Manchester City se mantém fiel ao seu estilo e escancara as fragilidades coletivas do Paris Saint-Germain
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Pep Guardiola explorou os problemas crônicos do PSG comandado por Mauricio Pochettino
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Pep Guardiola explorou os problemas crônicos do PSG comandado por Mauricio Pochettino
Uma vitória pode nos oferecer muito mais do que um simples resultado. A virada do Manchester City sobre o Paris Saint-Germain em jogo válido pela quinta rodada da fase de grupos da Liga dos Campeões da UEFA é um desses casos. Não somente pela maneira como o escrete de Pep Guardiola se manteve fiel ao seu estilo (o conhecido e ainda tão incompreendido “jogo de posição”), mas por todas as fragilidades coletivas do time comandado por Mauricio Pochettino. Impossível não notar que, mesmo tendo Messi, Di María, Neymar, Marquinhos, Mbappé, Paredes, Herrera e mais uma porção de ótimos jogadores, a equipe parisiense sofria com a falta de ideias e com uma estratégia baseada apenas no brilho individual. Muito pouco para quem tem tanto material humano à disposição. E muito pouco para encarar o sempre competitivo e agressivo Manchester City de Pep Guardiola.
FT | City win!
Paris Saint-Germain scored just five minutes after the restart to make things really interesting in Manchester, but the hosts managed to come back and register a deserved victory.
Manchester City will top the group, while PSG will certainly be 2nd!#MCIPSG #UCL pic.twitter.com/Gp0FbmAKlg
— Sofascore (@SofascoreINT) November 24, 2021
É preciso deixar bem claro que os Citzens dominaram completamente a partida desta quarta-feira (24). Por mais que o PSG tenha levado perigo com algumas escapadas de Neymar e Mbappé às costas da defesa, o cenário era de imposição clara de um Manchester City muito bem organizado e que parecia se multiplicar em campo. Tudo porque Pep Guardiola se manteve fiel ao seu estilo e soube como explorar o espaço que a movimentação dos seus jogadores na frente da área de Keylor Navas. Este, por sua vez, salvou o Paris Saint-Germain de um desastre ainda maior com pelo menos três grandes defesas.
Sterling e Mahrez abriam o campo e ainda buscavam o espaço aberto pela movimentação de Bernardo Silva na frente de Marquinhos e Kimpembe. Notem aqui que o português não era o “homem de área”, mas o “falso nove” que ocupava o espaço entre as linhas do adversário e permitia que Gündogan e Zinchenko se lançassem ao ataque e empurrassem ainda mais o Paris Saint-Germain para trás. Rodri fechava bem o meio e ainda dava sequência a todas as jogadas com o luxuoso auxílio de Walker e João Cancelo.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJQRzJzc2l4RSIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]
Do outro lado, Mauricio Pochettino apostava num 4-3-3 que pouco aproveitava o enorme talento que tinha à disposição. Isso porque Mbappé ficava mais preso na frente com Neymar e Messi voltando apenas até a intermediária para receber o passe e iniciar o contra-ataque. A estratégia pode até funcionar contra equipes (em tese) mais fracas por conta do talento individual, mas se mostra pouquíssimo efetiva contra o Manchester City. A forte pressão pós-perda e a marcação intensa na saída de bola fizeram com que o PSG encontrasse dificuldades enormes para sair do seu campo e acionar o seu talentosíssimo trio ofensivo. Em cada espaço, em cada pedaço do campo, haviam pelo menos dois jogadores do City dispostos a pressionar, provocar o erro e retomar a posse para retomar as jogadas de ataque.
A pobreza coletiva do Paris Saint-Germain de Mauricio Pochettino ficava ainda mais evidente quando se percebe que Neymar, Messi e Mbappé só conseguiam criar alguma coisa na base da transição rápida. O problema não é jogar em bloco baixo e em transições rápidas, mas como você faz isso.
Mesmo assim, quem abriu o placar foi o PSG. Messi aparece na esquerda, tabela com Paredes e Nuno Mendes e cruza para a área. A bola passa por toda a defesa do City e encontra Mbappé livre no outro lado. O camisa 7 domina e chuta entre as pernas de Ederson. O gol foi a senha para Pep Guardiola sacar Zinchenko e mandar Gabriel Jesus para o jogo. Com o brasileiro em campo, os Citzens ganharam uma referência de mais força entre os zagueiros e mais qualidade no passe com o recuo de Bernardo Silva para o meio-campo. Com a “inversão da pirâmide” tão conhecida e celebrada por todos que amam este esporte, o Manchester City se impôs ainda mais no jogo. Com Di María em campo, o PSG se organizou num 4-2-3-1 mais nítido, mas ainda sem a compactação necessária para encarar a linha de cinco atacantes de um adversário extremamente agressivo e extremamente fiel ao seu estilo de jogo.
Aos 17 minutos do segundo tempo, Rodri descolou passe cavado de cinema para Walker. Este cruzou para a área e Sterling apenas escorou para o gol vazio. E aos 30 minutos, Mahrez cruzou da direita, Bernardo Silva (muito mais meia de criação do que atacante depois da saída de Zinchenko) tocou para Gabriel Jesus que teve apenas o trabalho de deslocar Keylor Navas. Gols com a marca de Pep Guardiola e da movimentação intensa do seu “jogo de posição” diante de um adversário que pouco pôde fazer. É preciso deixar bem claro que o time de Mauricio Pochettino pode (e deve) jogar muito mais do que jogou nesta quarta-feira (24). A oportunidade desperdiçada por Neymar no segundo tempo, com jogada trabalhada desde o meio-campo, é uma das provas de que o Paris Saint-Germain tem potencial para fazer muito mais do que apenas baixar o bloco e esperar por um “milagre”.
Por outro lado, este que escreve entende que deve ser estupidamente difícil trabalhar num clube com tantas interferências e tantos conflitos de interesse como o PSG. Por mais que Mauricio Pochettino tenha sim sua parcela de culpa, o cenário deve ser levado em consideração nesse sentido. Ainda mais com um Manchester City fiel ao seu estilo e se adaptando ao contexto de um jogo que foi resolvido de maneira muito mais simples do que o placar final sugere.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJNRk5aSzhNbiIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]
CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:
Precisamos admitir que Tite foi sim o melhor técnico brasileiro da década passada; confira a análise