Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa ideias de Hoffmann Túlio e Tatiele Silveira no confronto entre as Palestrinas e as Sereias da Vila
Final de temporada, forte calor, gramado sintético (e mal cuidado), início de trabalho e testes para a próxima temporada. Não havai como esperar um jogo de grande nível técnico envolvendo Palmeiras e Santos neste domingo (12) por conta de todos os fatores colocados acima. A começar por todo o contexto desse primeiro dia de Brasil Ladies Cup e por todo o cenário que as equipes comandadas por Hoffmann Túlio e Tatiele Silveira encontraram em Santana de Parnaíba (SP). Os dois treinadores colocaram suas ideias em prática e as jogadoras até que tentaram entregar bom desempenho diante de tudo o que foi colocado. O campo não ajudava e o horário menos ainda. Restou a certeza de que Palestrinas e Sereias da Vila tentaram competir e superar os obstáculos que a organização da Brasil Ladies Cup parece ter ignorado. Difícil esperar algo diferente nas próximas partidas da competição.
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Por mais que o contexto da partida em Santana de Parnaíba não fosse o mais favorável, Palmeiras e Santos nos mostraram um pouco das ideias dos seus treinadores e uma prévia do que podemos esperar para a próxima temporada do Futebol Feminino. Inicialmente, Hoffmann Túlio escalou as Palestrinas num 4-1-4-1/4-3-3 com Chú e Ary Borges pelos lados do campo, Rafa Andrade, Júlia Bianchi e Duda Santos no meio-campo e Katrine e Camilinha abrindo o campo. Do lado das Sereias da Vila, Tatiele Silveira manteve seu 4-4-2 costumeiro com Cristiane e Ketlen formando a dupla de ataque, luinhas compactadas e muita força na marcação e na pressão pós-perda. Força até exagerada em determinados momentos diante de tantas faltas cometidas no campo ofensivo. Mais atrás, Brena e Júlia Daltoé protegiam bem o jovem sistema defensivo e Erikinha e Analyuza tentavam explorar o espaço às costas de Camilinha e Katrine.
O Palmeiras abriu o placar aos 19 minutos do primeiro tempo num chute de longa distância de Chú que a goleira Camila acabou aceitando. E isso pouco tempo depois que Ottilia ter desperdiçado duas grandes chances dentro da área santista. As Palestrinas controlavam as ações da partida até a parada técnica. Foi nesse momento que Tatiele Silveira corrigiu o posicionamento defensivo e a coordenação dos movimentos ofensivos. Até aí, as Sereias da Vila levaram perigo numa bola de Duda Santos interceptada por Ketlen ainda no campo de defesa. Há como se discutir se houve falta em Rafa Andrade no início do lance do gol santista. Mas é preciso reconhecer que toda essa pressão pós-perda e na saída de bola do Palmeiras surtiram efeito. Erikinha força o erro e passa para Cristiane. A camisa 11 descola passe de cinema para Júlia Daltoé se livrar da marcação e acertar um belo chute. Gol que teve o “dedo” de Tatiele Silveira.
O panorama da partida não mudou muito no segundo tempo. Mas é preciso dizer que o Palmeiras melhorou muito quando Hoffmann Túlio mandou Carol Baiana, Bruna Calderan e Maria Alves para o jogo. Com Camilinha jogando por dentro e Ary Borges (a melhor em campo na humilde opinião deste que escreve) se aproximando do ataque, as Palestrinas se reorganizaram num 4-2-3-1 mais nítido e com mais presença no campo ofensivo. Por mais que as Sereias da Vila tenham encaixado alguns contra-ataques, a segunda etapa pendeu mais para o lado do Palmeiras depois das entradas das jogadoras “titulares” no jogo em Santana de Parnaíba. Vale destacar que Maria Alves foi muito importante para ocupar o lado direito e trazer um pouco de velocidade naquele setor. Mesmo assim, faltou um pouco de capricho nas conclusões a gol justamente quando as Palestrinas levavam vantagem nos duelos físicos em cima das Sereias da Vila.
Apesar das boas ideias sendo colocadas em prática no jogo deste domingo (12), ficou bem claro que as atuações de Palmeiras e Santos foram altamente influenciadas pelo contexto da partida já colocado no início desta humilde análise. Por mais que as intenções de Hoffmann Túlio e Tatiele Silveira (além de vencer o jogo, é claro) fossem preparar o time e fazer testes visando a próxima temporada, o gramado sintético, o forte calor de Santana de Parnaíba e o horário do confronto (14 horas) contribuíram demais para que o espetáculo não tivesse o nível esperado por todos nós. Difícil não concordar com Cristiane quando esta criticou abertamente alguns dos pontos levantados por este colunista depois do apito final. E a sensação que fica é a de que a Brasil Ladies Cup é mais uma ótima ideia que vai sendo executada da pior maneira possível pelos organizadores. Pelo menos nesse primeiro dia da competição.
Palmeiras e Santos mostraram algumas das ideias dos seus treinadores num jogo mais truncado do que o esperado e deixaram a sensação de que 2022 pode ser muito melhor sim. Mas cobrar desempenho das duas equipes num contexto complicado como o da Brasil Ladies Cup é pedir muito de que já luta todo santo dia para que o Futebol Feminino tenha o respeito e a estrutura que merece.
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