Lionel Messi, a Bola de Ouro e a nossa eterna discussão sobre os critérios de premiações individuais
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os motivos que levaram a France Football a escolher o craque argentino como o melhor do mundo em 2021
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa os motivos que levaram a France Football a escolher o craque argentino como o melhor do mundo em 2021
Em cerimônia realizada no Théâtre du Châtelet, em Paris, Lionel Messi foi o escolhido pela renomada Revista France Football como o melhor jogador do mundo em 2021, desbancando nomes como Lewandovsiki, Jorginho, Benzema, Kanté, Cristiano Ronaldo e Mohamed Salah. A premiação fez a festa dos fãs incondicionais do craque do Paris Saint-Germain e levou em consideração (pelo menos na visão deste que escreve) a conquista da Copa América pela Argentina no mês de julho e a quebra de um jejum de títulos que já durava quase três décadas. Mesmo assim, entender os critérios utilizados pela France Football é um verdadeiro desafio diante da infinidade de variáveis que o velho e rude esporte bretão nos apresenta. Há quem diga que Messi não foi tão genial assim em 2021 e isso está bem longe de ser um absurdo. Assim como não é nenhum absurdo ele ter sido eleito o melhor do mundo pela sétima vez.
Isso porque os critérios usados pelos jornalistas na escolha do vencedor da Bola de Ouro são os mais variados possíveis. Alguns levam em consideração os números de cada finalista pelos seus clubes e pelas suas seleções. Outros focam no desempenho dentro de campo e nas conquistas (Liga dos Campeões da UEFA, Eurocopa, Liga das Nações e por aí vai). E há quem siga o “hype” e o “fandom” deste ou daquele jogador mais famoso. São critérios diferentes, injustos para uns e válidos para outros, mas que sempre aparecem em premiações como a da France Football.
Falando especificamente de Messi, se levarmos em consideração suas atuações pelos seus clubes, veremos que “La Pulga” ficou bem longe de um título importante. Ele sofreu com o Barcelona de Ronlad Koeman e ainda está se adaptando ao estrelado Paris Saint-Germain de Mauricio Pochettino. No entanto, ficou mais do que claro que a escolha dos jornalistas levou em consideração a conquista da Copa América pela Argentina e a quebra do jejum de 28 anos sem títulos da Albiceleste. E o mais interessante é que o triunfo do escrete de Lionel Scaloni teve mais peso do que a conquista da Eurocopa pela Itália de Jorginho ou a da Liga das Nações pela França de Benzema e Kanté.
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Não foi uma Copa América de grandes jogos, é verdade. Mas a conquista da competição entre seleções mais antiga do mundo ainda tem seu prestígio e consagra sim jogadores e treinadores. Difícil não ver que Messi se transformou no líder que tanta gente pedia na Albiceleste e comandou a sua equipe na vitória magra sobre a Seleção Brasileira de Neymar, Casemiro, Richarlison, Ederson, Lucas Paquetá e Tite. Ainda circula por todo o campo e deixa os companheiros de equipe na cara do gol com passes precisos e se transformou no jogador mais adiantado do escrete de Lionel Scaloni, um 4-3-3 que se transformava num 4-4-2 com o recuo de Di María para junto de Paredes, De Paul e Lo Celso. Marcação forte e velocidade nas transições.
“La Pulga” pode não ter ido bem com a camisa do Barcelona e sido diretamente prejudicado pelas escolhas táticas ruins de Ronald Koeman e por todo o caos instalado no clube catação. Pode ainda estar em processo de adaptação ao Paris Saint-Germain (ainda que Mauricio Pochettino mostra enormes dificuldades para encontrar seu melhor posicionamento na equipe parisiense). Mas a conquista da Copa América pela Argentina foi sim um divisor de águas na carreira do melhor jogador do mundo.
Pelo menos para este que escreve, o fato de Lionel Messi ter sido um dos principais responsáveis pela conquista da Copa América pela Argentina (e pela consequente quebra do jejum de 28 anos sem títulos da Albiceleste) foi crucial para a escolha da Bola de Ouro da France Footbal. Muito mais do que a conquista da Eurocopa pela Itália de Roberto Mancini, Jorginho e Donnarumma (eleito o melhor goleiro do mundo). Muito mais do que a conquista da Liga das Nações pela França de Didier Deschamps, Benzema, Mbappé e Kanté. E muito mais do que a Liga dos Campeões do Chelsea de Thomas Tuchel e mais uma porção de grandes times e grandes jogadores que brilharam em 2021. O grande X da questão é estabelecer um critério. É o gosto pessoal? São os números? São as conquistas por clubes e seleções? Ou é tudo isso junto? Seja como for, premiações como a da France Football sempre vão dividir opiniões.
A verdade é que não existe um critério que seja o mais correto e uma maneira mais precisa de se determinar se um jogador foi melhor do que outro numa determinada temporada. E vale sempre lembrar que futebol não costuma atender aos nossos gostos pessoais apesar de ser algo da nossa natureza. Queremos controlar um esporte que não se deixa controlar por uma série de variáveis e de acontecimentos ali dentro das quatro linhas. Este que escreve não acredita em “hype” ou “fandom”. Se assim fosse, Cristiano Ronaldo (mesmo com sua temporada bem abaixo na Juventus, no Manchester United e na Seleção de Portugal) teria ficado pelo menos no TOP 3 da disputa pela Bola de Ouro. É por isso que a escolha de Messi não é absurda. Ela tem sua coerência dentro dos critérios que foram utilizados por quem escolheu o dono do posto de melhor do mundo em 2021. Ainda que não agrade a todos.
Lewandowski, Benzema ou Jorginho. Se pelo menos um deles tivesse sido o agraciado com a premiação da France Football no lugar de Messi, nós estaríamos aqui discutindo a mesma coisa. Critérios existem e não costumam agradar a todos. Ainda mais num esporte tão dinâmico como esse que amamos e admiramos tanto.
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