Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Vagner Mancini e Sylvinho e as atuações das duas equipes no jogo deste domingo (5)
Todos aqueles que acompanham e estudam o velho e rude esporte bretão sabem muito bem que a atenção aos detalhes (por menores que sejam) costuma ser determinante na vitória ou derrota de uma equipe. Saindo do nível micro para o macro, se os detalhes ajudam a vencer jogos, o caminho seguinte pode ser a conquista do título, uma vaga numa competição internacional ou um até mesmo um rebaixamento. Diante disso, é preciso entender que o Grêmio sofreu e ainda sofre desse problema. A desatenção com pontos mais específicos do jogo dentro de campo vem alijando o Tricolor Gaúcho há algum tempo. E o empate contra o Corinthians escancarou isso. Tudo por conta do pouquíssimo tempo restante para uma reação do Grêmio nessa reta final de Campeonato Brasileiro. Na prática, o golaço de Renato Augusto foi a punição do escrete comandado por Vagner Mancini pela desatenção com cada detalhe do jogo deste domingo (5).
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #SCCPxGRE 1-1
⚽️| Renato Augusto
⚽️| Diego Souza
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 71% – 29%
👟 Finalizações: 11 – 12
✅ Finalizações no gol: 3 – 3
🛠 Grandes chances: 1 – 1
☑️ Passes certos: 570 – 193💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/OB5A2MIV7d
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) December 5, 2021
Isso porque o Grêmio teve uma boa atuação em Itaquera. O Tricolor Gaúcho marcou bem no seu campo, se impôs diante da postura mais frouxa do Corinthians de Sylvinho e conseguiu levar vantagem na maioria dos duelos físicos no terço final com Diego Souza mostrando toda sua experiência e qualidade no ataque gremista. Além dele, Jhonata Robert e Ferreirinha conseguiam colocar muita velocidade pelos lados do campo e criavam muitos problemas para Du Queiroz e Fábio Santos. Sylvinho, por sua vez, apostava num 4-1-4-1 que tinha Xavier na proteção da zaga, Renato Augusto e Giuliano se revezando na criação das jogadas e muita movimentação no terço final. É interessante notar como o Timão mantinha essa formação mesmo quando Willian aparecia por dentro e Jô abria o campo pelo lado direito. Tudo para ganhar espaço em cima do 4-2-3-1 bem montado por Vagner Mancini para o confronto em Itaquera.
Notem que, por mais que Giuliano e Renato Augusto tentassem atacar a área de Gabriel Chapecó por dentro, as duas linhas gremistas sempre estiveram bem postadas. O problema estava no espaço entre laterais e zagueiros (um dos pontos mais problemáticos do escrete comandado por Vagner Mancini). Rafinha e Diogo Barbosa encontravam muitas dificuldades para conter Roger Guedes e Willian quando estes entravam em diagonal na direção do gol. Por outro lado, Lucas Silva e Thiago Santos foram bem na marcação por dentro e tiraram bastante o campo de ação dos meio-campistas corintianos. Na prática, o Grêmio se impunha através da velocidade e da força física sem nenhum grande plano para furar a bem postada defesa adversária. A única jogada do time gaúcho eram as bolas para Ferreirinha desequilibrar pela esquerda e procurar Diego Souza no comando de ataque ou tentar a finalização a gol.
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Muito pouco para quem precisava de soluções rápidas e para quem precisava tanto pontuar para sair de um incômodo Z4. Ainda mais com um elenco muito mais qualificado do que muitos outros times que também brigam contra o rebaixamento. Difícil explicar o que aconteceu com o Grêmio nos bastidores. Mas é fácil compreender que a desatenção aos detalhes parece cobrar seu preço. Por mais que o repertório do time comandado por Vagner Mancini não fosse lá muito vasto, o Tricolor Gaúcho conseguia se impor no primeiro tempo por conta da postura mais frouxa do Corinthians e da aplicação tática (às vezes exagerada) dos jogadores gremistas. A tal jogada manjadíssima com Ferreirinha pelo lado esquerdo acabaria sendo fundamental para que o Grêmio saísse na frente no placar na Neo Química Arena. Diego Souza matou o cruzamento do camisa 11 no peito, venceu a marcação e tocou na saída de Cássio. Belo gol.
Lembram da atenção aos detalhes? O Grêmio simplesmente não atacou mais depois de abrir o placar no final do primeiro tempo. Enquanto Sylvinho ia empilhando atacantes no Corinthians (talvez com a intenção de dar mais força ao seu time na inversão do 4-1-4-1 para um 2-3-5 mais posicional), Vagner Mancini ia trazendo sua equipe para trás, bloqueando a circulação de Gabriel Pereira, Gustavo Mosquito, Willian, Roger Guedes e Jô na frente da área. A essa altura, o Tricolor Gaúcho já jogava numa espécie de 5-4-1 com as entradas de Ruan, Vanderson, Villasanti e Borja (nos lugares de Rafinha, Jhonata Robert, Campaz e Diego Souza). Só que todo o escrete gremista esqueceu de um “pequeno detalhe” chamado Renato Augusto. Com as linhas muito atrás, a defesa gremista não fechou o espaço de circulação do único meio-campista de origem que sobrou no Corinthians após as mexidas de Sylvinho no segundo tempo.
É preciso deixar bem claro que um time que luta contra o rebaixamento JAMAIS pode deixar que um jogador do quilate de Renato Augusto receba a bola com tanta liberdade e muitoe permitir que ele tenha tempo para fazer o que fez nos minutos finais. É concentração máxima e cuidado com os detalhes do jogo. Abdicar do ataque e se fechar na defesa não foi a melhor escolha. Ainda mais quando Vagner Mancini sabia muito bem que o Corinthians iria abrir espaços na sua defesa e que poderiam ser explorados por jogadores mais descansados. O problema não foi a escolha pela linha de cinco, mas a escolha pelo “jeito mais fácil” e a maneira como o time de Vagner Mancini jogou fora dois pontos preciosíssimos na briga contra um rebaixamento que parece cada vez mais iminente. A atenção aos pequenos detalhes do jogo cobrava seu preço. E de modo até cruel para os padrões do velho e rude esporte bretão.
Os detalhes, por menores que sejam, influenciam diretamente no resultado final. O Grêmio vem aprendendo isso da pior maneira nessa reta final de Campeonato Brasileiro. E não há como ver o gol de Renato Augusto de outra forma que não seja a punição pelo descuido com uma série desses detalhes num jogo que poderia ter acabado de uma maneira muito mais feliz para o escrete de Vagner Mancini.
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