Home Futebol Real Madrid controla o jogo e conquista vitória segura em cima do “arame liso” da Internazionale

Real Madrid controla o jogo e conquista vitória segura em cima do “arame liso” da Internazionale

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Carlo Ancelotti e Simone Inzaghi em mais um jogo válido pela Liga dos Campeões da UEFA

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Carlo Ancelotti e Simone Inzaghi em mais um jogo válido pela Liga dos Campeões da UEFA

É preciso dizer que o Real Madrid não teve lá grandes problemas para superar a Internazionale de Milão e garantir a primeira posição do Grupo D da Liga dos Campeões da UEFA. Isso porque o time comandado por Carlo Ancelotti, mesmo com o desfalque de Karim Benzema, soube como fechar os espaços no seu campo e usou de uma postura um pouco mais reativa para atrair seu adversário e construir os 2 a 0 no Estádio Santiago Bernabéu. Curiosamente, o escrete de Simone Inzaghi sofria daquilo que convencionou-se chamar de “complexo de arame liso”. A Inter tinha a posse da bola, abria o campo com as subidas de Dumfries e Perisic, mas não conseguia criar muitas chances de gol. Ao mesmo tempo, os gols de Kroos e Asensio escancararam a marcação mais frouxa do escrete nerazzurri na intermediária. E isso acabou sendo um erro terrível diante de tantos jogadores com capacidade de colocar a bola onde bem entendem.

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Por mais que o confronto desta terça-feira (7) não tivesse lá tanto apelo, ele poderia decidir a vida das duas equipes nas oitavas de final da UEFA Champions League. O primeiro lugar do Grupo D indicava uma “fuga” de confrontos contra equipes (pelo menos em tese) mais fortes logo na primeira partida eliminatória da competição interclubes mais importante do mundo. Carlo Ancelotti repetiu seu 4-3-3/4-1-4-1 costumeiro com Vinícius Júnior e Rodrygo pelas pontas, Jovic no lugar de Benzema e Modric, Casemiro e Kroos formando o já amplamente conhecido e analisado “tripé” no meio-campo merengue. Do outro lado, Simone Inzaghi escalava a sua Inter num 5-2-3/5-3-2 dependendo do posicionamento de Çalhanoglu. Os alas Dumfries e Perisic abriam bastante o campo e jogavam bastante espetados. O escrete italiano tinha a posse da bola, mas ameaçava bem pouco o gol de Courtois. Faltava intensidade.

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Real Madrid vs Internazionale - Football tactics and formations

Formação inicial das duas equipes no Santiago Bernabéu. Ancelotti repetiu seu 4-1-4-1/4-3-3 e Simone Inzaghi apostou numa linha de cinco jogadores na defesa da sua equipe.

A possibilidade de terminar na primeira posição do Grupo D era motivo mais do que suficiente para que a Internazionale buscasse mais o jogo na casa do Real Madrid. Lautaro Martínez puxava a maioria das jogadas de ataque e contava com a presença constante de Dumfries e Perisic pelos lados do campo (estes sempre bem vigiados por Vinícius Júnior e Rodrygo) e as chegadas de Barella e Çalhanoglu um pouco mais por dentro. O problema do escrete nerazzurri estava em Dzeko. O atacante bósnio esteve numa tarde/noite bastante discreta e não conseguiu levar vantagem em nenhum dos duelos contra Alaba e Éder Militão. Sem agressividade no terço final, a Internazionale ameaçava mais na base dos chutes de longa distância e nas bolas levantadas para a área. Do outro lado, o Real Madrid (ainda numa postura um pouco mais conservadora do que o normal) se defendia e esperava o momento certo para encaixar o ataque.

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E esse momento chegou logo aos 16 minutos da primeira etapa. Tony Kroos recebeu de Rodrygo na intermediária e teve todo o tempo do mundo para ajeitar o corpo e acertar um belo chute no canto esquerdo de Handanovic. O Real Madrid abria o placar logo numa das suas primeiras descidas ao ataque com mais jogadores. Mesmo assim, o primeiro gol merengue já escancarou a marcação mais frouxa (o tal “arame liso”) da defesa da Internazionale. O frame abaixo mostra que o time de Simone Inzaghi está sim bem organizado e bloqueando as entradas de Vinícius Júnior, Jovic, Casemiro e companhia. Mas é meio estranho ver um jogador como Kroos (daqueles capazes de acertar uma moeda dentro do gol a vinte metros de distância) ter tanta liberdade assim para finalizar. Ainda mais diante do fato de que a Internazionale entrou em campo com a proposta de congestionar o espaço na frente da área de Handanovic.

A Internazionale fecha bem as entradas da sua área, bloqueia o campo de ação de Vinícius Júnior, Rodrygo e Jovic, mas dá liberdade para Kroos avançar e chutar a gol. Difícil entender essa postura do time de Simone Inzaghi. Foto: Reprodução / TNT Sports Brasil

As coisas ficaram ainda mais fáceis para o Real Madrid depois que Barella levou um cartão vermelho justíssimo depois de se envolver em confusão com Éder Militão no começo da segunda etapa. Carlo Ancelotti manteve seu 4-3-3/4-1-4-1 básico e foi trocando as peças da sua equipe quando percebeu que a primeira posição do seu grupo já estava garantida. Mesmo organizada num 5-3-1 (e já com Alexis Sánchez, Vecino, Vidal e Dimarco em campo), a Internazionale seguia bem organizada em campo (apesar de sofrer com a superioridade numérica do Real Madrid) e bloqueava todas as entradas da sua área. No entanto, o escrete nerazzurri apenas assistiu Asensio receber a bola, olhar para Handanovic, acertar o corpo e nos presentear com uma verdadeira pintura aos 33 minutos da segunda etapa. Difícil entender o que se passava na cabeça dos defensores da Inter para permitir que um adversário tivesse tanta liberdade assim.

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Organizada num 5-3-1 após a expulsão de Barella, a Internazionale voltou a cometer o mesmo erro do gol marcado por Kroos. Asensio teve todo o tempo (e espaço) do mundo para ajeitar o corpo, escolher o canto e marcar um golaço. Foto: Reprodução / TNT Sports Brasil

O tal “complexo de arame liso” da Internazionale se refletia no ataque e no sistema defensivo. Por mais que os comandados de Simone Inzaghi tivessem a posse da bola e circulassem bastante no campo adversário, a equipe italiana vacilava nos momentos em que precisava ser mais agressiva e mais intensa. Um toque mais rápido, um drible no terço final ou um bote certo ainda na intermediária. Faltou isso tudo diante de um Real Madrid extremamente organizado, um pouco mais pragmático do que o normal (até por todo o contexto da partida no Santiago Bernabéu) e extremamente perigoso nas tramas ofensivas. Vinícius Júnior e Rodrygo até que criaram boas oportunidades de ataque e se movimentaram bem entre as linhas da Internazionale, mas sem desequilibrar. Até porque o plano de Carlo Ancelotti estava bem claro: dar a bola para seu adversário, forçar o erro e acelerar ao máximo nas transições.

Tirando o tropeço (surpreendente) para o Sheriff na segunda rodada, o Real Madrid fez aquilo que se esperava dele nessa fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA. E olhando a tabela, a segunda posição da Internazionale não é nenhum absurdo. Ainda mais quando se analisa mais a fundo o futebol apresentado pelas duas equipes. Certo é, no entanto, que as coisas vão mudar muito a partir das oitavas de final. E nenhum “complexo de arame liso” será tolerado.

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