Home Futebol Aparecidense usa organização tática, concentração e tarde mágica de Pedro Henrique para superar o Campinense

Aparecidense usa organização tática, concentração e tarde mágica de Pedro Henrique para superar o Campinense

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ranielle Ribeiro e Thaigo Carvalho no primeiro “round” da final do Brasileirão da Série D

Luiz Ferreira
Produtor executivo da equipe de esportes da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, jornalista e radialista formado pela ECO/UFRJ, operador de áudio, sonoplasta e grande amante de esportes, Rock and Roll e um belo papo de boteco.

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ranielle Ribeiro e Thaigo Carvalho no primeiro “round” da final do Brasileirão da Série D

Já era esperado que o jogo de ida da final do Campeonato Brasileiro da Série D nos reservava doses cavalares de emoção e futebol de qualidade lá no Amigão, em Campina Grande. De qualidade sim. E isso se deve aos trabalhos sólidos e muito bem executados de Ranielle Ribeiro e Thiago Carvalho nas equipes finalistas da competição. Cada um com seu estilo e cada um com seus conceitos. Acabou que a Aparecidense ficou com o primeiro “round” da decisão por ter jogador de maneira muito mais organizada do que o Campinense, por ter mantido a concentração nos momentos decisivos e (principalmente) por causa da atuação mágica do goleiro Pedro Henrique. Foram pelo menos quatro defesas de cinema que garantiram o “clean sheet” do Camaleão na partida deste sábado (6) além, é claro, da vantagem no confronto de volta contra a Raposa, marcado para a próxima semana, em Aparecida de Goiânia. Independente do placar final, é muito fácil entender por que Aparecidense e Campinense chegaram na final.

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A começar pela proposta de jogo de cada equipe com e sem a posse da bola. Ranielle Ribeiro apostou num 4-2-3-1 que trazia os volantes Serginho Paulista e Patrick na proteção da última linha de defesa, Fábio Lima e Vitinho abertos e Dione um pouco mais próximo de Anselmo no comando de ataque. Com pontas com os “pés invertidos”, isto é, um canhoto na direita e um destro pela esquerda, os corredores laterais ficavam abertos para as subidas de Felipinho e Filipe Ramon. Estilo um pouco mais reativo e vertical do que o da Aparecidense de Thiago Carvalho. A aposta era num 4-1-4-1 que valorizava a posse desde o início da jogada, com o volante Bruno Henrique afundando entre os zagueiros para que os laterais Rafael Cruz e Rodrigues jogassem um pouco mais espetados. Rodriguinho e David participavam das triangulações com Robert e Rafa Marcos e Gilvan se movimentava bastante entre as linhas do Campinense para abrir espaços e arrastar seus marcadores para fora da área. Propostas diferentes e igualmente interessantes.

Formação inicial das duas equipes no Amigão. O Campinense jogava num 4-2-3-1 um pouco mais reativo e mais vertical além de apostar na velocidade dos seus jogadores pelos lados do campo. Já a Aparecidense valorizava a posse, ocupava bem os espaços e utilizava as triangulações com bastante frequência quando vencia a pressão inicial do seu adversário.

Por mais que o Campinense fizesse as suas investidas em alta velocidade, a impressão que ficava do primeiro tempo era a de que a Aparecidense estava mais equilibrada e mais organizada. A equipe comandada por Thiago Carvalho foi tomando o controle da partida aos poucos e chegou ao gol da vitória logo aos 21 minutos do primeiro tempo, num chute de David que desviou na zaga da Raposa e enganou o goleiro Mauro Iguatu. E é preciso levar em consideração o fato de que o lance teve origem em saída de bola errada do escrete de Campina Grande e na boa troca de passes na intermediária por parte do Camaleão. Rafa Marcos e Robert se movimentavam bastante, confundiam a marcação na frente da área e executavam bem a proposta de jogo de Thiago Carvalho. Difícil não notar um pouquinho do “jogo de posição” ou pelo menos alguma influência dele na formação tática da Aparecidense. Principalmente nas triangulações e na valorização da posse da bola diante de um Campinense que demorou para se encontrar na partida.

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A Aparecidense trocava passes com muita qualidade e abria espaços generosos no campo de ataque. O Campinense demorou muito para se encontrar depois de sofrer o gol de David. Imagens: Reprodução / YouTube / Eleven Sports

A saída do atacante Gilvan no final da primeira etapa prejudicou um pouco a dinâmica ofensiva do escrete comandado por Thiago Carvalho. Do outro lado, o Campinense voltava do intervalo com três mudanças no sistema defensivo promovidas por Ranielle Ribeiro. Felipinho, Michel e Filipe Ramon saíram para as entradas de Dênis, Cleiton e João Victor. A Raposa ganhou mais intensidade nas trocas de passe ainda que sem tanta organização e acerto nas tomadas de decisões para furar o eficiente bloqueio defensivo da Aparecidense. Além disso, o goleiro Pedro Henrique se transformava no grande herói da equipe de Aparecida de Goiânia com pelo menos três defesas de cinema só no segundo tempo. O time de Thiago Carvalho poderia até ter aproveitado melhor os espaços que teve mais para o final do jogo, mas levou perigo apenas uma vez com Mutuca partindo da esquerda para dentro e obrigando o goleiro Mauro Iguatu a fazer boa defesa. De fato, a vitória deste sábado (6) está toda na conta de Pedro Henrique.

O Campinense melhorou com as mudanças promovidas por Ranielle Ribeiro, mas esbarrou na atuação de cinema de Pedro Henrique. O goleiro da Aparecidense teve atuação inesquecível. Imagens: Reprodução / YouTube / Eleven Sports

É óbvio que o confronto ainda não está definido e que muita coisa pode acontecer no jogo de volta, marcado para o próximo sábado (13) na casa da Aparecidense. No entanto, a sensação que fica é a de que a equipe de Thiago Carvalho parecia mais concentrada e mais focada no seu plano de jogo. Não que o Campinense tenha ido mal, mas estava nítido que o escrete comandado por Ranielle Ribeiro sentiu o gol no primeiro tempo e demorou muito tempo para se reorganizar. E quando o fez, acabou esbarrando na grande atuação do goleiro Pedro Henrique. E por mais que a Raposa tenha criado chances na segunda etapa, a equipe de Campina Grande abriu espaços generosos que poderiam ter sido melhor aproveitados pelo Camaleão. Faltou pernas e também um pouco mais de concentração no final da partida. Ainda que o resultado final tenha sido excelente para as pretensões dos comandados de Thiago Carvalho. Aliás, difícil não perceber como sua equipe é organizada e bastante focada na sua proposta de jogo. Ótimo trabalho.

Perdoem este que escreve por voltar a bater nessa tecla. Mas o futebol apresentado por Aparecidense e Campinense nessa reta final de Brasileirão da Série D é uma das provas de que existem coisas muito boas sendo feitas no que se refere ao velho e rude esporte bretão em vários partes desse nosso combalido, porém ainda muito querido Brasil. Cada um com sua proposta, cada um com sua estratégia e cada um se adaptando ao seu próprio contexto. O que vimos neste sábado (6), em Campina Grande, é que bons trabalhos não ficam restritos a Rio, São Paulo e outros centros mais badalados do nosso futebol.

https://www.youtube.com/watch?v=lPhUwUW13BU

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