Home Tênis Apesar do vice, Bia Haddad faz campanha histórica para o Brasil no Australian Open

Apesar do vice, Bia Haddad faz campanha histórica para o Brasil no Australian Open

Thiago Chaguri
Apaixonado por esporte desde criança, acompanho diversas modalidades por acreditar na magia e nas boas histórias que seus protagonistas e torcedores proporcionam. Além do entretenimento, admiro também as pluralidades táticas e estratégicas.

Tênis feminino brasileiro ficou quase 40 anos sem ter uma representante em finais de Grand Slam; Maria Esther Bueno segue como a única jogadora campeã dos principais torneios do calendário

A brasileira Bia Haddad e sua parceira, Anna Danilina, não resistiram à força da dupla multicampeã da Tchecoslaváquia e ficaram com o vice do Australian Open de tênis. Número 1 do mundo, Barbora Krejčíková e Kateřina Siniaková confirmaram seu favoritismo e faturaram o 4º título de Grand Slam na carreira profissional vencendo o jogo por 2 sets a 1 e parciais de 6/7 (3), 6/4 e 6/4 na Rod Laver Arena, em 2h42 horas de jogo.

O título renderá cerca de 3 milhões de reais em premiações e somará 2 mil pontos no ranking de duplas para as tchecas.

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Haddad e a cazaque Danilina irão receber aproximadamente R$ 1.500.000,00 reais em prêmios e 1.300 pontos no ranking.

Campeãs também em Wimbledon 2018, bi de Roland Garros em 2018 e 2021, medalhistas de ouro nos Jogos Olímpicos de Tóquio e vencedoras do WTA Finals 2021 (competição que reúne os oito melhores tenistas de simples e duplas do ano), Barbora Krejčíková e Kateřina Siniaková já haviam vencido Bia Haddad numa final de Grand Slam. O fato ocorreu no ano de 2013, em Roland Garros, desta vez na categoria juvenil.

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Parceria foi formada às pressas para a tour australiana

Após lesão de sua parceira argentina Nadia Podoroska neste início de temporada, Bia contatou Danilina, que topou a ideia. A parceria deu tão certo que rendeu o título do WTA 500 de Sydney e o vice-campeonato no Grand Slam australiano, culminando numa sequência de 11 vitórias em 12 jogos.

Mesmo com o vice, Bia e Danilina atingem marca histórica representando seus países

Bia Haddad tornou-se a segunda brasileira a atingir a final do Australian Open. Maria Esther Bueno era, até então, a única a participar de uma final do Major australiano, faturando o título de duplas em 1960 e o vice em simples no ano de 1965. Lendária, Maria Esther permanece como a única mulher do país a obter troféus em Grand Slam, sendo 18 na chamada ‘Era Amadora’, até 1967, e um na ‘Era Aberta’, ou profissional, em 1968, totalizando 19 títulos.

Haddad tornou-se também a primeira brasileira em 39 anos a participar de uma final de Grand Slam. Cláudia Monteiro fora a última a alcançar o feito, em junho de 1982, quando ficou com o vice-campeonato em Roland Garros ao lado do compatriota Cesar Motta.

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Já Anna Danilina é apenas a segunda tenista, envolvendo o naipe feminino e masculino, a representar o Cazaquistão em finais.

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Yaroslava Shvedova foi a pioneira, faturando o US Open e Wimbledon de 2010 ao lado da norte-americana Vania King.

Tênis brasileiro vive momento especial na categoria feminina

Apesar de estar longe da condição ideal devido a falta de apoio e investimentos no esporte, além deste vice de Bia Haddad no Australian Open, merece atenção também o desempenho de Luísa Stefani e Laura Pigossi, dupla medalhista de bronze nos Jogos Olímpicos de Tóquio em 2021.

Neste mesmo ano, Luísa faturou o título do WTA 1000 em Montreal, somou mais dois vices em WTA 1000 (Cincinatti e Miami) e outros três em WTA 500, alcançando a 10ª posição de duplas, melhor colocação de uma brasileira desde a criação do ranking, em 1975.

Após o bronze olímpico, Laura faturou três títulos de simples de nível ITF e mais três em duplas, subindo para o número 191 no ranking.

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O JOGO

1º SET

Bia e Danilina começaram bem, abrindo 0-30. Porém, apesar da dificuldade de Krejčíková encaixar o primeiro serviço, as tchecas viraram para 40-30. Após duas igualdades, abriram o marcador em 1/0. Servindo muito bem, Bia não deu chances para as adversárias e empatou a parcial num game tranquilo. Desta vez, Siniaková foi para o saque e, a exemplo de sua parceira, sofreu para encontrar a melhor opção. Consistentes na defesa e bem posicionadas no ataque, Bia e Danilina quebraram o serviço e posteriormente confirmaram o próprio saque para abrir 3/1. A dupla número 1 do mundo enfim serviu bem e rapidamente diminuiu sua desvantagem para 3/2. Bia novamente sacou muito bem e se sustentou nas trocas de golpes no fundo de quadra. Gesticulando, Krejčíková demonstrou insatisfação com seu próprio desempenho e viu a dupla do outro lado da rede abrir 4/2.

No 15-30, Danilina acertou uma linda paralela e depois o primeiro ace do jogo para conseguir o game point, contudo, teve seu serviço quebrado e a parcial empatou em 4/4. Siniaková, muito bem no jogo, fechava a rede e dificultava as ações da brasileira e da cazaque. Assim, as tchecas tomaram a dianteira em 5/4, colocando pressão no serviço de Bia. No 30-30, a brasileira, após belo rali, acertou uma paralela na linha e no ponto seguinte salvou o set. Iguais em 5/5, para a irritação desta vez de Siniaková, que, aos gritos, deixava visível sua irritação com a dificuldade que enfrentava diante das adversárias.

Bia, aproveitando seu tamanho e envergadura, se movimentava bem na rede durante o set. Aos 30-40, acertou um smash e mudou o curso do gameSiniaková, ainda incomodada, cometeu um erro não forçado e Bia e Danilina passaram novamente à frente em 6/5, agora com a chance de servir para fechar a parcial. A cazaque pareceu sentir o peso e não sacou bem. Cometeu erros e as tchecas se aproveitaram da situação para forçar o tie-break. Bia tomou as rédeas no momento decisivo. Sacou firme para marcar um ace e mostrou agressividade no ataque. Surpreendentemente, o placar marcava 6-0. Siniaková e Krejčíková  ensaiaram uma reação anotando três pontos consecutivos, mas Bia, inspirada, tirou da cartola um segundo serviço espetacular e fechou o primeiro set com outro ace.

2º SET

Ao contrário de Siniaková, frustrada, Krejčíková passou a melhorar desde o fim da primeira parcial. Bia apresentou oscilações em seu serviço, cometeu três duplas faltas e facilitou para as adversárias, que iniciaram o segundo set quebrando o serviço. No 30-15, Krejčíková  colocou uma paralela incrível e soltou um sorriso como se não acreditasse na precisão deste golpe. Com o saque confirmado, 2/o para as tchecas. Danilina entrou bem no serviço e diminuiu para 2/1. Bia empatou em 30-30 contando com a sorte, quando a bola tocou na rede e mudou a direção, saindo completamente da mira de Krejčíková, impedindo também qualquer ação de Siniaková. Porém, a dupla número 1 do mundo confirmou seu game, 3/1.

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Em duas belas jogadas de Bia, na paralela, e Danilina no voleio curto, somando ao erro de Krejčíková, a parcial agora indicava 3/2. Após o 30-0, Krejčíková cometeu duas duplas faltas seguidas e um erro não forçado, colocando-se contra a parede. Irritada, ela ainda questionou a arbitragem sobre uma não marcação de bola fora, pediu o desafio e assistiu ao próprio erro. Ainda assim, teve a frieza para confirmar seu serviço. Protocolar, as duas duplas passaram ilesas em seus serviços. Assim, as tchecas estavam em vantagem de 5/4, sacando para encerrar o set. Sem dificuldades, Siniaková serviu bem deu fim à segunda parcial em 6/4.

3º SET

O primeiro game foi arrasador. Bia e Danilina não sofreram ponto. As duplas, sem problemas, fizeram suas lições, sacando bem e finalizando as jogadas rapidamente. Sem quebras até o momento em 2/1. Instável, Siniaková novamente demonstrou incômodo com as devoluções de Bia e, na lateral da quadra, deu uma batida com a raquete na placa de publicidade, com o marcador em 30-40. No ponto seguinte, fez mágica ao acertar uma cruzada curta, contudo, cometeu dupla falta e perdeu a vantagem. Apesar das dificuldades, conseguiu empatar a parcial em 2/2. Danilina protagonizou defesas difíceis, mas Bia não encaixou seu saque, acarretando na virada adversária.

A partir dali, as líderes do ranking passaram a imprimir seu ritmo e comandar a partida. Em uma devolução sem chances de defesa, Siniaková quebrou o serviço de Danilina e encaminhou o título, deixando o placar em 5/2. No entanto, a dupla se desconcentrou momentaneamente e cedeu a quebra para as valentes Bia e Danilina, que ensaiavam uma reação que surpreendentemente se concretizou. Bia voltou a sacar bem, minando as devoluções adversárias e colocou fogo no jogo. 5/4.

Na fúria, Danilina aplicou um forte winner rente ao pé de Siniaková e Krejčíková cometeu dupla falta. Porém, no último ponto, Danilina e Krejčíková trocaram “balões”, jogando bolas lentas para cima. A cazaque se atrapalhou no fundo da quadra e, num erro de golpe de vista, assistiu ao fim do set e do campeonato, conquistado pela melhor dupla do mundo no momento.

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Campanha de Bia e Danilina

1ª rodada

Bia Haddad/Anna Danilina 2 x 0 Anna Bondár/Oksana Kalashnikova (6/4 e 6/4)

2ª rodada

Markéta Vondroušová/Tereza Martincová 1 x 2 Bia Haddad/Anna Danilina (6/4, 3/6 e 2/6)

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Oitavas de final

Bia Haddad/Anna Danilina 2 x 1 Bolsova Zadainov/Ulrikke Eikeri (3/6, 6/4 e 7/6 (10 a 5))

Quartas de final

Bia Haddad/Anna Danilina 2 x 1 Rebeca Peterson/Anastasia Potapova (4/6, 7/5 e 6/3)

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Semifinal

Bia Haddad/Anna Danilina 2 x 1 (2) Shuko Aoyama/Ena Shibahara (6/4, 5/7 e 6/4)

Final

Barbora Krejčíková/ Kateřina Siniaková (1) 2 x 1 Bia Haddad/Anna Danilina (6/7 (3), 6/4 e 6/4)

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