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Atuação contra o Atlético-MG pode ter deixado pistas sobre o Palmeiras da final da Libertadores; entenda

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Abel Ferreira e o duelo de estratégias travado contra Cuca no Allianz Parque

Por Luiz Ferreira em 24/11/2021 03:36 - Atualizado há 3 anos

Pedro Souza / Atlético-MG

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Abel Ferreira e o duelo de estratégias travado contra Cuca no Allianz Parque

Todo mundo sabe que Palmeiras e Flamengo estão com a cabeça voltada para a decisão da Copa Libertadores da América. Não foi por acaso que os dois finalistas entraram em campo com equipes ditas “alternativas” nos seus compromissos no Campeonato Brasileiro. Mas é preciso dizer que a atuação dos comandados de Abel Ferreira contra o Atlético-MG de Cuca nesta terça-feira (23) deixou algumas pistas sobre o que se pode esperar do Verdão na partida do próximo sábado (27), em Montevidéu. Principalmente pela maneira como o escrete da casa se comportou contra o líder do Brasileirão em determnados momentos da partida no Allianz Parque. Não é difícil imaginar (ainda mais sabendo das características dos times de Cuca e Renato Gaúcho) que o Palmeiras vá repetir alguns dos conceitos trabalhados e bem executados no emocionante e brigado empate contra o Atlético-MG em São Paulo.

A começar pela formação que entrou em campo. Suspenso, Abel Ferreira deu lugar ao auxiliar João Martins e viu o Palmeiras se fechar com uma linha de cinco na defesa e buscar as saídas rápidas pelos lados do campo com Marcos Rocha e Wesley abrindo bastante o campo para conter os avanços dos laterais adversários ao ataque. O 5-2-3 se transformava num 3-4-3 de muita mobilidade e movimentação entre as linhas do meio-campo e da defesa do Atlético-MG. Este, por sua vez, se organizava no 4-4-2/4-2-2-2 com Nacho Fernández abrindo o corredor para as subidas de Guilherme Arana pela esquerda e com Zaracho entrando em diagonal nos espaços abertos pela movimentação de Hulk e Diego Costa à frente de Danilo Barbosa, Kuscevic e Renan. Muita marcação, muita briga no meio-campo e um ritmo de jogo muito intenso no Allianz Parque por parte das duas equipes nesta terça-feira (23).

O Palmeiras apostou numa linha de cinco na frente da área de Jailson e muita velocidade pelos lados. Já o Atlético-MG manteve seu 4-4-2/4-2-2-2 básico com muita movimentação ofensiva.

Wesley aproveitou passe de Gabriel Veron (após escapada de Marcos Rocha pelo lado direito) e abriu o placar após um belo drible em Guga aos 27 minutos do primeiro tempo. Aos 35, Guilherme Arana invadiu a área e finalizou na direção do gol. Jailson deu rebote e Zaracho não desperdiçou. Mas é preciso deixar bem claro que o Palmeiras (mesmo poupando seus principais jogadores) conseguia competir e criar problemas para um Atlético-MG que havia entrado em campo com sua força máxima. Difícil não perceber que faltava um pouco de mobilidade ao time de Cuca e que o meio-campo perdia muita criação com Nacho Fernández um pouco mais pelo lado e longe de Hulk e Diego Costa. A entrada de Keno (após o intervalo) visava resolver exatamente esse problema no Galo, embora o escrete de Belo Horizonte sofresse demais com as investidas de Wesley e Gabriel Veron às costas de Guga e Guilherme Arana.

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O que se via no Allianz Parque era um Palmeiras bem organizado defensivamente e que chegava com perigo ao ataque sempre que a equipe conseguia colocar velocidade nas transições ofensivas. Ou aproveitar os cochilos da zaga do Atlético-MG, como no gol marcado por Deyverson (aos 11 minutos do segundo tempo) logo depois de Everson defender penalidade cobrada por Patrick de Paula. Hulk empatou a partida quatro minutos depois em belo chute de fora da área e o escrete comandado por Cuca ainda desperdiçaria pelo menos mais duas boas chances de virar o jogo. Seja como for, o Palmeiras se comportava bem diante da pressão do seu forte adversário e ainda conseguia travar o jogo das principais referências técnicas do Galo. Não foi por acaso que Hulk teve que sair da área e vir buscar o jogo na intermediária na segunda etapa. O escrete Abel Ferreira marcava bem e saía para o ataque com desenvoltura e organização.

O 5-2-3/3-4-3 montado por Abel Ferreira travou as saídas do Atlético-MG e ainda acelerava bastante com Marcos Rocha, Wesley e Gabriel Veron explorando as subidas de Guga e Guilherme Arana ao ataque. A postura do Palmeiras na final da Libertadores deve ser mais ou menos a mesma. Foto: Reprodução / Premiere / GE

É evidente que qualquer palpite sobre a final da Libertadores não passa de especulação e exercício de adivinhação deste e de muitos outros que escrevem sobre o tema. Certo é que Abel Ferreira já deve ter seu plano elaborado e estudado bastante. O jogo contra o Atlético-MG deixou sim algumas pistas de como o Palmeiras deve se comportar diante de um Flamengo que deve entrar em campo completo no sábado (27). Não se surpreendam se o treinador português repetir a linha de cinco defensores vista no jogo desta terça-feira (23) e na histórica semifinal de 2020 contra o River Plate de Marcelo Gallardo na Argentina. Tudo bem que o contexto é outro e que estamos falando de equipes com estilos de jogo diferentes. Por outro lado, não seria nenhum absurdo ver o Palmeiras explorando os lados do campo e dando a bola para seu adversário na decisão do torneio mais importante do continente.

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Abel Ferreira já mostrou seu valor mais de uma vez e tem conceitos muito claros sobre o que pensa sobre futebol e a montagem da sua equipe. Por mais que boa parte da imprensa e da torcida peguem no seu pé pelo temperamento explosivo e pelas respostas meio atravessadas nas suas entrevistas coletivas, é preciso dizer que estamos falando de um treinador que conhece muito bem o elenco do Palmeiras. Além de ser um dos mais capacitados e inteligentes quando o assunto é contra-ataque e organização ofensiva. Não é pouca coisa.

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