Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa o empate contra o Red Bull Bragantino e as escolhas de Sylvinho na partida deste sábado (2)
Corinthians e Red Bull Bragantino fizeram uma das partidas mais agradáveis de se assistir nesses últimos meses nesse combalido e violentado Campeonato Brasileiro. As duas equipes focaram apenas na boa execução das ideias dos seus treinadores, colocaram a bola no chão e nos brindaram com vários lances de futebol bem jogado. Enquanto o Massa Bruta provava seu valor com a vaga na final da Copa Sul-Americana garantida, o escrete comandado por Sylvinho mostrava um crescimento de produção a olhos vistos com as chegadas de Giuliano, Renato Augusto, Willian e Roger Guedes. Difícil não perceber que o Timão ganhou muita qualidade depois que os quatro reforços entraram em campo e que o desempenho coletivo da equipe melhorou muito em comparação com o início do Brasileirão. O Corinthians ganhou em força mental, experiência, poder de reação e (principalmente) talento e inteligência, elementos que colocam o time de Sylvinho na briga por coisas grandes nesse restante de temporada.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #RBBxSCCP 2-2
⚽️| Luan Cândido e Hurtado
⚽️| Renato Augusto e Gustavo Silva
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 38% – 62%
👟 Finalizações: 15 – 11
✅ Finalizações no gol: 5 – 7
🛠 Grandes chances: 3 – 0
☑️ Passes certos: 287 – 535💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/LvVEVmmTxc
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) October 3, 2021
As duas equipes entraram em campo armadas no 4-3-3/4-1-4-1 com o pontas de “pés invertidos”, isto é, canhotos jogando pela direita e destros pela esquerda. Mas o que chamava a atenção era o volume de jogo imposto pelo sistema ofensivo do Corinthians. O colombiano Cantillo jogou na proteção da zaga (e vem se mostrando cada vez mais à vontade numa função que não era muito a sua praia), Giuliano e Renato Augusto eram os meias interiores e Roger Guedes se movimentava com frequência para abrir espaços para as chegadas de Willian e Gabriel Pereira em diagonal. Muita intensidade nos movimentos, trocas rápidas de passe a partir do meio-campo e muita exploração da “Zona 14” nas tramas ofensivas. Não é exagero dizer que o escrete de Sylvinho só não abriu o placar no primeiro tempo por causa do goleiro Cleiton. O camisa 18 do Red Bull Bragantino fez pelo menos três grandes defesas e ainda orientou o sistema defensivo em cada “blitz” que Renato Augusto e companhia faziam na área do Massa Bruta.
Mas o Bragantino também criava chances e explorava muito bem os movimentos de Artur e Cuello pelos lados do campo, a dinâmica colocada por Ytalo como referência móvel e as boas chegadas de Praxedes e Eric Ramires por dentro. Mesmo assim, além de falhar nas finalizações a gol, o Massa Bruta ainda apresentava um certo clima de festa e de exaustão mental com a classificação para a final da Copa Sul-Americana conquistada em solo paraguaio. Natural que a equipe de Maurício Barbieri baixasse um pouco o ritmo. Por outro lado, as dificuldades do meio-campo do Red Bull Bragantino em fechar as linhas de passe de Renato Augusto eram nítidas. O impacto do camisa 8 como interior no 4-1-4-1 de Sylvinho foi imediato. Assim como Roger Guedes se transformou na referência móvel que o treinador do Corinthians tanto buscava. O gol de Luan Cândido aos 10 minutos do segundo tempo demorou para ser assimilado pela equipe. E quando Hurtado fez o segundo, parecia que o Timão não teria forças para reagir.
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Este que escreve entende a resistência de boa parte dos torcedores do Corinthians com relação a Sylvinho pela inexperiência e a falta de “casca” para comandar uma equipe com tantos valores. Mas é preciso dizer que o treinador foi muito feliz nas mexidas. A mudança do 4-1-4-1 para o 4-2-3-1 com as entradas de Luan, Adson e Gustavo Mosquito (nos lugares de Willian, Cantillo e Gabriel Pereira) deram o fôlego, a profundidade e a amplitude que faltava ao Timão diante de um adversário bem portado. O golaço de Renato Augusto ajudou a descomplicar as coisas e a recolocar o Corinthians no jogo aos 44 minutos do segundo tempo. Por mais que Léo Ortiz e Edimar tenham falhado no lance do gol de empate (marcado por Gustavo Mosquito), as substituições promovidas por Sylvinho foram mais pensadas e mais precisas do que em outros tempos. Prova de que ter jogadores de qualidade no elenco ajuda demais. Ainda mais contra adversários organizados e competitivos como o Bragantino.
Difícil não observar a melhora considerável no rendimento da equipe com a chegada de Giuliano, Renato Augusto, Willian e Roger Guedes. O Corinthians ganhou mais consistência no meio-campo e muito mais mobilidade no meio-campo. Ao mesmo tempo, jovens valores como Gustavo Mosquito, Gabriel Pereira, João Victor, Adson e vários outros podem crescer muito com a convivência e a troca de ideias com tantos jogadores experiêntes. A atuação do time de Sylvinho contra o ótimo Red Bull Bragantino de Artur, Ytalo, Praxedes, Léo Ortiz e Maurício Barbieri comprova essa tese. É possível ver muito mais segurança e um caminho bem claro a seguir nesse Corinthians. Conforme o “quarteto fantástico” do Timão for entrando em forma, a tendência é que o desempenho coletivo melhore na mesma proporção. Conforme dito anteriormente, ter atletas de qualidade em vários setores é meio caminho andado para que os problemas que apareçam em cada jogo sejam resolvidos mais rapidamente.
Mesmo assim, o Corinthians ainda precisa dos ajustes naturais que qualquer equipe cujos reforços chegaram há pouco tempo necessitam. Além do já mencionado condicionamento físico, o tempo e a paciência serão fundamentais nesse processo de entendimento mútuo entre treinador e jogadores. E por mais que Sylvinho não seja o técnico preferido da maioria, é preciso notar que há uma ideia nítida do que se deseja do Timão em campo. E os reforços ajduam demais na boa execução dessas ideias e desses conceitos. A tendência é de crescimento.
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