Solidez defensiva e concentração nas transições foram os trunfos do Fortaleza na vitória sobre o Fluminense
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a partida desta quarta-feira (6) e explica como Juan Pablo Vojvoda superou Marcão no duelo de estratégias
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a partida desta quarta-feira (6) e explica como Juan Pablo Vojvoda superou Marcão no duelo de estratégias
As últimas partidas do Fortaleza no Campeonato Brasileiro indicavam uma oscilação no rendimento de uma das equipes mais interessantes do país nesse momento. Notem que este colunista utilizou a palavra OSCILAÇÃO e não QUEDA nesse início de análise. Isso porque o escrete comandado por Juan Pablo Vojvoda voltou a jogar bem e superou o Fluminense de maneira incontestável nesta quarta-feira (6), em partida disputada no Maracanã. O Leão do Pici foi muito sólido na defesa, concentrado nas transições e muito eficiente nas chances que teve. Principalmente nas bolas aéreas. Não foi por acaso que os gols da vitória saíram de cobranças de escanteio realizadas por Lucas Crispim (o melhor em campo disparado na opinião deste que escreve). Fora isso, a maneira como o Fortaleza anulou o Fluminense explica muita coisa sobre o placar final e sobre a atuação das duas equipes. Vojvoda foi extremamente feliz e soube muito bem como travar as saídas da equipe comandada por Marcão.
#Brasileirão 🇧🇷
🆚| #FLUxFOR 0-2
⚽️| Marcelo Benevenuto e Titi
——
📊 Estatísticas:📈 Posse: 54% – 46%
👟 Finalizações: 8 – 10
✅ Finalizações no gol: 3 – 4
🛠 Grandes chances: 0 – 1
☑️ Passes certos: 382 – 320💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/rGlWbgyGZj
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) October 7, 2021
Tudo passava pelo 3-5-2 montado pelo treinador argentino. Tinga, Marcelo Benevenuto e Titi formavam o trio de zagueiros e ganharam a proteção de Ederson, Ronald e Felipe. Três volantes que marcavam muito e ainda saíam para o jogo com ótimo passe e muita presença ofensiva. A ideia de Vojvoda aqui era bem clara. Ao fechar os lados do campo (com o retorno de Yago Pikachu e Lucas Crispim para formar uma linha de cinco defensores na frente da área de Felipe Alves), o Fortaleza congestionava o setor e não permitia que Caio Paulista e Luiz Henrique pudessem acionar Fred no comando de ataque. Nesse ponto, Marcão não conseguiu encontrar soluções para furar esse 5-3-2 e só levava perigo na base dos cruzamentos para a área. Muito pouco diante do que o Fluminense já havia mostrado nas últimas rodadas do Brasileirão. Fora isso, Nonato, André e Yago Felipe não tinham espaço para organizar o time e ainda aparecer no campo ofensivo. O plano de jogo do Fortaleza funcionava bem.
Por mais que o Fluminense tentasse, o Fortaleza fazia partida praticamente impecável dentro do contexto no qual está inserido. Além de se defender muito bem, a equipe de Juan Pablo Vojvoda aproveitava bem os espaços que o Tricolor das Laranjeiras deixava na frente da sua defesa. E com volantes de bom trato no passe e de boa chegada na área, o Leão do Pici deu alguns sustos no goleiro Marcos Felipe. E nesse aspecto, se Yago Pikachu e Lucas Crispim fechavam a linha de cinco quando o Fortaleza não tinha a bola, os dois se lançavam como verdadeiros pontas quando o Leão do Pici retomava a posse e saía em alta velocidade para o ataque, mas sem guardar o posicionamento original. Era comum ver um deles entrando em diagonal como autêntico ponta e outro aparecendo por dentro como se fosse um autêntico meia-armador. Toda essa movimentação bagunçava completamente o sistema defensivo do Fluminense. E a recomposição lenta só facilitava a vida da equipe de Vojvoda.
Some todo esse volume de jogo, toda essa solidez defensiva com o bom aproveitamento nas bolas paradas e vamos conseguir entender os motivos pelos quais o Fortaleza não sofreu tanto contra o Fluminense nesta quarta-feira (6). Juan Pablo Vojvoda entendeu bem o contexto da partida no Maracanã e tratou de montar sua equipe de acordo. Simplicidade e eficiência dentro de um plano de jogo altamente eficiente e que explorou muito bem todos os problemas da equipe comandada por Marcão. Há uma dependência do trabalho ofensivo dos pontas no 4-3-3 do técnico tricolor e do papel exercido por Fred em todo esse processo. Com três volantes muito intensos na movimentação e bastante atentos na marcação, o camisa 9 do Fluzão recebeu poucas bolas no ataque. E quando as recebeu, teve pouco espaço para acionar os companheiros de equipe como fez e faz tão bem. Esse congestionamento no meio-campo e na defesa foi fundamental para que o Fortaleza saísse vitorioso do Maracanã.
Por mais que o Fortaleza tenha sido eficiente na sua proposta de jogo, é preciso dizer que o Fluminense não encontrou soluções para se livrar da marcação e fazer algo além de levantar bolas na área de Felipe Alves. Mesmo assim, chega a soar leviano colocar toda a culpa sobre os ombros do técnico Marcão. O elenco tricolor apresenta um certo desequilíbrio em alguns setores (volantes demais e jogadores de criação de menos) e segue completamente dependente do trabalho dos pontas, seja no 4-3-3/4-1-4-1 ou no 4-2-3-1. Ao mesmo tempo, por mais que alguns atletas tenham bom passe e sejam importantes dentro do esquema tático de Marcão, ainda falta aquele organizador de jogadas no meio-campo, seja ele um meio-campista mais avançado ou um volante de mais saída para o ataque. O Fortaleza de Vojvoda foi muito feliz na sua estratégia e explorou muito bem todas essas questões com muita intensidade nas transições e concentração altíssima para fechar as linhas de passe perto da área.
Difícil não ver no Leão do Pici uma das equipes mais interessantes do país nesse momento. E aos que ainda insistem na tese de que o 3-5-2 é um esquema defensivo, recomendo que observem esse Fortaleza com mais atenção e boa vontade. Não é um time brilhante e nem conta com grandes estrelas, é verdade. Mas é impressionante como o escrete de Juan Pablo Vojvoda vem superando equipes muito mais tradicionais e se mantendo no topo da tabela. Um dos grandes trabalhos de 2021.
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