Nadal fora do ATP Finals: 3 fatores que explicam a ausência do espanhol do top 8 mundial
Pela primeira vez em 16 anos, Rafael Nadal vai terminar a temporada fora das oito primeiras colocações no ranking. A notícia surpreende, porém tem explicações plausíveis
Pela primeira vez em 16 anos, Rafael Nadal vai terminar a temporada fora das oito primeiras colocações no ranking. A notícia surpreende, porém tem explicações plausíveis
Com a temporada do tênis masculino chegando ao fim, as vagas para o último torneio do ano, o ATP Finals, vão se definindo. A competição, que dá 1.500 pontos ao campeão, é restrita: somente os oito melhores do ranking se classificam. Se alguém do top 8 não puder comparecer, a vaga, então, é repassada ao 9º colocado, e assim por diante.
Contudo, em 2021, uma notícia até certo ponto surpreendente acometeu o ATP Finals. Isso porque, Rafael Nadal, um dos grandes tenistas da história, sequer estará na lista inicial para a disputa do torneio. Ou seja, isso significa que, pela primeira vez desde 2005, o espanhol vai terminar a temporada ABAIXO da oitava colocação. A posição exata, porém, ainda não foi definida e pode cair ainda mais. Tudo depende do restante dos resultados da temporada.
De qualquer forma, Nadal já não disputaria o ATP Finals, pois se recupera de uma lesão. Ainda assim, sua pura e simples ausência da lista dos oito melhores chama a atenção. Mas, afinal, o que pode explicar a queda do Touro Miúra no ranking da ATP?
Problema crônico no pé
O estilo de jogo de Rafael Nadal, exigente em termos de condicionamento físico, já proporcionou diversas lesões pontuais na carreira do espanhol. Contudo, o tenista de 35 anos jamais ficou de fora do top 8 da temporada, apesar de se ausentar de inúmeros torneios importantes. Em 2012, por exemplo, Nadal parou de competir na metade da temporada devido a um problema no joelho esquerdo. Mesmo assim, terminou a temporada na 4ª colocação. Em outras ocasiões, sofreu com problemas no punho e também nas costas, mas jamais abandonou as primeiras posições do ranking.
No entanto, o problema agora é crônico. Foi revelado que Nadal convive com dores no pé esquerdo desde 2005, em virtude da Síndrome de Müller-Weiss. Trata-se de doença rara e degenerativa, que causa dores e limitação de movimentos. Devido a este grave problema, o espanhol decidiu fazer uma pausa em seu calendário logo após a disputa de Roland Garros, ainda em junho, para se dedicar ao tratamento. Embora já tenha ficado longos períodos sem atuar, Nadal jamais abriu mão tão cedo de uma temporada. Com isso, o espanhol acabou perdendo pontos no ranking como nunca antes visto em sua carreira.
Temporada de saibro abaixo da média
Aliada a questão da lesão, os resultados de Rafael Nadal em seu período ‘preferido’ da temporada ficaram aquém das expectativas. Em 2013, por exemplo, o espanhol compensou a ausência no Australian Open, em janeiro, com uma maratona de torneios na terra batida sul-americana. Com títulos no Brasil e México — além de boas campanhas nos Masters 1000 europeus — ele conseguiu compensar, em parte, a falta de pontos em outros torneios. Entretanto, em 2021, isso não foi possível.
Nadal teve resultados não tão bons em seu tipo de piso preferido. Sim, o Touro Miúra foi campeão do ATP 500 de Barcelona e do Masters 1000 de Roma, mas acabou amargando quedas precoces em outros torneios. Nos Masters de Monte Carlo e Madrid, o espanhol perdeu cedo, nas quartas de final de ambos os torneios. Para fechar a temporada de saibro, Nadal foi derrotado por Novak Djokovic na semifinal de Roland Garros, onde já foi campeão 13 vezes. Pode parecer uma boa campanha, mas a diferença refletida no ranking por conta de um grand slam é gritante. Rafa levou ‘somente’ 900 pontos em Paris ao invés dos 2.ooo que conquistaria com o título. Um valor que faz diferença.
ATP Finals não é prioridade para Nadal
Por fim, a ausência de Nadal do top 8 talvez se torne ainda mais surpreendente por um simples fato: o espanhol jamais priorizou a disputa do ATP Finals ao longo de sua carreira. Uma prova é o grande número de vezes que ele abriu mão de jogar o campeonato, embora estivesse qualificado para tal. Rafa ficou de fora do ATP Finals em 2005, 2008, 2012, 2014, 2016 e 2018, sempre por escolha própria.
Apesar de jamais ter conquistado o torneio (ao contrário de Federer, com seis títulos, e Djokovic, com cinco), Nadal não parece se preocupar, especificamente, com esse jejum. E aí, são dois os fatores que podem nos explicar este pequeno ‘desdém’ do tenista espanhol. Nadal costuma se preparar bem para o US Open, último Grand Slam do ano, que tem condições favoráveis para seu estilo de jogo. Apesar de ser disputado em quadras rápidas, o piso de jogo em Nova Iorque é um pouco mais lento, o que beneficia o desempenho de Nadal.
No entanto, no ATP Finals, as condições da quadra são diferentes. Em uma superfície mais rápida, o espanhol costuma ter rendimento inferior. Isso porque Nadal é um jogador que abusa das bolas altas e do top-spin (golpe no qual a bolinha gira para frente). Com mais tempo para ‘machucar’ os adversários, Nadal costuma se sair melhor. Da mesma forma, se o duelo for mais ‘lento’ e durar mais tempo, o espanhol pode fazer valer sua superioridade física.
Sendo assim, Rafael Nadal não prioriza a disputa de um torneio no qual tem, em tese, menos chances de vencer. Apesar das adversidades, ele bateu na trave em duas oportunidades no ATP Finals, sendo vice em 2010 e 2013.
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