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Seleção Brasileira se garante na Copa do Mundo com alto nível de competitividade e grande potencial de crescimento

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação segura da equipe comandada por Tite na vitória sobre a Colômbia de Reinaldo Rueda

Por Luiz Ferreira em 12/11/2021 10:47 - Atualizado há 9 meses

Lucas Figueiredo / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação segura da equipe comandada por Tite na vitória sobre a Colômbia de Reinaldo Rueda

Antes de mais nada, precisamos admitir que a classificação da Seleção Brasileira para a Copa do Mundo de 2022 nunca esteve ameaçada. Faltava apenas a confirmação que veio nesta quinta-feira (11) com a vitória sobre a Colômbia, em São Paulo. A equipe comandada por Tite conquistou 34 pontos em 36 possíveis, com onze vitórias e apenas um empate, 27 gols marcados e APENAS quatro sofridos. Há quem diga que o futebol sul-americano caiu muito de nível e que Brasil e Argentina acabam sobrando nas Eliminatórias por conta dessa disparidade de nível técnico no continente. Este que escreve, no entanto, chama a atenção para o fato de que o escrete canarinho construiu essa superioridade ao longo dos últimos meses. A vaga no Mundial do Catar foi conquistada com a já conhecida competitividade da Seleção Brasileira, a imensa solidez defensiva e (talvez a melhor notícia dessa vitória sobre a Colômbia) com um potencial de crescimento muito grande. Principalmente por conta das opções ofensivas à disposição de Tite.

Com os retornos de Alisson, Danilo, Marquinhos e Casemiro, a Seleção Brasileira entrou em campo organizada no mesmo 4-4-2/4-2-4 da goleada sobre o Uruguai. Gabriel Jesus e Neymar formavam a dupla de ataque com Raphinha e Lucas Paquetá jogando pelos lados do campo. Movimentação, intensidade nas trocas de passe e muita concentração para encontrar o espaço no compactado e pragmático 4-5-1 colombiano. Reinaldo Rueda congestionou o meio-campo da sua equipe com Barrios, Lerna e Moreno na frente da última linha, Zapata mais à frente como a referência ofensiva e Luis Díaz e Cuadrado desafogando o jogo às costas de Danilo e Alex Sandro. Quem viu o primeiro tempo da partida desta quinta-feira (11) percebeu bem que a equipe comandada por Tite sentia muito a falta de quem desse profundidade ao ataque e sofria com as chegadas mais ríspidas do seu adversário. De chances reais de gol, apenas um chute de Danilo na trave (após jogada de ultrapassagem com Raphinha) e uma cabeçada de Marquinhos após cobrança de escanteio.

A Seleção Brasileira entrou em campo organizada no 4-4-2/4-2-4 costumeiro de Tite. Lucas Paquetá e Raphinha jogavam pelos lados e Neymar formava dupla de ataque com Gabriel Jesus diante de uma Colômbia bem fechada e que tentava explorar a velocidade de Cuadrado, Zapata e Luis Díaz. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

Com Raphinha e Lucas Paquetá pelos lados (ainda que este último aparecesse mais por dentro em determinados momentos), a proposta de Tite era dar bastante amplitude à Seleção Brasileira para abrir espaços para Fred, Neymar e Gabriel Jesus pelo meio. O problema é que a Colômbia se mostrava muito atenta na marcação e ainda teve bons momentos na primeira etapa, com seu trio de volantes valorizando a posse da bola e circulando bastante no campo ofensivo (ainda que não conseguisse superar o sempre eficiente bloqueio defensivo brasileiro). Diante desse cenário, Tite mandou Vinícius Júnior para o jogo no segundo tempo e recuou Lucas Paquetá para o meio-campo. Não demorou muito tempo para que a Seleção Brasileira se mostrasse mais envolvente nas trocas de passe e começasse a aparecer mais na área colombiana. Destaque para o trabalho tático feito pelo camisa 17, aparecendo quase como um meia de criação no espaço entre as linhas da equipe de Reinaldo Rueda e ajudando na variação do 4-4-2 para um 3-2-5/2-3-5 altamente ofensivo.

Com a entrada de Vinícius Júnior no lugar de Fred e o deslocamento de Lucas Paquetá para o meio-campo, a Seleção Brasileira ganhou mais força ofensiva e pôde explorar bem o espaço entre as linhas da Colômbia. O 4-4-2 de Tite variava para um 3-2-5/2-3-5 conforme a movimentação dos laterais e atacantes. Foto: Reprodução / TV Globo / GE

As entradas de Matheus Cunha e Antony nos lugares de Gabriel Jesus e Raphinha deram ainda mais mobilidade ao ataque da Seleção Brasileira e também um pouco mais de profundidade por conta do posicionamento do atacante do Atlético de Madrid no meio dos zagueiros colombianos. Com as linhas de marcação mais adiantadas e muito mais volume de jogo, a equipe comandada por Tite finalmente balançou as redes aos 26 minutos do segundo tempo. E a jogada toda exemplifica bem aquilo que o treinador quer da sua equipe. Toques rápidos, intensidade e organização ofensiva para que todos participem das jogadas de ataque com e sem a bola. Marquinhos recuperou bola no meio-campo e passou para Neymar. O camisa 10 viu Lucas Paquetá atacando o espaço aberto pela movimentação de Matheus Cunha e fez o passe de primeira. O meia do Lyon ajeitou o corpo e tocou no canto direito do goleiro Ospina. Gol da vitória e da classificação para a Copa do Mundo de 2022. Gol que é o retrato perfeito de uma Seleção Brasileira altamente competitiva.

Marquinhos intercepta o passe no meio-campo e passa para Neymar. O camisa 10 vê Lucas Paquetá atacando o espaço e faz o passe certeiro para o meia do Lyon balançar as redes na Neo Química Arena. Imagens: Reprodução / TV Globo / GE

Além de acalmar um pouco os ânimos, a vantagem (mínima) no placar fez com que a Seleção Brasileira baixasse as suas linhas e administrasse o resultado. Mas sem abdicar das jogadas ofensivas. Linhas um pouco mais baixas para que o rápido e móvel quarteto ofensivo (já que Fabinho entrou no lugar de Lucas Paquetá) pudesse ter espaço para armar e organizar os contra-ataques. E nesse ponto, precisamos dar destaque para a excelente pressão pós-perda da equipe comandada por Tite. É impressionante como os jogadores se adaptaram rápido à proposta de jogo do treinador e usam esse recurso com a máxima eficiência em qualquer setor do campo. Ainda que Vinícius Júnior tenha se mostrado novamente muito afobado em determinados lances (como o mostrado abaixo), o atacante do Real Madrid também parece estar assimilando bem os conceitos de Tite e procurando executá-los da melhor maneira possível. Ele, Matheus Cunha e Antony são opções interessantíssimas para jogos mais físicos. Exatamente como o dessa quinta-feira (11).

Todos os jogadores da Seleção Brasileira já se mostram mais adaptados aos conceitos implementados por Tite. A pressão pós-perda é um dos elementos que melhor foram assimilados pelos atletas mais novos. Imagens: Reprodução / TV Globo / GE

É possível sim afirmar que a Seleção Brasileira não tem o mesmo brilho que apresentou nas Eliminatórias para a Copa do Mundo da Rússia e que Tite parece meio alheio ao apelo popular por este ou aquele jogador. No entanto, é preciso entender o contexto. Além de utilizar as mais diferentes formações táticas e testar uma grande variedade de nomes (ainda que não sejam os nossos preferidos), o técnico do escrete canarinho conseguiu manter o nível alto de desempenho da sua equipe com atuações muito mais seguras do que encantadoras. E tudo isso sem comprometer os resultados. Ainda há muito trabalho a fazer nessas últimas seis rodadas (contando o jogo adiado contra a Argentina) e nos amistosos que virão pela frente, principalmente no que se refere aos momentos em que a equipe precisa ser mais agressiva com a posse da bola e encontrar os jogadores certos para executar as funções que Tite pede em campo. Há uma base, uma espinha dorsal bem clara. E ela precisa de ajustes e de aprimoramento daqui até o Mundial do Catar.

No entanto, conforme já mencionado anteriormente, a grande notícia da Seleção Brasileira é o grande potencial de crescimento que a equipe ganhou com jogadores como Antony, Matheus Cunha, Vinícius Júnior, Lucas Paquetá e vários outros. O nível de competitividade (que já era alto) pode se elevar ainda mais se Tite encontrar a formação correta e os nomes que melhor se adaptem ao seu modelo de jogo. Mesmo sem encantar, o escrete canarinho impõe um respeito construído ao longo dos meses com muita dedicação e aplicação tática. A Seleção Brasileira se transformou numa equipe muito difícil de ser superada.

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