Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Gustavo Florentín e Guto Ferreira montaram as suas equipes para o jogo desta quinta-feira (18)
Este que escreve não esperava um grande futebol por parte de Sport e Bahia. E quando a bola rolou na Arena Pernambuco, foi possível perceber que o nível de desempenho apresentado nesta quinta-feira (18) condiz com a situação das duas equipes na tabela do Brasileirão. Seja como for, já se sabia que o jogo seria truncado e muito mais brigado do que efetivamente jogado. E nesse ponto, o escrete comandado por Gustavo Florentín acabou sendo mais feliz por justamente entender esse contexto e se adaptar a ele mais rapidamente do que seu adversário. Difícil não notar que o Leão parecia mais organizado e mais aplicado taticamente falando do que o time de Guto Ferreira durante os noventa e poucos minutos. Destaque para as boas atuações de Rafael Thyere e Sabino no miolo de zaga, do meia Everton Felipe e do goleiro Mailson. Duelo disputado, de poucos lances de bom futebol, mas que deixa bem evidente qual é o espírito de quem briga contra o rebaixamento nesse Campeonato Brasileiro de 2021
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #SPTxBAH 1-0
⚽️| Paulinho Moccelin
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 42% – 58%
👟 Finalizações: 16 – 14
✅ Finalizações no gol: 4 – 4
🛠 Grandes chances: 0 – 0
☑️ Passes certos: 311 – 417💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/jNh3Xt2ovQ
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) November 19, 2021
No papel, as duas equipes entraram em campo com formações semelhantes. O Sport veio para o jogo num 4-2-3-1 que trazia o veterano Hernanes mais por dentro e Sander mais presente no apoio ao ataque do que Ewerthon. E para fazer o contraponto defensivo no lado direito do Leão, Everton Felipe (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve por conta da sua movimentação e do seu intenso trabalho tático) jogava muito mais como mais um meia de criação do que efetivamente um ponta. Do outro lado, Guto Ferreira também apostou num 4-2-3-1, mas com dinâmica diferente. Ao invés de um time mais adiantado, linhas um pouco mais recuadas para que Raí Nascimento e Maycon Douglas pudessem sair em velocidade buscando Gilberto no comando de ataque. Ao mesmo tempo, Nino Paraíba e Juninho Capixaba apareciam no campo de ataque com frequência e tentavam encaixar triangulações com Danielzinho e Mugni (AQUELE Mugni) pelos lados do campo. Na prática, o 4-2-3-1 tinha cara de 4-1-4-1 em determinados momentos.
O panorama da partida quase não foi modificado no início da segunda etapa. Guto Ferreira tentou dar mais movimentação ofensiva para o Bahia com a entrada de Rodallega e Rodriguinho nos lugares de Maycon Douglas e Danielzinho, assumindo de vez o 4-1-4-1 com Patrick de Lucca entre as linhas. Gustavo Florentín, por sua vez, manteve o plano inicial e apostou na formação inicial com Mikael (ainda que em noite discreta) empurrando a zaga do Tricolor de Aço para trás e com Sander jogando quase como um ponta pela esquerda para aproveitar o espaço deixado pelas subidas de Nino Paraíba ao ataque. Mais atrás, Ewerthon era mais um “lateral-armador” do que apoiador e dava liberdade para Everton Felipe prender Juninho Capixaba pelo lado direito de ataque. Nesse ponto, o plano de Gustavo Florentín estava bem claro. Fechar as linhas sem a bola e tirar o espaço de circulação do Bahia no terço final. Assim que a posse retomada e o Leão partia na direção do gol de Danilo Fernandes em altíssima velocidade.
O gol marcado por Paulinho Mocellin aos 20 minutos do segundo tempo nasceu de uma jogada infeliz de Conti (que vinha fazendo boa partida até aquele momento) e também da boa execução da estratégia de Gustavo Florentín. É preciso dizer, inclusive, que o Sport controlava bem as ações do jogo nesse momento. O Leão apenas colocou em prática aquilo que vinha ensaiando: linhas fechadas, pressão na marcação e alta velocidade na retomada. Guto Ferreira, por sua vez, deixou seu 4-1-4-1 com mais cara de 4-3-3 com as entradas de Juan Ramírez, Ronaldo César e Edson nos lugares de Raí Nascimento, Gilberto e Patrick de Lucca, mas viu sua equipe parar no “ônibus estacionado” por Gustavo Florentín na frente da área de Mailson. Quase um 5-4-1 que pode ser visto até como um 5-5-0 (!!!) já que Tréllez voltava quase até a linha do meio-campo perseguindo Juninho Capixaba com Ronaldo Henrique e Chico se somando a todo o sistema defensivo. Sem criatividade e velocidade, o Bahia não teve como reagir na Arena Pernambuco.
É verdade que o caminho para fora do inferno do Z4 ainda é longo e que a tendência é que Sport e Bahia sofram um bocado para se livrar da degola. Por outro lado, ficou bem claro (pelo menos para este que escreve) que o escrete comandado por Gustavo Florentín deu a impressão de estar com um espírito mais competitivo do que o seu adversário desta quinta-feira (18). Este colunista não afirma isso apenas por causa do resultado, mas por conta de tudo o que eu e você vimos na Arena Pernambuco. Enquanto o Leão tinha alternativas (apesar de nem sempre executá-las de acordo com o planejado), o Bahia parecia “satisfeito” com o empate fora de casa e adotava uma postura mais cautelosa e pragmática embora bastante organizada defensivamente. Nesse ponto, a aplicação tática dos jogadores de ataque do Sport falaram mais alto diante da falta de concentração e de tranquilidade de um Bahia que se desmanchou depois do erro fatal cometido pelo bom zagueiro Conti no lance que originou o único gol da partida.
Difícil afirmar com clareza se Sport e Bahia vão se livrar da zona do rebaixamento. Ainda mais quando se sabe que o futebol apresentado está de acordo com o posicionamento das duas equipes na tabela do Brasileirão. No entanto, diante da entrega e da maneira como os jogadores compraram as ideias de Gustavo Florentín, é possível enxergar um ânimo maior no Leão por conta de uma série de fatores. A aplicação tática, a organização e a comunhão com a sua torcida são alguns deles. Há como se livrar da degola a tempo.
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