Tottenham explora os problemas defensivos do Liverpool num empate emocionante e cheio de reviravoltas
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Antonio Conte e Jürgen Klopp montaram suas equipes para a partida deste domingo (19)
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Antonio Conte e Jürgen Klopp montaram suas equipes para a partida deste domingo (19)
O contexto complicado da Premier League 2021/22 com os adiamentos de jogos por conta de surtos de COVID-19 nos clubes ingleses vem permitindo que jogadores ganhem espaço (caso de Gabriel Martinelli no Arsenal) e que equipes tidas como favoritas entrem em campo enfraquecidas por conta da série de desfalques. O Liverpool sofreu desse problema e teve que encarar um Tottenham intenso, completo e muito mais concentrado neste domingo (19), em Londres. É verdade que o empate em 2 a 2 também foi marcado pela arbitragem confusa e polêmica de Paul Tierney, que conseguiu desagradar aos times comandados por Antonio Conte e Jürgen Klopp. Certo é que Tottenham e Liverpool nos entregaram mais uma partida repleta de emoções, lances de talento, reviravoltas e duelos táticos do mais alto nível dentro e fora do campo. Tudo de acordo com o nível de excelência do futebol jogado na liga mais forte do mundo.
🏴 | Tottenham 2:2 Liverpool
Goals, big chances missed, controversial referee decisions, eight yellows and one red card – this clash had it all, as ultimately the points are shared in North London.
Reds are now three points behind Man City, while Spurs sit in 7th!#TOTLIV pic.twitter.com/BfwjpC3wyG
— Sofascore (@SofascoreINT) December 19, 2021
Difícil não concluir que os desfalques do Liverpool pesaram demais na atuação da equipe comandada por Jürgen Klopp. Van Dijk, Fabinho e Curtis Jones testaram positivo para a COVID-19, Thiago Alcântara teve um teste suspeito e Henderson não se recuperou totalmente da doença. Diante das baixas, o treinador alemão apostou num meio-campo formado por Keita, Milner e pelo jovem Tyler Morton. Por mais que os Reds estivessem organizados no 4-3-3 costumeiro de Jürgen Klopp, o time não apresentava a mesma consistência defensiva contra um Tottenham extremamente intenso e letal nos contra-ataques. O conhecido 5-3-2 de Antonio Conte avançava os alas Emerson Royal e Sessegnon para abrir o campo, Winks, Ndombélé e Dele Alli ocupavam bem os espaços por dentro e Harry Kane e Son atacavam as costas da última linha defensiva. O primeiro gol dos Spurs nasceu de um desses passes em profundidade na direção do camisa 10.
O primeiro gol dos Spurs (marcado aos 12 minutos do primeiro tempo) meio que escancararam todos os problemas do seu (fortíssimo) adversário. E por mais que os desfalques influenciassem diretamente na atuação do escrete de Jürgen Klopp, o Tottenham fazia jogo correto e jogava de acordo com o que Antonio Conte havia planejado. Linhas fechadas, marcação encaixada com perseguições curtas na frente da área e muita aplicação tática da linha de cinco defensores para fechar os espaços de Diogo Jota, Salah e Mané no terço final. O Liverpool até levou um pouco de perigo ao gol de Lloris (que fez duas boas defesas) com os avanços de Alexander-Arnold e Robertson ao ataque como autênticos pontas à moda antiga. Mesmo assim, faltava aprimoramento e um pouco mais de calma para acertar o último passe. Lá atrás, Alisson salvava os Reds com duas defesas de cinema em finalizações de Son e Dele Alli dentro da área.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiI3ZTBNTVV6WiIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]
Mas o Liverpool conseguiu se impor dentro do seu estilo altamente intenso e agressivo nas transições. Bastou que o trio de zaga formado por Davinson Sánchez, Dier e Davies piscasse para que Robertson lançasse Mané pelo lado esquerdo. A zaga do Tottenham ainda consegue cortar, mas a bola volta no lateral-esquerdo dos Reds que faz cruzamento de cinema para Diogo Jota empatar a partida. E nesse ponto, é interessante notar como funciona a dinâmica ofensiva dos comandados de Jürgen Klopp. Como Alexander-Arnold e Robertson avançam muito para o ataque (e que talvez sejam as principais armas ofensivas da equipe da terra dos Beatles), Klopp posicionava Keita e Milner mais pelos lados para fazer a cobertura e deixava Tyler Morton um pouco mais por dentro. É verdade que os três se mostraram bastante aplicados na partida, mas o nível ficou muito abaixo dos titulares Fabinho, Henderson, Thiago Alcântara e companhia.
O panorama do segundo tempo mudou muito pouco. O Liverpool seguia tentando se impor no campo adversário e o Tottenham abusava da velocidade nos contra-ataques. Robertson virou o jogo para os Reds logo depois que os Spurs reclamaram de penalidade (discutível) em cima de Dele Alli. Este que escreve não marcaria, apesar da certeza de que o árbitro Paul Tierney já havia perdido o controle da partida há bastante tempo. E quiseram os deuses do velho e rude esporte bretão que Alisson (justamente um dos melhores em campo) cometesse o erro fatal que resultaria no gol de empate do Tottenham (marcado por Son aos 29 minutos da segunda etapa). No entanto, é bom observar que a equipe comandada por Antonio Conte se valeu da mesma estratégia do primeiro tempo, com linhas avançadas, alas abertos e atacantes buscando o espaço atrás da última linha. A falha do goleiro do Liverpool foi apenas a “cereja do bolo” desse lance.
Robertson ainda seria justamente expulso depois de cometer falta feia em cima de Emerson Royal, mas que causaria a reclamação de Jürgen Klopp (ver no vídeo acima) e de todo o time dos Reds com relação a uma dividida feia em cima do mesmo Robertson. Ao mesmo tempo, cada um dos times reclamou demais de penalidades ignoradas e pela arbitragem confusa de Paul Tierney. Acabou que o placar final do jogo deste domingo (19) não foi mais modificado até o apito final. E diante de tudo o que aconteceu no Tottenham Hotspur Stadium, ficou claro para este que escreve que os desfalques influenciaram sim no resultado. Ainda mais sabendo que Antonio Conte explorou justamente a falta de consistência do meio-campo do Liverpool nos contra-ataques da sua equipe. E mesmo tendo falhado feio no gol de Son, precisamos reconhecer que o goleiro Alisson salvou os Reds daquilo que poderia ser uam goleada histórica em Londres.
Retratos de um jogo marcado por um contexto complicado e de mais um surto de COVID-19 nos elencos da Premier League. É difícil prever o que pode acontecer nos próximos dias com o número de casos aumentando e a recusa de alguns jogadores em não tomar a vacina. O Tottenham conseguiu aproveitar o cenário favorável e não conseguiu uma vitória em cima de um forte adversário por questão de detalhes. Já o Liverpool se segurou como pôde, mas viu o líder Manchester City escapar. A conferir as cenas dos próximos capítulos.
CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:
Entrada de Kanté descomplica as coisas e Chelsea atropela o Tottenham num segundo tempo brilhante
Algumas considerações honestas, sinceras e um tanto impopulares sobre a permanência de Sylvinho