nem a entrada da área do goleiro Bechir Ben Said e que tirava o espaço de circulação de Iheanacho, Moses Simon e Chukwueze logo atrás de Awoniyi. Essa disposição tática trazia Ben Slimane saindo um pouco mais pela direita (e se juntando a Hamza Rafia nas jogadas ofensivas) e Laidouni um pouco mais próximo de Skhiri na proteção da última linha de defesa tunisiana.

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O primeiro tempo em Garua foi marcado por um início mais movimentado e com a Nigéria tomando mais a iniciativa do jogo. No entanto, a Tunísia sempre se posicionou muito bem na defesa. Sempre que as “Águias de Cartago” retomavam a posse, a ordem era buscar as bolas longas para o trio ofensivo Jaziri, Msakni e Rafia. Estes, por sua vez, tentavam explorar o espaço às costas dos volantes Ndidi e Aribo para dar sequência aos contra-ataques. Não foi por acaso que a Nigéria do técnico Augustine Eguavoen só finalizou quatro vezes a gol no primeiro tempo.

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Tunisia vs Nigeria - Football tactics and formations

A Nigéria começou o jogo tentando se impor jogando no 4-2-3-1 de Augustine Eguavoen. Já a Tunísia fechava bem a entrada da área com o 4-3-3 proposto por Mondher Kebaier.

Conforme o tempo ia passando, a impressão de que a Nigéria (que havia marcado seis gols nas três partidas da fase de grupos) ia perdendo o controle dos nervos ia ficando mais forte. Do outro lado, a Tunísia ia controlando bem os espaços e conseguindo algumas boas chegadas no campo adversário. Logo aos dois minutos da segunda etapa, Youssef Msakni recebeu passe pela direita, se livrou de Ndidi e teve espaço e tempo suficiente para carregar a bola até a entrada da área e acertar um chute que o goleiro Maduka Okoye não conseguiu segurar. É interessante notar aqui toda a movimentação do ataque tunisiano no momento em que o camisa 7 recebe a bola na intermediária. Rafia e Jaziri arrastam a marcação de Troost-Ekong e Omeruo e os “interiores” Ben Slimane e Laïdouni atacam o espaço. Tudo para desmontar a zaga das “Super Águias” e permitir que Msakni tivesse como finalizar a gol.

Youssef Msakni recebe a bola, Rafia e Jaziri arrastam a marcação e Ben slimane e Laïdouni atacam o espaço às costas dos volantes Aribo e Ndidi. O camisa 7 teve tempo de se livrar da marcação e acertar a finalização que o goleiro Okoye não segurou. Foto: Reprodução / YouTube / CAF TV

A Nigéria, que já se mostrava um certo nervosismo no final do primeiro tempo, sentiu demais o gol e demorou demais para se reorganizar em campo. A Tunísia, por sua vez, manteve seu estilo de jogo e fechou ainda mais a entrada da área do bom goleiro Bechir Ben Said. Enquanto a trinca de meio-campistas tirava o espaço entre eles e a última linha de defesa das “Águias de Cartago”, os pontas Msakni e Rafia perseguiam os laterais Ola Aina e Sanusi até onde fosse necessário. Com muita compactação e boa leitura do jogo por parte de Mondher Kebaier, o escrete tunisiano conseguiu se segurar na defesa até o apito final. E não foram poucas as vezes em que Ndidi, Aribo, Iheanacho e companhia tomaram decisões ruins quando conseguiam vencer a pressão inicial do seu adversário. Mais uma prova de que um dia ruim pode colocar tudo a perder. Ainda mais numa Copa Africana de Nações.

A Tunísia se fechou na defesa depois do gol de Msakni e explorou bem os contra-ataques quando recuperava a posse. Os pontas perseguiam os laterais e a trinca de volantes compactava bem o setor. Do outro lado, a Nigéria abusava das decisões ruins. Foto: Reprodução / YouTube / CAF TV

A expulsão de Alex Iwobi aos 21 minutos do segundo tempo dificultou ainda mais a vida da Nigéria num jogo que poderia ter sido resolvido se as “Super Águias” tivessem um pouco mais de calma e concentração. Elementos esses que não faltaram na Tunísia. É verdade que o escrete comandado por Augustine Eguavoen quase empatou o jogo nos minutos finais quando Umar Sadiq recebeu belo passe de Peter Olayinka às costas da defesa tunisiana. Mas a falta de pontaria dos nigerianos acabou falando mais alto. De acordo com os números do SofaScore, a equipe finalizou treze vezes em toda a partida com apenas uma indo na direção do gol de Bechir Ben Said. Muito pouco para quem pintava como favorita ao título e para quem entrou em campo chancelada pela ótima campanha na fase de grupos. A Tunísia, por sua vez, colhe os frutos pelo ótimo desempenho coletivo apresentado neste domingo (23).

Essa é praticamente a essência de competições de “tiro curto”. Um dia ruim, uma atuação mais abaixo da média e tudo pode cair por terra. Agora, se a Nigéria aprendeu essa lição da pior maneira neste fatídico domingo (23), a Tunísia mostrou que é na fase de “mata-mata” que a Copa Africana de Nações começou de verdade. A campanha na fase de grupos e os bons números das “Super Águias” parecem areia ao vento depois da derrota para as aplicadas e valentes “Águias de Cartago”.

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