Home Futebol Vitória suada da Argentina sobre o Uruguai indica o “mapa da mina” para Tite e a Seleção Brasileira

Vitória suada da Argentina sobre o Uruguai indica o “mapa da mina” para Tite e a Seleção Brasileira

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Lionel Scaloni e Óscar Tabárez no clássico do Rio da Prata desta sexta-feira (12)

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes de Lionel Scaloni e Óscar Tabárez no clássico do Rio da Prata desta sexta-feira (12)

Este que escreve esperava bem mais da equipe comandada por Lionel Scaloni no famoso clássico do Rio da Prata. Mesmo sabendo que Messi não poderia jogar todos os noventa minutos por conta de um problema no joelho esquerdo. Na prática, o que se viu foi uma Argentina bastante cautelosa, pragmática e que contou com a grande atuação do goleiro Emiliano Martínez para segurar a vitória por 1 a 0 sobre o Uruguai de Óscar Tabárez. Por outro lado, a partida disputada nesta sexta-feira (12), no Estádio Campeón del Siglo, indicou vários caminhos para Tite montar a Seleção Brasileira para o compromisso da próxima terça-feira (16), pela 14ª rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo. Principalmente no que se refere ao sistema defensivo do escrete comandado por Lionel Scaloni e de todas as dificuldades para conter o 4-1-4-1 proposto por Óscar Tabárez num Uruguai muito mais envolvente e mais agressivo do que aquele que foi goleado pelo escrete canarinho no último dia 14 de outubro.

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Apesar da atuação bem abaixo do que pode, a Argentina chegou a incríveis 26 partidas de invencibilidade sob o comando de Lionel Scaloni. A Albiceleste pode não jogar o futebol esperado por todos alguns jogadores podem não estar sendo aproveitados da melhor maneira. Mas é preciso lembrar que estamos falando de uma equipe muito competitiva e que sabe jogar no erro do adversário. Exatamente como aconteceu aos seis minutos de partida. Piquerez perdeu bola na intermediária para Dybala. O jogador da Juventus avançou e passou para Di María marcar um golaço. O que se viu desse momento até o final da primeira etapa foi uma Argentina que se fechou num 4-4-2 (que tinha De Paul e Guido Rodríguez por dentro e Lautaro Martínez mais avançado) e um Uruguai que empilhou chances desperdiçadas explorando bem a movimentação de Vecino e Bentancur por dentro e a intensidade de Luisito Suárez no comando de ataque da Celeste Olímpica. O golaço de Di María acabou condicionando a atuação das duas seleções.

O gol de Di María (marcado logo aos seis minutos) condicionou a atuação de Argentina e Uruguai em Montevidéu. Lionel Scaloni recuou as linhas do seu 4-4-2, mas não encontrava muitas saídas para o ataque diante do organizado e agressivo 4-1-4-1 de Óscar Tabárez. A Celeste Olímpica empilhou inúmeras chances desperdiçadas no primeiro tempo.

Difícil não perceber a facilidade com que a equipe comandada por Óscar Tabárez circulava a bola no meio-campo e chegava no ataque com bastante gente. Grande parte disse se devia ao fato de que o 4-4-2 de Lionel Scaloni parecia descompactado e que Lo Celso e Di María mostravam certa dificuldade para fechar as descidas de Vecino e Bentancur mais por dentro e para bloquear as linhas de passe de Torreira. Além disso, Cáceres e Piquerez também encontravam campo livre para aparecer no terço final e se dar ainda mais opções de passe para um Uruguai muito intenso nas trocas de passe, mas que acabou pecando (muito) nas finalizações a gol. A Argentina ia se segurando através da grande noite do goleiro Emiliano Martínez (o melhor em campo disparado) e pela própria falta de pontaria da Celeste Olímpica. De Paul e Guido Rodríguez muitas vezes precisavam abandonar a proteção da última linha mais por dentro para sair no encalço dos atacantes uruguaios. Faltava organização e atenção na cobertura.

O Uruguai encontrou muita facilidade para circular a bola no meio-campo no primeiro tempo. A Argentina sofreu para fechar os espaços e conter as investidas de Suárez, Vecino e Nández. Imagens: Reprodução / Youtube / CONMEBOL

Logo no início do segundo tempo, Lionel Scaloni mandou Papu Gómez, Ángel Correa e Joaquín Correa para o jogo e sacou Lautaro Martínez, Di María e Dybala. A Argentina chegou a melhorar na partida e criou pelo menos duas boas chances de gol. Muito por conta da velocidade que o “sangue novo” que o treinador portenho colocou em campo deu para a Albiceleste justo num momento em que o Uruguai diminuiu um pouco o ritmo e demorava um pouco para assimilar as substituições. Mesmo assim, ainda era pouco para conseguir balançar as redes pela segunda vez e conseguir algum alívio no Estádio Campeón del Siglo. As associações de Molina com Ángel Correa pela direita e de Papu Gómez saindo da esquerda para dentro e procurando Joaquín Correa entre Godín e Giménez. Além disso, o lateral Acuña também encontrava certa liberdade para chegar mais na frente. No entanto, essa melhora da Argentina durou pouco tempo. As melhores chances saíram de jogada individual de Papu Gómez e um chute de Joaquín Correa.

A Argentina ensaiou uma melhora no segundo tempo com as entradas de Papu Gómez, Ángel Correa e Joaquín Correa e as associações com Molina e Acuña pelos lados do campo, mas sem empolgar muito. Imagens: Reprodução / Youtube / CONMEBOL

O técnico Lionel Scaloni só mandou Messi a campo aos 30 minutos do segundo tempo, quando o Uruguai já havia retomado o controle da partida com as entradas de Facundo Torres e do ótimo Álvarez Martínez. O 4-1-4-1 passou a ter mais cara de 4-3-3 com todo o sistema ofensivo da Celeste Olímpica pressionando muito a saída de bola de uma Argentina assustada e sem muitas ideias. Arrambarri e Gorriarán deram mais consistência ao meio-campo uruguaio e foram importantes para conter as investidas de Papu Gómez e Ángel Correa. A Albiceleste mais se defendia, segurava o resultado e (até de certo modo) se poupava para a partida contra o Brasil do que tentava fazer algo de produtivo no campo de ataque. Por sua vez, o escrete comandado por Óscar Tabárez sofria muito com a falta de pontaria dos seus atacantes. Só Álvarez Martínez desperdiçou pelo menos três chances de balançar as redes. Fora isso, o goleiro Emiliano Martínez seguia com sua atuação de cinema com muita segurança e algumas doses de sorte.

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Uruguai e Argentina terminaram o segundo tempo do mesmo jeito que o primeiro. Ainda que a equipe de Lionel Scaloni tenha melhorado um pouco com as substituições, o escrete comandado por Óscar Tabárez retomou o controle da partida, mas viu o goleiro Emiliano Martínez salvar a Albiceleste com pelo menos quatro grandes defesas.

O contexto geral da partida explica (um pouco) a maneira como a Argentina se comportou na vitória sobre o Uruguai. O gol marcado logo aos seis minutos, o nervosismo da Celeste Olímpica nas conclusões a gol, a proximidade da partida contra a Seleção Brasileira e a ausência de Messi do time que iniciou a partida são alguns dos fatores que justificam essa apresentação um pouco mais abaixo da Albiceleste. Este que escreve não será leviano a ponto de afirmar categoricamente que essa será a postura a ser adotada na terça-feira (16). Ainda mais sabendo que a Argentina vai atuar nos seus domínios. Seja como for, Tite já tem elementos suficientes para pensar sua equipe para o próximo compromisso da Seleção Brasileira nas Eliminatórias da Copa do Mundo. A movimentação de Raphinha e Lucas Paquetá pelos lados e a circulação de Neymar por dentro pode ser importante para bagunçar a defesa portenha e abrir espaços. Mais atrás, será preciso ter muita atenção com os contra-ataques e as bolas mais longas.

O jogo contra a Argentina está bem longe de ser uma decisão para o escrete canarinho. Mas é o tipo de partida que pode dar muita confiança e consolidar ainda mais o trabalho realizado por Tite na equipe. Por mais que o cenário deva ser bem diferente daqui a alguns dias, o “mapa da mina” já foi descoberto e os caminhos já foram indicados mais de uma vez. Há sim como superar a Albiceleste jogando um bom futebol. Mas não será nada fácil vencer uma equipe que não sabe o que uma derrota há 26 partidas.

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