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Camarões encontra atalhos na base da persistência e supera o “ônibus” estacionado na frente da área de Gâmbia

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como os “Leões Indomáveis” venceram os “Escorpiões” e avançaram na Copa Africana de Nações

Por Luiz Ferreira em 30/01/2022 09:19 - Atualizado há 9 meses

Reprodução / Twitter / Confederation of African Football

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como os “Leões Indomáveis” venceram os “Escorpiões” e avançaram na Copa Africana de Nações

Quem acompanha o espaço aqui no TORCEDORES.COM já sabe que a expressão “estacionar um ônibus na frente da área” não é nova. Ela serve para descrever algumas equipes que colocam até seis jogadores na última linha com o claro (e às vezes único) objetivo de se defender, roubar a bola e fazer a ligação direta com o ataque na base de passes longos. Ou nem mesmo isso. País anfitrião da Copa Africana de Nações, Camarões encontrou o cenário descrito acima no Japoma Stadium, em Douala. É verdade que o escrete comandado pelo português Toni Conceição conseguiu superar a retranca imposta pela surpreendente seleção de Gâmbia (estreante na competição). Mas é preciso dizer que os “Escorpiões” dificultaram demais a vida dos “Leões Indomáveis”. Mesmo sendo inferiores tecnicamente. Tudo por conta do já mencionado “ônibus” estacionado na frente da área do ótimo goleiro Baboucarr Gaye.

A retranca imposta por Gâmbia não era novidade para Camarões e para ninguém que acompanhou a equipe comandada pelo belga Tom Saintfiet na fase de grupos. Foi jogando dessa maneira mais reativa e altamente pragmática que os “Escorpiões” conseguiram se classificar na segunda posição do Grupo F com duas vitórias e um empate. Mudar de estratégia contra os donos da casa justo quando tudo vinha dando certo não parecia uma boa ideia. É por isso que o 4-4-2 que às vezes se assemelhava a uma espécie de 6-2-2 foi mantido. Sim, meus amigos. Eram seis jogadores na última linha. Isso porque Saidy Janko e Ibou Touray (laterais de origem) recuavam a todo momento para junto dos quatro defensores. É daí que vem o tal “ônibus estacionado”.

O objetivo de Tom Saintfiet era claro: fechar os espaços de circulação de Aboubakar e Toko Ekambi na frente da área, roubar a bola e acionar o solitário mas aplicado Musa Barow no comando de ataque com ligações diretas. Estratégia legítima quando se coloca a qualidade do jogo coletivo de cada seleção na mesa. Camarões, por sua vez, jogava num 4-4-2 mais nítido com Martin Hongla e Nicolas Moumie Ngamaleu caindo mais por dentro e abrindo o corredor para a subida dos laterais Collins Fai e Nouhou Tolo ao ataque. E por mais que Gâmbia fechasse as entradas da área, todo o meio-campo dos Leões Indomáveis encontravam espaço de sobra para armar o jogo e organizar a saída de bola sem muitos problemas.

Camarões apostou num 4-4-2 de muita intensidade nas transições e boa movimentação ofensiva. Tudo para superar a intensa retranca imposta pela equipe de Gâmbia.

Vale lembrar aqui que o futebol é um esporte marcado pelo “cobertor curto”. Se você concentra um grande número de jogadores num determinado setor do campo, os outros vão ficar desocupados. Tudo faz parte da escolha que este ou aquele treinador pode fazer diante das características da sua equipe. Sobre Gâmbia, Tom Saintfiet colocou seis jogadores na frente da área do goleiro Baboucarr Gaye e acabou deixando os volantes Yusupha Bobb e Sulayman Marreh sobrecarregados na marcação. Principalmente quando os “wingers” Hongla e Ngamaleu vinham um pouco mais por dentro e abriam o corredor para a chegada dos laterais. Na prática, os “Leões Indomáveis” colocavam seis jogadores na intermediária ofensiva. Faltava acertar o passe e o alvo. De acordo com os números do SofaScore, das nove finalizações dos “Leões Indomáveis” no primeiro tempo, apenas duas delas foram na direção da meta dos “Escorpiões”.

Gâmbia jogava num 4-4-2 tão defensivo que os “wingers” Saidy Janko e Ibou Touray recuavam para para formar uma linha de seis jogadores na frente da área. Camarões conseguia levar vantagem nos duelos, tinha profundidade no ataque, mas pecava na conclusão das jogadas. Foto: Reprodução / YouTube / CAF TV

Jogando dessa maneira, os “Escorpiões” resistiram cinquenta minutos. Isso porque Toko Ekambi abriu o placar logo no começo do segundo tempo após cruzamento da direita (e de manual) realizado por Collins Fai. Era o alívio que Camarões tanto buscou e o castigo do qual Gâmbia fugiu durante toda a partida disputada no Japoma Stadium. O “choque” fez com que Tom Saintfiet fizesse três substituições de uma vez. E enquanto seus jogadores ainda buscavam entender o que acontecia em campo, Ngamaleu recebeu bola pela esquerda, viu Hongla atacando o espaço às costas de Sundberg e fez o passe em profundidade. O camisa 18 de Camarões avançou e fez o cruzamento rasteiro para Toko Ekambi apenas escorar para as redes. Os “Leões Indomáveis” superavam um adversário surpreendente e que vinha com uma proposta altamente pragmática para o jogo deste sábado (29). Venceu quem não abdicou do ataque.

Enquanto Gâmbia tentava se reorganizar depois do gol sofrido aos cinco minutos do segundo tempo, Ngamaleu e Hongla aproveitaram para construir a jogada do segundo gol. Aboubakar arrasta a defesa e Toko Ekambi ataca o espaço às costas da última linha defensiva dos “Escorpiões”. Foto: Reprodução / YouTube / CAF TV

Essa não foi a primeira e nem será a última vez em que uma equipe irá radicalizar sua proposta de jogo como Gâmbia fez em Douala. Por mais que a equipe comandada por Tom Saintfiet seja inferior a Camarões em quase todos os aspectos, os “Escorpiões” foram a grande sensação dessa Copa Africana de Nações junto com a valente seleção de Comores. Reconhecer suas limitações é o tipo de escolha muito sábia dentro do velho e rude esporte bretão. Ao mesmo tempo, Camarões terá pela frente o seu grande teste na caminhada rumo ao título. Depois de passar na primeira posição do Grupo A com duas vitórias (em cima de Burkina Faso e Etiópia) e um empate (contra Cabo Verde), os “Leões Indomáveis” terão que provar que ainda fazem parte da “elite” do continente a partir das semifinais. Por mais que a torcida e todo o contexto estejam a favor do time de Toni Conceição, não será tarefa fácil chegar na decisão.

Dentre “ônibus estacionados” e retrancas, os donos da casa saíram vencedores. Mas apenas porque foram persistentes e conseguiram manter um mínimo de concentração para superar a linha de seis jogadores imposta por Gâmbia. Ao mesmo tempo, Camarões ainda terá que provar muita coisa se quiser disputar o título da Copa Africana de Nações. E conforme vamos chegando perto da finalíssima, as coisas ficam mais e mais difíceis. Certo é que os “Leões” vão precisar ser mais “Indomáveis” do que o costume.

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