Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Cuca explorou todos os problemas do Athletico Paranaense de Alberto Valentim
Este que escreve esperava um confronto um pouco menos desequilibrado nesse “primeiro round” da decisão da Copa do Brasil. Só que o Atlético-MG simplesmente não apresentou qualquer sinal de piedade ou clemência diante do seu adversário e praticamente encaminhou o bicampeonato da competição com uma sonora goleada diante de mais 53 mil pessoas presentes no Mineirão. A atuação coletiva de cinema do escrete comandado por Cuca só não chamou mais atenção do que a facilidade com que o Athletico Paranaense “aceitou” o resultado (se é que podemos usar essa expressão). A equipe de Alberto Valentim não viu a cor da bola no jogo deste domingo (12) e cometeu erros bobos demais para quem foi bicampeão da Copa Sul-Americana em cima do Red Bull Bragantino não faz muito tempo. A disparidade técnica e tática entre os finalistas da Copa do Brasil beirou o inacreditável. E o Galo colocou uma mão na taça.
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As duas equipes entraram em campo sem surpresas. Cuca repetia seu 4-4-2/4-2-2-2 com Hulk e Diego Costa no comando de ataque, Zaracho e Keno pelos lados e muito volume de jogo nas transições ofensivas. Do outro lado, Alberto Valentim mantinha seu 3-4-3/5-2-3 costumeiro no Athletico Paranaense e deixava bem clara qual seria a postura da sua equipe desde o momento em que a bola rolou no Mineirão. Marcação em bloco baixo, congestionamento do meio-campo e uma linha de cinco na frente da área do goleiro Santos. No entanto, ao invés das boas atuações contra Flamengo e Red Bull Bragantino, o Furacão se mostrou desconcentrado e muito frouxo nos botes na intermediária. Na prática, Athletico Paranaense não competiu conforme o esperado. O escrete comandado por Cuca tinha total liberdade para fazer a sua saída de bola e fazer a “redondinha” chegar nos pés de Hulk, Zaracho e Diego Costa. E isso tudo sem precisar suar muito.
A saída de Diego Costa do jogo por lesão acabou facilitando ainda mais a vida de Cuca no jogo. Isso porque o treinador do Atlético-MG pôde apostar numa dupla de ataque mais móvel com Vargas próximo a Hulk. E vale aqui notar que a dinâmica ofensiva do Galo lembrava muito a dos times da década de 1990. Não era raro ver Keno e Zaracho centralizando para abrir o corredor para as subidas de Mariano e Guilherme Arana. Até mesmo Jair aparecia com certa liberdade no meio do 5-2-3 de Alberto Valentim. A facilidade com que o Galo fazia a bola chegar no campo ofensivo chegou a esconder um pouco a marcação extremamente frouxa do Athletico Paranaense e a falta de concentração de todos dentro de campo. Santos quase “entregou a paçoca” no começo do jogo, o trio defensivo não se entendia, Nikão ficou isolado na direita e Renato Kayzer parecia mais preocupado em provocar seus adversários do que em jogar futebol.
Este que escreve entende bem que o gol marcado por Hulk (logo aos 23 minutos do primeiro tempo) nasceu de uma penalidade NO MÍNIMO duvidosa e que isso condicionou todo o restante da partida. Mas nem isso diminui o tamanho do atropelamento do Atlético-MG diante de um adversário que concedeu espaços demais no seu campo e se mostrava desligado em determinados momentos. Vale aqui registrar um ponto importante. O problema do Furacão não estava na escolha de uma postura mais reativa. O problema todo no fato do Athletico Paranaense não ter tirado a velocidade do jogo, controlado mais as ações no meio-campo e não ter explorado as subidas de Mariano e (principalmente) Guilherme Arana ao ataque. Também é difícil entender como Keno encontrou um latifúndio na frente da linha de cinco depois de se livrar de Erick e Léo Cittadini antes de acertar bela finalização da entrada da área no lance do segundo gol do Galo.
O segundo tempo foi praticamente uam repetição do que se viu no primeiro. O Athletico Paranaense se lançava ao ataque de maneira desorganizada e o Galo apostava nos contra-ataques e numa pressão na saída de bola que redeu ótimos frutos. Como no gol de Vargas (o terceiro do Atlético-MG) após pixotada inacreditável de Thiago Heleno na origem do lance. Alberto Valentim tentou recolocar sua equipe no jogo com a entrada de Pedro Rocha no lugar de Nico Hernández, mas só fez abrir ainda mais a defesa do Furacão e viu Hulk iniciar a jogada do quarto e último gol em lance todo construído pelo lado esquerdo da defesa do Furacão. Mesmo com as substituições promovidas pelos dois treinadores, a impressão fortíssima é a de que o Galo sempre esteve muito mais perto de fazer o quinto do que o Athletico Paranaense de diminuir a vantagem no Mineirão. Por mais surpreendente que seja, o resultado foi justíssimo.
A verdade é que a postura cautelosa ao extremo do escrete comandado por Alberto Valentim cobrava seu preço de forma até cruel. Vá lá que o Galo vencesse o jogo por 1 a 0 com o gol de pênalti (duvidoso) marcado por Hulk. O Athetico Paranaense ainda estaria no páreo e com plenas condições de conquistar o título da Copa do Brasil nos seus domínios. A goleada sofrida neste domingo (12) só mostra como a estratégia escolhida foi mal planejada e mal executada diante de um adversário que não costuma perdoar esse tipo de erro. Ainda mais sabendo que os times de Cuca gostam de espaço e de colocar velocidade nas suas transições. Este que escreve ainda tenta entender o que aconteceu com a mesma equipe que conseguiu construir bons resultados na própria Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana diante de adversários mais fortes. O sistema defensivo do Athletico Paranaense simplesmente não existiu neste domingo (12).
Nada disso, no entanto, diminui o tamanho da atuação de Hulk, Zaracho, Vargas, Jair e companhia. Não é difícil concluir que esse Atlético-MG é tudo que Cuca sempre buscou ao longo da sua extensa carreira. Um time intenso ao extremo, veloz nas transições para o ataque e que gosta de “resolver” as coisas rapidamente. O melhor time do Brasil no momento mostra superioridade técnica e tática mais uma vez. Mesmo contra um adversário que fez de tudo para sair de campo derrotado.
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