Há 20 anos trabalhando na Fórmula 1, inglês recebeu a Medalha do Império Britânico por razão que extrapola as pistas de corrida
No ínicio de 2021, o engenheiro Ben Hodgkinson fez um movimento curioso na Fórmula 1: deixou a Mercedes, onde trabalhava há duas décadas, para se juntar à equipe rival, Red Bull. Na escuderia austríaca, ele desempenha papel semelhante ao que já fazia no construtor alemão como chefe da divisão de motores.
No entanto, recentemente, Hodgkinson acabou condecorado por um motivo que vai além das corridas. Acontece que, no início da pandemia, o engenheiro britânico trabalhou em um projeto referente ao aparelho CPAP (“Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas”). Trata-se de uma terapia que auxilia na respiração.
Com o aval da Mercedes, o britânico trabalhou no aperfeiçoamento de tais aparelhos, com o intuito de possibilitar o tratamento de casos mais graves da Covid-19. Partindo de um modelo já pronto, Hodgkinson foi capaz de sanar a escassez de material e, dessa forma, desenvolver um protótipo melhorado — e que foi produzido em uma das fábricas da Mercedes.
O design do engenheiro foi aprovado e, posteriormente, divulgado para todo o mundo. Cerca de 1300 equipes de 25 países diferentes recriaram o aparelho para uso na área da saúde. Portanto, em razão dos serviços prestados ao Serviço Nacional da Saúde, Ben Hodgkinson foi condecorado com a Medalha do Império Britânico (BEM).
Da F1 para o combate à pandemia
Ben Hodgkinson, que foi homenageado pela própria Rainha da Inglaterra na ‘lista de honras’ de 2022, falou sobre a sensação de receber tal condecoração: “Estou orgulhoso do que fiz, mas também não me sinto tão digno. O que fiz foi trabalhar duro durante três semanas. Há médicos e enfermeiros que trabalham nestas condições, dia e noite, há meses e meses. Ajudei o mais que pude e foi algo que soube fazer. Era apenas o meu dever”.
O engenheiro ainda traçou uma comparação com sua profissão regular dentro da Fórmula 1: “Trabalho na F1 há 20 anos. Lá, estamos sempre sendo forçados ao máximo e é bastante estressante, mas é ‘apenas’ corrida. Ou seja, não se trata de vida ou morte. Isto [Covid-19] é vida ou morte. As poucas horas de sono que tiveme deixavam com a sensação de culpa. Sentia-me péssimo todas as manhãs”.
A mudança da Mercedes para a Red Bull no início da temporada de 2021 deve ser motivo de orgulho para Hodgkinson, afinal Max Verstappen sagrou-se campeão da Fórmula 1 meses depois. No entanto, certamente não há maior vitória do que ser responsável por salvar vidas em meio a uma pandemia.
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