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Andreas Pereira dita o ritmo e Flamengo faz primeiro tempo de manual na boa vitória sobre o Juventude

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do camisa 18 e analisa as escolhas de Renato Gaúcho e Marquinhos Santos

Por Luiz Ferreira em 14/10/2021 01:19 - Atualizado há 3 anos

Alexandre Vidal e Marcelo Cortes / Flamengo

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca a atuação do camisa 18 e analisa as escolhas de Renato Gaúcho e Marquinhos Santos

Difícil não perceber a rápida adaptação de Andreas Pereira ao time do Flamengo. Não somente pelo golaço de falta marcado nesta quarta-feira (13) na vitória incontestável sobre o Juventude, mas por todo o conjunto da obra apresentado num Maracanã que vai ganhando seus contornos pré-pandemia com o retorno (ainda que gradual) do público aos estádios. Ainda mais diante do belíssimo primeiro tempo do escrete rubro-negro. Este que escreve, inclusive, já acredita ser possível afirmar sem medo de parecer exagerado que o camisa 18 é tão importante quando Arrascaeta ou Everton Ribeiro no esquema tático de Renato Gaúcho. É Andreas Pereira quem vem simplificando as coisas com ótima colocação, ótimos passes e leitura dos espaços e quem dita o ritmo de cada jogada de ataque de um Flamengo que segue na caça ao Atlético-MG apesar de todos os desfalques por convocação para seleções nacionais ou pelas já incontáveis lesões.

É verdade que o Flamengo dominou completamente o Juventude no primeiro tempo. O técnico Marquinhos Santos apostou numa espécie de 5-4-1 com Rafael Foster, Vitor Mendes e Juan Quintero formando o trio de zagueiros e com os alas Pedro Henrique e Willian Matheus bastante recuados. Assim como o trio ofensivo formado por Ricardo Bueno, Paulinho Bóia e Wagner. Renato Gaúcho, por sua vez, apostou no seu 4-2-3-1 costumeiro com Kennedy e Michael jogando como os “pontas com os pés invertidos” e com Willian Arão e Thiago Maia na proteção da zaga. É nesse ponto que Andreas Pereira se destaca. O camisa 18, a princípio, jogou na posição que é originalmente de Arrascaeta, mas sempre buscava o espaço vazio para acionar os atacantes com passes em profundidade ou fazer a virada de jogo para desarrumar a defesa jaconera. Foi a partir dessa dinâmica que o grande nome da partida conseguiu ditar o ritmo de um Flamengo completamente avassalador.

Marquinhos Santos apostou num Juventude armado num 5-4-1 para fechar os espaços do Flamengo, mas viu sua equipe ser facilmente dominada no primeiro tempo. Andreas Pereira sempre buscava o espaço vazio para distribuir passes e ditar o ritmo da equipe comandada por Renato Gaúcho. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Vale destacar aqui que o próprio Andreas Pereira precisou de um certo tempo para se adaptar ao estilo de jogo proposto por Renato Gaúcho. O Flamengo é uma equipe que costuma usar muito os lados do campo para atacar, seja com jogadas de ultrapassagens (principalmente pela direita com um dos pontas abrindo o corredor para a subida do lateral) ou com Gabigol e Bruno Henrique atacando o gol adversário em diagonal. Andreas Pereira, no entanto, tem um estilo de jogo diferente. A preferência por passes verticais e em profundidade indicava uma preferência pelo jogo por dentro, com passes de ruptura e com o corpo sempre direcionado para a frente. Já se percebia que o camisa 18 tinha qualidade bem antes da sua chegada ao Flamengo, mas ele foi se adaptando e buscando fazer sua equipe jogar pelos lados ou fazendo viradas de um lado para outro. Mas sempre procurando o melhor posicionamento e a faixa do campo menos congestionada para tal.

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Kennedy abriu o placar aos 11 minutos, Pedro ampliou aos 25 e o próprio Andreas Pereira fez o terceiro aos 34 minutos numa cobrança de falta que deve ter deixado Zico, Júnior e Petkovic bastante orgulhosos. Aliás, esse foi o primeiro gol de falta do Flamengo depois de intermináveis 1221 dias (três anos e quatro meses praticamente). Mas o que chamava mesmo a atenção deste que escreve era a maneira como o escrete comandado por Renato Gaúcho acabou com a estratégia de Marquinhos Santos em pouquíssimo tempo e com uma certa facilidade. Dentro desse cenário, Andreas Pereira foi se adaptando ao time e mostrou muita desenvoltura como o meia central do 4-2-3-1 rubro-negro. Sempre buscando o espaço vazio e o passe para o companheiro melhor colocado. E isso tudo tendo a ótima proteção de Willian Arão e Thaigo Maia, o apoio de Filipe Luís como lateral-armador e até mesmo as chegadas de Rodrigo Caio e/ou Léo Pereira mais por dentro.

Andreas Pereira se posicionou como o meia central do 4-2-3-1 de Renato Gaúcho. Ele fez a bola girar, distribuiu passes e sempre esteve bem posicionado para participar das jogadas. Todo o time do Flamengo cresceu demais com a dinâmica colocada pelo camisa 18 no meio-campo rubro-negro. Foto: Reprodução / Premiere / GE

A vantagem no placar fez com que o Flamengo diminuísse um pouco o ritmo no segundo tempo e desse um pouco de espaço e tempo para o Juventude armar suas jogadas. As entradas de Chico e Capixaba nos lugares de Wagner e Guilherme Castillo deram mais desenvoltura e intensidade ao escrete de Marquinhos Santos (mesmo sem desfazer o esquema com três zagueiros). O gol de Willian Matheus deu a (falsa) impressão de que a equipe jaconera fosse consegui reagir e serviu para que o time de Renato Gaúcho acordasse e retomasse o controle do jogo. Com as substituições promovidas pelo treinador rubro-negro, Andreas Pereira atuou quase como um “box-to-box”, o segundo volante que pisa na área e que “carimba” cada jogada. Ainda que Filipe Luís e Willian Arão sejam mais fundamentais nesse sentido, o camisa 18 sempre se apresentava como a melhor opção de passe e ainda arriscou mais chutes de média e longa distância. Pena que a trave estava no caminho.

Já na etapa final, Andreas Pereira jogou como segundo volante e ainda arriscou boas subidas ao ataque numa variação natural do 4-2-3-1 para o 4-1-4-1. O camisa 18 foi fundamental na saída de bola e na produção ofensiva de um Flamengo intenso, envolvente e muito agressivo no ataque. Foto: Reprodução / Premiere / GE

Fala-se muito (e com toda a razão) da importância que Everton Ribeiro e Arrascaeta têm no processo de construção de jogadas do Flamengo. Os dois são as principais referências técnicas de uma equipe fortíssima e que joga junto há bastante tempo. No entanto, precisamos voltar nossas atenções para Andreas Pereira. Por mais que ele tenha apenas 11 jogos pelo escrete rubro-negro, a dinâmica que colocada pelo camisa 18 nas últimas partidas tem compensado a ausência dos jogadores lesionados e convocados para seleções nacionais. Seja jogando mais avançado ou “na volância” como alguns gostam de falar, Andreas Pereira já pode ser considerado um dos atletas que mais contribui na produção ofensiva de um Flamengo avassalador e que melhor sabe aproveitar e explorar os espaços entre as linhas adversárias. Aliás, essa capacidade de “ler” os movimentos do oponente é uma das suas principais características.

O Flamengo segue na caça ao Atlético-MG na tabela do Brasileirão e Renato Gaúcho garante que sua equipe não abriu mão da competição e do tricampeonato nacional. A verdade, no entanto, é que o treinador rubro-negro encontrou uma ótima razão para poupar este ou aquele jogador mais desgastado com o não adiamento das partidas da sua equipe. E diante das lesões de Arrascaeta e Bruno Henrique, ter Andreas Pereira no seu elenco faz toda a diferença.

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