Tite repercutiu uma entrevista de Marcão Silva, técnico do Fluminense e único profissional negro da categoria na elite do futebol brasileiro
O técnico Tite afirmou durante entrevista coletiva nesta quarta-feira (6), ás vésperas do confronto diante da Venezuela, pela rodada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2022, que existe preconceito contra treinadores negros no Brasil. O comandante da seleção brasileira foi questionado sobre o assunto em repercussão a entrevista de Marcão, comandante do Fluminense, ao jornal ‘Folha de S. Paulo’ – o treinador do Tricolor das Laranjeiras é o único negro da categoria na elite do futebol nacional.
“Eu vou me posicionar. Luto e lutei minha vida toda contra minha ignorância. Procurei ler, aprender e estudar. E continuo. E contra a hipocrisia. Que é brincar de faz de conta. Prefiro responder quando não quero. Há sim um preconceito. E ele é arraigado, estrutural, sim”, afirmou Tite.
“O que posso dizer é que tenho um respeito muito grande e, talvez, um dos maiores atletas que trabalhei, e tenho um respeito muito grande, chama-se Roger Machado. Pela conduta pessoal, pelo conhecimento profissional, pelos momentos bons, difíceis, e exemplo nele de um dos profissionais que tenho mais profundo respeito. Devemos lutar contra o preconceito, porque há na relação ao técnico negro e, talvez, ampliando numa situação generalizada e maior em termos sociais”, completou o treinador.
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Na entrevista à Folha, Marcão falou sobre o assunto e questionou o ‘sumiço’ dos treinadores negros do futebol brasileirão, citando Cristóvão Borges, que se destacou no Vasco e comando o Corinthians, e Andrade, campeão brasileiro pelo Flamengo em 2009.
”Hoje me alegro de ser um representante negro (na Série A), falo com orgulho sobre o assunto, mas por outro lado precisamos pensar. Cadê o Cristóvão (Borges)? O Andrade, que foi campeão brasileiro e não teve mais oportunidade? Não faz sentido. Em qualquer outra situação, estaria dirigindo uma outra equipe. Por que isso acontece? Por que somos negros? Levantem o treinador que foi campeão de qualquer país (e que tenha sumido). Cadê o homem (o Andrade)? Esses detalhes que percebemos deixam claro que há uma resistência (contra técnicos negros), mas meu clube é exemplo, luta contra isso”, disse o treinador do Fluminense.