Reunião de talentos salva um Manchester United irregular e sem muitas ideias em boa vitória sobre o Tottenham
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ole Gunnar Solskjaer e Nuno Espírito Santo na partida realizada neste sábado (30)
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Ole Gunnar Solskjaer e Nuno Espírito Santo na partida realizada neste sábado (30)
A boa vitória do Manchester United sobre o Tottenham neste sábado (30) alivia um pouco a pressão sobre Ole Gunnar Solskjaer e todo seu elenco sem qualquer sombra de dúvida. Com três derrotas e um empate nas últimas quatro rodadas da Premier League 2021/22 (incluindo a goleada sofrida contra o Liverpool), muita gente se perguntava como os Red Devils se comportariam em campo e como assimilariam os maus resultados. No entanto, por mais que o triunfo sobre os Spurs deva sim ser celebrado, ele também deixou bem claro que o treinador norueguês ainda encontra certa dificuldade para encontrar respostas coletivas num elenco que conta com nomes como Cristiano Ronaldo, Cavani, Pogba, Bruno Fernandes. O triunfo sobre o Tottenham de Nuno Espírito Santo foi sim importante e dá confiança para a sequência da temporada com toda a certeza. Mas o Manchester United ainda não é um time coeso, equilibrado e ainda depende demais do talento individual dos jogadores citados anteriormente. Que me perdoem os otimistas, mas ainda é preciso melhorar bastante.
🏴 | Tottenham 0:3 Manchester United
Red Devils came back to winning ways against the hosts who, despite creating two big chances, failed to take even one shot on target in the entire 90'.
An important win for United, and a fifth league loss of the season for Spurs!#TOTMUN pic.twitter.com/A3fq8SCUvQ
— Sofascore (@SofascoreINT) October 30, 2021
É preciso dizer que Ole Gunnar Solskjaer não escolheu o esquema com três zagueiros por acaso. O seu 5-3-2/3-5-2 fechava bem os lados do campo com Wan-Bissaka e Luke Shaw se alinhando a Lindelöf, Varane e Maguire, recuada Bruno Fernandes como interior e soltava Cristiano Ronaldo e Cavani para puxar os contra-ataques assim que o Manchester United recuperava a bola. Estratégia legítima sim, mas que ainda é bastante povbre diante do material humano à disposução de Solskjaer. Do outro lado, o Tottenham mantinha seu 4-2-3-1/4-4-2 com Harry Kane e Son um pouco mais alinhados do que o costume, Lucas Moura mais preso pela direita e Lo Celso se juntando ao trio ofensivo. Nesse ponto, estava claro que a equipe de Nuno Espírito Santo queria pressionar a defesa dos Red Devils e criar profundidade com as investidas da sua dupla de ataque. O grande problema dos Spurs, no entanto, estavam na maneira como a equipe fazia a sua recomposição defensiva. Por mais que o Manchester United jogasse mais recuado, ainda faltava mais contundência.
O talento individual começou a salvar o Manchester United quando Bruno Fernandes fez lançamento de cinema para Cristiano Ronaldo (que se lançava às costas de Eric Dier). O craque da camisa 7 nem deixou a bola cair e acertou um belo chute no canto direito de Lloris. Na prática, os Red Devils jogavam ligeiramente melhor do que o Tottenham nos primeiros 45 minutos, mas ainda mostravam uma dependência enorme do seu trio ofensivo. E olha que o adversário concedia espaços generosos na última linha (extremamente mal posicionada e sem coordenação nos movimentos). Difícil não ver que Wan-Bissaka e Luke Shaw conseguiam levar vantagem sobre Emerson Royal e Ben Davies nos duelos físicos, ainda que os dois laterais dos Spurs tenham ficado sobrecarregados demais na marcação. Isso porque Lucas Moura e Lo Celso demoravam bastante para fazer a recomposição e Harry Kane (que teve mais uma atuação bem abaixo do esperado) e Son (um dos únicos lúcidos do time de Nuno Espírito Santo) pouco incomodavam McTominay e Fred quando o time de Solskjaer tinha a posse da bola.
[DUGOUT dugout_id=”eyJrZXkiOiJIYngwYnM2UCIsInAiOiJ0b3JjZWRvcmVzIiwicGwiOiIifQ==”]
Diante da desorganização do Tottenham nas investidas ao ataque e na cobertura dos espaços, não demorou muito para que o Manchester United chegasse ao segundo gol em contra-ataque de manual (aos 18 minutos do segundo tempo). Bruno Fernandes passa para Cristiano Ronaldo. O camisa 7 se livra de Skipp e toca para Cavani, que tem apenas o trabalho de deslocar Lloris e correr para o abraço. No entanto, mesmo com o cenário a seu favor, Ole Gunnar Solskjaer preferiu fechar mais sua equipe na defesa com a entrada de Matic no lugar de Bruno Fernandes aos 30 minutos da segunda etapa. Nuno Espírito Santo, por sua vez, tentava colocar o Tottenham mais à frente com as entradas de Bergwijn e Dele Alli, mas os Spurs continuaram sem consistência no ataque e oferecendo muitos espaços ao seu forte adversário. E foi o já mencionado Matic quem descolou belo passe em profundidade para Rashford marcar o terceiro do Manchester United e “fechar o caixão” dos Spurs. Mesmo dando sopa para o azar, Solskjaer viu a pressão diminuir um pouco com a boa vitória.
É verdade que o cenário da partida e as últimas atuações do Manchester United exigia de Ole Gunnar Solskjaer uma resposta rápida. E ela veio no triunfo deste sábado (30) e na quebra do jejum de quatro rodadas sem vitórias na Premier League 2021/22. No entanto, fica a sensação de que os Red Devils conseguiram vencer o Tottenham muito mais por causa do talento individual de Cristiano Ronaldo, Cavani e companhia do que por conta de alguma estratégia ou jogada trabalhada pelo treinador norueguês. O repertório ainda é pobre demais para quem tem tantos valores e tanto material humano à disposição. Do outro lado, Nuno Espírito Santo vê sua equipe despencar na tabela da Premier League e sucumbir diante da fase ruim de Harry Kane, o principal jogador dos Spurs já há algumas temporadas. Acabou que a única jogada do escrete londrino era a bola longa para o coreano Son brigar contra o trio ofensivo do Manchester United. Muito pouco para superar um time com tantos talentos. Não foi à toa que a torcida pegou bastante no pé do treinador português.
Seja como for, a impressão que fica do Manchester United é que Ole Gunnar Solskjaer segue com dificuldades para encontrar respostas coletivas para um time recheado de talentos. A vitória sobre o Tottenham alivia sim a pressão em cima do norueguês, mas ainda é muito pouco para quem tem Cristiano Ronaldo, Cavani, Pogba, Fred (que fez ótimo jogo e justificou sua convocação para a Seleção Brasileira mais uma vez), Bruno Fernandes e Varane. Encontrar essas respostas é vital para que Solskjaer finalmente consiga ter um pouco de paz e tranquilidade no comando dos Red Devils.
CONFIRA OUTRAS ANÁLISES DA COLUNA PAPO TÁTICO:
Retornos, ausências e testes: alguns pitacos honestos sobre a convocação da Seleção Brasileira
Derrota para o Remo é a prova de que o Cruzeiro ainda precisa melhorar em todos os quesitos
Athletico Paranaense faz jogo correto e escancara o deserto de ideias que é o Flamengo hoje em dia