São Paulo mostra consistência e volume de jogo contra as Gurias Coloradas e garante vaga na final da Brasil Ladies Cup
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Lucas Piccinato e explica o que travou o Internacional de Maurício Salgado
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Lucas Piccinato e explica o que travou o Internacional de Maurício Salgado
Este que escreve já percebia uma evolução no modelo de jogo do São Paulo de Lucas Piccinato desde as finais do Paulistão Feminino. Ainda que a equipe não tenha conseguido segurar o Corinthians de Arthur Elias, fato é que o Tricolor Paulista começava a colher ali todos os frutos logo depois da eliminação do Brasileirão para o Internacional de Maurício Salgado. Justamente o adversário desta quinta-feira (16). E o que se viu lá no gramado sintético de Santana de Parnaíba foi justamente uma equipe coesa, consistente, muito bem organizada e com muita intensidade nas transições. A vitória por 1 a 0 (com gol de Giovaninha logo aos cinco minutos de jogo) também expôs os problemas coletivos das Gurias Coloradas. Difícil não observar no escrete de Maurício Salgado a síndrome da “equipe de uma jogada só”. Há material humano para fazer do Internacional um time mais forte e com muito mais repertório.
Craque do jogo!
Autora do gol da classificação, Giovaninha foi eleita a craque da partida!#FutebolFemininoTricolor#VamosSãoPaulo 🇾🇪
📸 Gabriela Montesano / saopaulofc pic.twitter.com/5VfU7WyrXB
— São Paulo FC (@SaoPauloFC) December 16, 2021
Lucas Piccinato repetiu seu 4-4-2 costumeiro num São Paulo bastante organizado e que tinha suas jogadoras atuando próximas umas das outras. Gláucia ainda é a referência técnica do Tricolor Paulista, mas não é a única saída de ataque da equipe. Jaqueline e Giovaninha abriam o campo e exploravam muito bem os espaços às costas das laterais Ariely e Ari. Lary Santos aparecia um pouco mais por dentro, mas permitia que Duda e Cris avançassem para o campo ofensivo. O início do lance do único gol do jogo desta quinta-feira (16) teve toda essa dinâmica ofensiva e escancarou os problemas do Internacional nas transições defensivas. Por mais que O São Paulo tenha feito um bom jogo, a recomposição das Gurias Coloradas deixou muito a desejar. Mesmo com as jogadoras posicionadas na frente da área da goleira Vivi, o que se via eram perseguições mais longas que não conseguiam fechar as linhas de passe do São Paulo.
A tal “síndrome da equipe de uma jogada” foi percebida no Internacional sempre que as jogadoras tentavam buscar o ataque. Isso porque faltava repertório às comandadas de Maurício Salgado para encontrar espaços na bem postada defesa do São Paulo e fazer alfo além das bolas longas para Rafa Travalão, Mileninha e Fabi Simões. Principalmente esta última. Ao mesmo tempo, o escrete comandado por Lucas Piccinato só viu as Gurias Coloradas levarem certo perigo na base das bolas levantadas para a área (Ari acertou a trave de Carla após cobrança de escanteio) e nos momentos em que o Tricolor Paulista baixou um pouco a concentração na saída de bola. O panorama quase sempre era o mesmo: a última linha de defesa do São Paulo aproveitava a indecisão do ataque colorado e as volantes retornavam a tempo de tirar o espaço de Fabi Simões e companhia. Faltava repertório ofensivo ao escrete comandado por Maurício Salgado.
O segundo tempo foi praticamente uma repetição do primeiro. O São Paulo tocava bem a bola, fazia suas transições com bastante intensidade e ocupava muito bem os espaços. As Gurias Coloradas, por sua vez, sofriam para acompanhar toda a movimentação das suas adversárias e só conseguiam avançar para o campo ofensivo na base das bolas longas na direção de Mileninha e Fabi Simões. Muito pouco para quem mostrou que poderia atingir um patamar acima após a vitória sobre a Ferroviária (mesmo apresentando os mesmos problemas citados anteriormente). Lucas Piccinato mexeu nas suas peças, preservou suas principais jogadoras, mas manteve o São Paulo jogando num 4-4-2/4-2-4 que tirava a superioridade numérica das Gurias Coloradas em quase todos os momentos. O escrete comandado por Maurício Salgado acabou sucumbindo por conta da desorganização e das perseguições mais longas que não encaixaram em nenhum momento.
Consistência defensiva, volume ofensivo, organização, repertório tático e variações. O São Paulo teve tudo isso e muito mais nessas três partidas da primeira fase da Brasil Ladies Cup. Ainda que a competição tenha seus problemas e seus contextos bem específicos (já apontados por este que escreve mais de uma vez aqui no TORCEDORES.COM), o escrete comandado por Lucas Piccinato aproveitou a ocasião para consolidar seu modelo de jogo e dar oportunidades para atletas que vinham se destacando nas categorias de base. Giovaninha, autora do único gol da partida desta quinta-feira (16), é uma destas atletas. Do outro lado, o Internacional se vê numa espécie de impasse. O estilo implementado por Maurício Salgado funciona bem, mas apenas em cenários específicos. E a falta de repertório chamou bastante a atenção. Fica difícil competir num nível mais alto quando a única jogada é a bola longa para Fabi Simões.
Por mais que o contexto da Brasil Ladies Cup não seja o ideal para nenhuma das equipes participantes, fica a sensação de que Santos e São Paulo foram os clubes que melhor aproveitaram a oportunidade para trabalhar seus elencos e encontrar respostas para a próxima temporada. A decisão do próximo domingo (19), no Allianz Parque, pode nos trazer ainda mais elementos que comprovam a evolução da modalidade aqui no Brasil. Principalmente quando se trata de Tatiele Silveira e Lucas Piccinato.
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