Superioridade do Atlético-MG foi clara e evidente diante de um Corinthians desarrumado e sem brilho
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Cuca e Sylvinho e o desenrolar dos acontecimentos da partida desta quarta-feira (10)
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as ideias de Cuca e Sylvinho e o desenrolar dos acontecimentos da partida desta quarta-feira (10)
Antes de mais nada, é preciso dizer que o Atlético-MG não precisou forçar muito para aplicar 3 a 0 sobre o Corinthians nesta quarta-feira (10), no Mineirão. Bem longe disso. A 13ª vitória consecutiva do Galo nos seus domínios (recorde no Brasileirão disputado por pontos corridos) nasceu muito mais do controle das ações dentro das quatro linhas do que do conhecido “amasso” e por um grande número de chances desperdiçadas pela equipe comandada por Cuca diante de um adversário bastante desarrumado e que sofria com as escolhas táticas de Sylvinho. Aliás, é preciso deixar bem claro que este último fator contribuiu muito para que o Timão não conseguisse competir em nenhum momento da partida. Faltava muita coisa no Corinthians. Principalmente o brilho que eu e você víamos nos jogadoras mesmo quando a equipe sofria com a falta de organização tática. O Atlético-MG dava mais um passo bem grande rumo ao título brasileiro e construiu mais um triunfo com uma facilidade muito grande.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #CAMxSCCP 3-0
⚽️| Diego Costa, Keno e Hulk
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 47% – 53%
👟 Finalizações: 11 – 7
✅ Finalizações no gol: 5 – 0
🛠 Grandes chances: 1 – 1
☑️ Passes certos: 379 – 438💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/eBsfxj89ty
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) November 11, 2021
As palavras acima não são fruto de nenhum devaneio deste colunista. Muito pelo contrário. A superioridade do Atlético-MG em todo o jogo disputado no Mineirão era muito clara. Sem Nacho Fernández, Cuca manteve seu 4-4-2 básico com Hulk e Diego Costa se revezando no comando de ataque, Allan fazendo a saída de bola, Tchê Tchê aparecendo com frequência na frente e Zaracho e Keno abrindo o corredor para as descidas de Mariano e Guilherme Arana. Do outro lado, Sylvinho insistia numa formação que mais deixava seu Corinthians sem criatividade do que dava mobilidade ao ataque. Isso porque Renato Augusto jogava como “falso nove” e fazia muita falta na saída de bola e na distribuição dos passes no meio-campo. Gabriel não vem de boa fase e sofria para proteger a última linha e Giuliano não conseguia dar sequência a nenhuma jogada de ataque. Diante desse cenário, fica bem fácil entender e compreender por que o Atlético-MG quase não teve dificuldades para construir a vitória.
Mais do que a desorganização no meio-campo, o que se via no Mineirão era um Corinthians frouxo e que não conseguia impor seu estilo contra um Atlético-MG que foi muito mais eficiente do que agressivo no Mineirão. A impressão que era passada para quem via o jogo era a de que o escrete comandado por Cuca não precisava fazer muita força para levar a bola do seu campo de defesa até o ataque, já que seu adversário quase não incomodava e deixava a marcação muito frouxa. O lance do primeiro gol da partida (marcado por Diego Costa logo aos 13 minutos de partida) mostra bem isso. Réver recebe de Everson e encontra Keno no meio-campo. Este passa para o camisa 19 na intermediária e vai progredindo até a entrada da área sem que nenhum dos jogadores do Corinthians se aproximasse para dar o combate. Interessante que nesse mesmo lance, Guilherme Arana abre o campo pela esquerda, Hulk arrasta a marcação pela direita e Zaracho ainda aparece por dentro. Diego Costa teve todo o tempo do mundo.
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Aliás, ainda é muito difícil entender o que Sylvinho quer do seu sistema defensivo. Não há como entender uma linha defensiva que recua e dá ainda mais campo ao adversário. Não contra um time como o Atlético-MG, que possui jogadores que precisam deste espaço para circular e trocar passes. O segundo gol, marcado por Keno logo aos cinco minutos da segunda etapa, é resultado da pressão pós-perda e dos problemas defensivos de um Corinthians sem pegada e sem velocidade na saída de bola. E isso num momento em que Sylvinho já havia feito o óbvio: sacou Du Queiroz, mandou Gabriel Pereira para o jogo e recuado Renato Augusto. No entanto, o problema da combatividade no meio-campo persistia e era muito bem aproveitado pelo Atlético-MG através da movimentação de Keno, Zaracho, Hulk e Diego Costa no terço final. O Corinthians competia pouco e se transformava numa presa fácil para o escrete comandado por Cuca. O Galo não precisava forçar muito para chegar no ataque.
Se Cuca fazia o simples e via o Atlético-MG ser amplamente superior na partida, Sylvinho era obrigado a corrigir os problemas na escalação, mas sem conseguir dar consistência ao sistema defensivo da sua equipe. Mesmo com Renato Augusto no meio-campo e Jô entrando no comando de ataque, o Corinthians parecia frouxo e não mostrava um mínimo de velocidade e intensidade nas trocas de passe. A impressão que ficava da partida desta quarta-feira (10) era a de que o Galo ampliaria a vantagem quando e como quisesse. Exatamente como aconteceu na bela troca de passes que terminou com o belo gol de Hulk, já nos acréscimos. E é preciso lembrar que as cinco mexidas promovidas por Cuca não diminuíram o ímpeto ofensivo da sua equipe como eu e você vimos no Mineirão. Nathan e Hyoran protegiam bem as descidas de Guilherme Arana, Jair manteve a consistência do meio-campo e Guga ajudou na saída de bola com a sua já conhecida qualidade no passe. O Atlético-MG foi amplamente superior.
A atuação do Atlético-MG nesta quarta-feira (10) foi irrepreensível. Tocou bem a bola, aproveitou os espaços generosos que seu adversário concedia e construiu o resultado com muita eficiência e apresentando o futebol intenso e ofensivo que eu e você conhecemos. Ainda que não tenha “amassado” o Corinthians, o escrete comandado por Cuca foi muito superior em todos os sentidos. Aliás, o nível de concentração e a competitividade do Galo nesse Brasileirão tem sido muito maior do que o dos seus concorrentes diretos. É claro que a qualidade individual do elenco atleticano fala muito mais alto. Por outro lado, jogar com a marcação mais frouxa e sem velocidade contra o Galo nessa altura do campeonato é fatal. Sylvinho tem sim culpa no resultado por conta das escolhas táticas que fez antes da partida mesmo sabendo que elas não funcionaram nos compromissos anteriores. Ainda mais sabendo que o Corinthians pode (e deve) jogar muito mais do que jogou contra o Atlético-MG. Há material humano para isso.
Certo é que as coisas parecem encaminhadas. Por mais que o escrete comandado por Cuca possa oscilar nas próximas rodadas, a impressão que fica é a de que não há mais tempo hábil para que Palmeiras ou Flamengo engatem uma recuperação que seria histórica nessa edição do Campeonato Brasileiro. A grande verdade, meus amigos, é que Atlético-MG segue a passos largos na direção de um título que não conquista há cinquenta anos. Difícil não perceber que todo o foco dos jogadores do Galo está na quebra desse incômodo jejum que já dura cinquenta anos.
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