Sporting aproveita espaços, dá aula de contra-ataque e impõe derrota pesada ao Benfica de Jorge Jesus
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Ruben Amorim montou sua equipe para vencer o Derby de Lisboa em pleno Estádio da Luz
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Ruben Amorim montou sua equipe para vencer o Derby de Lisboa em pleno Estádio da Luz
Quem acompanha a coluna aqui no TORCEDORES.COM já viu este que escreve falar inúmeras vezes sobre aproveitamento do espaço num jogo de futebol. A equipe que consegue encontrá-los no campo adversário costuma ser a que impõe seu estilo com mais facilidade (lembrando as palavras de Sepp Herberger). A vitória do Sporting sobre o Benfica nesta sexta-feira (3) dentro do Estádio da Luz teve um pouco disso. Os Leões impuseram uma derrota pesada ao escrete de Jorge Jesus (que se vê cada vez mais pressionado no comando técnico dos Encarnados) e mostraram um futebol altamente eficiente acompanhado de verdadeiras aulas de contra-ataque, aproveitamento dos espaços e marcação na frente da área. Destaque para as grandes atuações de Matheus Nunes, Paulinho, Sarabia e Matheus Reis e do goleiro Antonio Adán. O Sporting levou a melhor no “Clássico dos Clássicos” com toda a justiça. Saiu até barato para o Benfica.
O #ManOfTheMatchSCP de hoje? 𝐀 𝐄𝐐𝐔𝐈𝐏𝐀 🟢⚪️
Esta foi por 𝐓𝐎𝐃𝐎𝐒!!! #OndeVaiUmVãoTodos pic.twitter.com/fqnE3eN9PG
— Sporting CP (@SportingCP) December 4, 2021
Mas é preciso dizer que os Leões também entregaram uma atuação coletiva de equipe que almeja coisas grandes. Muita marcação, aplicação tática, intensidade na movimentação e nas trocas de passe e muita velocidade quando conseguia levar a bola até o campo do Benfica. Ruben Amorim apostou num 3-4-1-2 com Paulinho aparecendo atrás de Pedro Gonçalves e Sarabia e se juntando a Matheus Nunes e Ugarte num 5-3-2 sem a bola. O Sporting conseguia “ler” bem os espaços na linha de cinco do escrete de Jorge Jesus e quase sempre colocava um dos seus atacantes em condições de finalizar a gol com passes precisos. Nesse ponto, os Encarnados sentiam demais a ausência do brasileiro Lucas Veríssimo e a falta de compactação na frente da última linha. Lázaro, André Almeida, Otamendi, Vertonghen e Grimaldo não se entendiam e Odysseas Vlachodimos que se virasse ali atrás. O gol de Sarabia mostra bem isso tudo.
Do outro lado, os Encarnados até conseguiam chegar no ataque com bolas mais longas para Darwin Núñez (e tentando usar a mesma estratégia do seu rival) às costas da linha de cinco defensores do Sporting. O grande problema é que Rafa Silva e Everton Cebolinha estavam em outra rotação e isolaram o atacante uruguaio no ataque benfiquista. Além disso, o escrete de Jorge Jesus também sofria com a falta de concentração e as falhas no posicionamento defensivo. Enquanto isso, o Sporting apenas fazia seu jogo e esperava que seu grande rival concedesse espaços para encaixar os contra-ataques. O “Mister” tentou uma cartada forte com a entrada de Yaremchuk no lugar de Lázaro e o deslocamento de Cebolinha para a ala-direita, mas só fez abrir ainda mais buracos no meio-campo do Benfica. Matheus Nunes ganhou ainda mais liberdade e Paulinho atacou o espaço às costas de Vertonghen no lance do segundo gol dos Leões.
O já mencionado Matheus Nunes ainda fez o terceiro gol em contra-ataque de manual aos 22 minutos do segundo tempo e fazer com que muitos benfiquistas perdessem a paciência com a indolência da equipe no Estádio da Luz. Jorge Jesus desfez seu 3-4-3 e apostou num 4-3-3/4-1-3-2 mais ofensivo com as entradas de Gilberto, Taarabt e Pizzi, ao passo que Ruben Amorim apenas recolheu as linhas do seu Sporting e administrou o resultado. É bem verdade que o Benfica criou chances na segunda etapa (Darwin Núñez e Rafa Silva acertaram a trave quando o placar ainda apontava 1 a 0 para o Sporting), as todo o time encarnado falhou demais nas conclusões a gol. Faltava aprimoramento e também a concentração necessária para tomar a melhor decisão. Quando Pizzi diminuiu o placar aos 51 minutos do segundo tempo, toda a torcida presente no Estádio da Luz já pedia a saída de Jorge Jesus do comando do Benfica.
O Sporting consolida sua superioridade e se isola na disputa pelo título português junto com o Porto. Ruben Amorim mostra mais uma vez que sua equipe não chegou aonde chegou por acaso. Mesmo sem um grande destaque individual, os Leões mostraram um jogo coletivo bastante consistente e muita concentração para aproveitar as chances que o Benfica concedia durante os noventa e poucos minutos de jogo. Matheus Nunes foi sim um dos melhores em campo (junto com Sarabia e Paulinho), mas todo o time do Alvalade merece aplausos por conta da apresentação desta sexta-feira (3). Jorge Jesus, por sua vez, segue sem conseguir encontrar a formação ideal. A lesão de Lucas Veríssimo foi um duro golpe para o “Mister” que vê seu sistema defensivo falhar demais sem a presença do brasileiro. Mesmo assim, a João Mário não pode ser a única “cabeça pensante” do meio-campo do Benfica. O time precisa de mais criatividade.
Certo é que a pressão em cima do “Mister” atingiu níveis altíssimos depois da dura derrota para o Sporting. Não somente pelos 3 a 1 sofridos em pleno Estádio da Luz, mas pela maneira com a qual o Benfica “aceitou” o resultado e foi envolvido pelo grande rival dentro de seus domínios. Os próximos dias podem ser determinantes para a permanência (ou não) de Jorge Jesus. E há uma certa torcida lá no Rio de Janeiro de olho no desfecho dessa história.
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