Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação das equipes comandadas por Ranielle Ribeiro e Renatinho Potiguar na partida deste sábado (16)
Olhar para outros centros menos badalados do futebol se faz cada vez mais necessário. A análise de trabalhos sérios e consistentes de equipes tradicionais, mas não tão conhecidas como a do “eixo”, é uma das principais razões que motiva este que escreve a observar aquilo que acontece nas Eliminatórias Africanas ou no Brasileirão da Série D. E a noite deste sábado (16) nos reservou momentos de pura emoção com a vitória do valente Campinense de Ranielle Ribeiro sobre o bem organizado América de Natal de Renatinho Potiguar nas disputa por pênaltis (após novo empate no tempo normal). A partida pode não ter sido marcada por lances de técnica e um futebol mais vistoso por parte das duas equipes no Estádio Governador Ernani Sátyro (o glorioso “Amigão”). Mas é preciso dizer que Raposa e Mecão mostraram porque chegaram tão longe nessa Série D. Melhor para o time de Campina Grande, que pôde comemorar o tão sonhado acesso para a Série C junto da fanática torcida raposeira.
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— Campinense Clube (@CampinensePB) October 17, 2021
As duas equipes entraram em campo armadas no tradicional 4-2-3-1 pelos seus treinadores e fizeram um primeiro tempo sem grandes emoções e marcado pela tensão. O América de Natal dava a impressão de estar mais organizado em campo, mas encontrava pouco espaço para criar suas jogadas de ataque, já que Mazinho e Luiz Henrique não conseguiam levar vantagem sobre Felipinho e Felipe Ramon nas jogadas pelos lados do campo. Ao mesmo tempo, o Campinense ficava mais com a bola e insistia demais nas jogadas por dentro sem muito sucesso. Isso porque faltava no ataque raposeiro a intensidade necessária nos movimentos para bagunçar a última linha do seu forte adversário. Não foi por acaso que as melhores chances do time de Ranielle Ribeiro só apareceram quando Anselmo, Fábio Lima, Marcos Nunes e Marcelinho aceleravam a troca de passes e buscavam o chamado “homem livre” no meio-campo. Mesmo assim, os primeiros 45 minutos foram marcados por um jogo mais truncado e estudado no meio-campo.
Nesse ponto, vale destacar as boas atuações dos volantes Serginho Paulista e Rafinha. Os dois conseguiam dar conta da marcação na frente da última linha e ainda descomplicavam as coisas na saída de bola do Campinense com passe qualificado e uma ótima dinâmica na chegada ao campo adversário. O problema, no entanto, era a falta de participação do quarteto ofensivo na recomposição em alguns momentos. Problema que foi bastante explorado por Renatinho Potiguar no segundo tempo. Leozinho entrou no lugar de Iranílson após o intervalo e Mazinho veio jogar pelo lado direito. A mudança deixou o América de Natal mais insinuante e envolvente no ataque. Ranielle Ribeiro respondeu com a entrada de Matheus Régis no lugar de Marcos Nunes e o Campinense igualou (um pouco) as ações no campo, embora seu adversário mostrasse mais facilidade para chegar na frente e o problema da marcação no meio-campo persistisse. Nesse momento, o Mecão criava muito mais do que a Raposa.
Impossível não perceber que o América de Natal havia crescido demais com as mexidas promovidas por Renatinho Potiguar no segundo tempo. O Campinense mais corria atrás dos adversários e só chegava na frente na base das bolas levantadas na área e dos passes longos. Vale destacar aqui que a marcação da Raposa seguia frouxa e sem a participação mais direta do quarteto ofensivo na recomposição defensiva. Leozinho levava ampla vantagem pelo lado esquerdo e criava as principais jogadas de ataque do América de Natal. Nesse ponto, o goleiro Mauro Iguatu se transformava no grande nome da partida deste sábado (16) com pelo menos três grandes defesas em finalizações de Weslley Smith, Rômulo e Patrick Allan. Ranielle Ribeiro ainda mandou Dione, Juliano e Cleiton para o jogo nos lugares de Fábio Lima, Michel Bennech e Marcelinho para reforçar o sistema defensivo e ganhar um pouco mais de força no ataque do Campinense. Mas as melhores chances ainda eram do América de Natal.
Mesmo sofrendo muito além do necessário no segundo tempo, o Campinense manteve a concentração, foi aplicado taticamente e ainda teve muita força mental para superar um organizado e qualificado América de Natal na decisão por pênaltis. Brilhava também a estrela do goleiro Mauro Iguatu. Além de garantir o zero no placar, o camisa 1 ainda converteu a penalidade que garantiu a vaga da Raposa nas semifinais e na Série C de 2022. Por mais que o trabalho de Renatinho Potiguar tenha se mostrado muito bom e que sua equipe tenha apresentado um bom desempenho na partida, faltou aprimoramento na conclusão das jogadas e mais capricho nas finalizações a gol. Ainda mais diante de um Campinense que apresentou alguns problemas coletivos no segundo tempo e que demorou para assimilar as mudanças promovidas pelo treinador do Mecão. Ficam as lições para o futuro. E não é exagero afirmar que o América de Natal poderia ter saído de campo com uma vitória ainda no tempo normal.
Mas o vencedor do confronto foi o Campinense de Ranielle Ribeiro, Serginho Paulista, Mauro Iguatu e companhia. Mesmo não tendo apresentado o bom desempenho da fase de grupos, o escrete paraibano mostrou muita concentração e muita entrega de todos em campo. E isso conta demais no futebol de alto rendimento. Mesmo num Brasileirão da Série D ainda desvalorizado pela grande imprensa e que apresenta histórias sensacionais como essa da Raposa de Campina Grande e sua fanática torcida. Que venham as semifinais!
https://www.youtube.com/watch?v=SsOf4vk6dqg
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