Vitória sobre o Ceará indica caminhos para a retomada da confiança de um Flamengo em busca de uma identidade
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Maurício Souza pensou o escrete rubro-negro para o confronto contra o Vozão de Tiago Nunes
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Maurício Souza pensou o escrete rubro-negro para o confronto contra o Vozão de Tiago Nunes
A busca de uma “identidade”, de uma maneira de jogar e de um sistema de jogo não é algo novo no Flamengo. Desde a saída de Jorge Jesus em 2020, o clube ainda busca o treinador que conseguirá devolver esse “DNA” ao escrete rubro-negro e aproveitar um elenco recheado de talentos e altamente qualificado. No entanto, dentro desse cenário, é plenamente possível dizer que a vitória por 2 a 1 sobre o Ceará serviu para selar a paz com a torcida após o vice-campeonato da Libertadores no último sábado (27) e também para indicar os caminhos para que essa identidade seja encontrada e assimilada. Mesmo com pouco tempo para treinar, o interino Maurício Souza conseguiu deixar o Flamengo mais organizado e com mais “cara” de time nesse duelo desta terça-feira (30) contra o Vozão comandado por Tiago Nunes num Maracanã tomado por mais de 47 mil torcedores.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #FLAxCEA 2-1
⚽️| Gabriel e Matheuzinho
⚽️| Rick
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 51% – 49%
👟 Finalizações: 16 – 13
✅ Finalizações no gol: 5 – 4
🛠 Grandes chances: 3 – 1
☑️ Passes certos: 360 – 344💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/Ktpk9XEes4
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) December 1, 2021
Difícil não perceber o semblante mais pesado e introspectivo dos jogadores após a derrota para o Palmeiras. Mas também foi possível notar um Flamengo mais organizado, objetivo e (principalmente) mais compactado em campo. Isso porque Maurício Souza apostou numa formação mais próxima de um ataque posicional com dois laterais fortes no apoio (Matheuzinho e Ramon), Thiago Maia fazendo a “saída de três”, Andreas Pereira alinhado a Diego no meio-campo e Everton Ribeiro, Bruno Henrique e Gabigol formando a dupla de ataque contra o 4-2-3-1 costumeiro de Tiago Nunes no Ceará. Com muita intensidade nas trocas de passe, o Flamengo foi se impondo diante do seu adversário e aproveitando a marcação mais frouxa no meio-campo. O 4-3-3 de Maurício Souza facilitava esse processo na “inversão da pirâmide”, isto é, na variação para um 2-3-5 que usava muito bem o espaço às costas de Igor e Bruno Pacheco.
É óbvio que Gabigol descomplicou as coisas logo aos dois minutos de partida aproveitando bola roubada por Diego na saída de bola do Ceará. Difícil não notar como o gol marcado logo aos dois minutos do primeiro tempo condicionou a partida e acalmou os ânimos da torcida logo de cara. Vale destacar também que, mesmo em busca de uma identidade, o Flamengo já apresentava um jogo coletivo muito mais consistente do que o visto nas últimas partidas do escrete rubro-negro (quando Renato Gaúcho ainda era o treinador). Tudo o que Maurício Souza fez foi organizar mais a equipe e escolher os jogadores que melhor se encaixavam dentro da sua proposta com algumas adaptações aqui e ali. Apenas fez o óbvio e aproveitou quem estava à disposição. Embora o escrete rubro-negro tenha concedido espaços para o Ceará, a atuação como um todo, foi boa e mostrou que há um caminho interessante a ser seguido.
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A belíssima jogada iniciada por Andreas Pereira ainda no campo de defesa que resultou no gol de Bruno Henrique anulado por impedimento é a prova de que basta um pouco de organização e de planejamento fazem muito bem para esse time. Por outro lado, a defesa rubro-negra mostrou algumas dificuldades para conter os avanços de Mendoza, Yony González e Lima no espaço entre Thiago Maia e o quinteto ofensivo. O gol marcado por Rick (aos 25 minutos do segundo tempo) nasce justamente de um lance não em que o camisa 37 aparece no espaço entre as linhas do Flamengo (que já jogava num 4-2-3-1 com Arrascaeta logo atrás de Gabigol). Bruno Viana desgarra da última linha para dar o combate e abre o espaço que Gustavo Henrique não conseguiu preencher. Hugo Souza ainda defendeu o chute cruzado de Yony González, mas o mesmo Rick aproveitou o rebote e completou para o gol vazio.
Embora o sistema defensivo ainda apresente problemas, o Flamengo ia encontrando soluções interessantes. A principal delas se chama Matheuzinho. O camisa 34 foi um dos melhores em campo e ajudou demais o escrete comandado por Maurício Souza nas jogadas de ataque sem comprometer o balanço defensivo. Inclusive, o segundo gol rubro-negro (marcado aos 33 minutos prova que basta um pouco de organização para que o talento dos mais experientes e dos mais jovens apareça. Michael abre o campo pelo lado direito, Andreas Pereira aparece bem aberto, Thiago Maia aparece um pouco mais atrás e Arrascaeta se projeta para receber o passe. Com seis jogadores protegendo a área, o Ceará de Tiago Nunes demora para fechar o espaço e deixa Matheuzinho livre para aproveitar o rebote do cruzamento. Gol que premia a grande atuação do jovem lateral e que indica caminhos para o Flamengo em 2022.
Mas é preciso deixar bem claro que as atuações mágicas dos tempos de Jorge Jesus são coisas que ainda estão fora da realidade do Flamengo. Estamos falando de um momento de reconstrução, de apaziguamento dos nervos e de recuperação de confiança. Principalmente de Andreas Pereira, jogador que teve boa atuação e recebeu o carinho da torcida após ter cometido um erro terrível na derrota para o Palmeiras. A tal “identidade” só será encontrada com profissionalismo no Departamento de Futebol e sem os “amiguinhos” colocados dentro do clube para agradar este ou aquele. Fala-se muito no acerto que foi a contratação de Jorge Jesus e no baita elenco que o Flamengo tem à sua disposição. Mas o “Mister” deixou a lição que não foi apreendida pela diretoria rubro-negra. É preciso tratar o futebol e qualquer outro esporte de maneira séria. E não como um mero torcedor com cargo dentro da instituição.
Mais do que evitar o título antecipado do Atlético-MG, a vitória sobre o Ceará foi importante para que o time do Flamengo fizesse as pazes com a torcida e se reconectasse com ela como sempre fez nos momentos difíceis. Além, é claro, de indicar os caminhos para a próxima temporada. E eles passam por mais organização, planejamento e trabalho sério. Essa é a “identidade” que o Flamengo busca.
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