Empate suado contra o Athletico Paranaense expõe ainda mais os problemas coletivos do Flamengo
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Alberto Valentim explorou as escolhas ruins de Renato Gaúcho na escalação e nas substituições
Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira explica como Alberto Valentim explorou as escolhas ruins de Renato Gaúcho na escalação e nas substituições
O empate contra o Athletico Paranaense caiu do céu para o Flamengo. A verdade é essa. Por mais que Renato Gaúcho insista na tese de que sua equipe competiu e fez um “bom jogo” contra o Furacão, é impossível separar a péssima atuação coletiva do Mais Querido do Brasil das escolhas do seu treinador na escalação e nas substituições promovidas no segundo tempo. Ainda mais diante da melhora significativa no desempenho do escrete comandado por Alberto Valentim no segundo tempo da partida desta quarta-feira (20). Há como se criticar sim as atuações de Everton Ribeiro, Gabigol e Andreas Pereira e também lamentar as ausências de Bruno Henrique e Arrascaeta. Mas também é preciso observar o cenário da partida e tudo o que ela oferecia para a equipe de Renato Gaúcho. Nesse ponto, a falta de alternativas e os problemas coletivos foram escancarados por um adversário que se impôs dentro dos seus domínios e que só não venceu o jogo por conta da penalidade tola cometida por Lucas Fasson.
Sem seus principais jogadores, O Flamengo entrou em campo organizado no 4-2-3-1 costumeiro de Renato Gaúcho com Everton Ribeiro, Andreas Pereira e Michael formando a linha de três meias atrás de Gabigol. O Athletico Paranaense, por sua vez, jogava com suas linhas bem adiantadas e tirava a superioridade numérica do seu adversário com Terans, Renato Kayzer e Nikão pressionando Rodrigo Caio, Willian Arão e Léo Pereira na saída de bola. Por mais que o cenário não fosse dos melhores e que a partida estivesse bastante truncada e marcada pela “trocação” entre as duas equipes. O gol de Thiago Maia (marcado logo aos 14 minutos do primeiro tempo) dava a impressão de que controlaria as ações no campo com o cenário completamente favorável ao seu estilo de jogo. Só que o escrete de Alberto Valentim assimilou rápido o golpe e retomou o controle usando bem os lados do campo. Principalmente o esquerdo, onde Terans abria o corredor para as subidas de Abner Vinícius pra cima de um Isla tímido no apoio.
Na prática, o Flamengo nem conseguiu trocar passes no meio-campo (e diminuir o ritmo frenético da partida) e nem conseguiu explorar os espaços que apareciam entre o meio-campo e o trio de zagueiros do Atlhetico Paranaense. Conforme mencionado anteriormente, as escolhas de Renato Gaúcho acabaram minando o desempenho individual dos principais jogadores do Mais Querido do Brasil. Por mais que se argumente que essa mesma formação (o 4-2-3-1 com Andreas Pereira no centro da linha de três meias) funcionou muito bem contra o Juventude, o contexto do jogo desta quarta-feira (20) pedia algo diferente. Difícil compreender a insistência na circulação de Gabigol na intermediária sem ter um jogador que atacasse o espaço por dentro ou aparecesse na área para receber o cruzamento. Coisa que Arrascaeta e Bruno Henrique fazem muito bem. Ao mesmo tempo, Thiago Maia e Andreas Pereira sofriam demais com a marcação do 3-4-2-1 do Athletico Paranaense e com a lentidão do time do Flamengo na saída de bola.
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Pedro Henrique empatou a partida logo aos dois minutos do segundo tempo em lance que expôs outro problema do time de Renato Gaúcho: a marcação individual na bola parada. Seguindo a lógica do treinador, “cada um pega o seu”. Revejam o gol do camisa 34 e notem como ele e os demais jogadores do Athletico Paranaense entram na área sem serem incomodados. Notem também que o lance que originou o gol de empate nasceu de uma bola perdida por Andreas Pereira no meio-campo. Difícil colocar a culpa “apenas” em Léo Pereira (que teve sim mais uma noite para ser esquecida). Por mais que Renato Gaúcho insista na tese de que sua equipe competiu, o que se via (na prática) era um Flamengo sem criatividade, lento ao extremo e que dependia demais das jogadas individuais de Michael pelo lado esquerdo de ataque. O camisa 19 era o único que tentava acelerar o ritmo das tramas ofensivas e que dava profundidade e amplitude ao Mais Querido do Brasil. Muito pouco diante do material humano à disposição de Renato Gaúcho.
Mais do que a falta de criatividade no meio-campo, também chamava a atenção a passividade de todo o time do Flamengo na marcação e o ritmo lento da equipe. O lance do gol marcado por Renato Kayzer (o da virada do Athletico Paranaense) é um bom exemplo disso. A bola vai e volta na área do time de Renato Gaúcho sem que Andreas Pereira e Everton Ribeiro fechassem o espaço que Abner Vinícius teve à sua frente para fazer o cruzamento para a área de Diego Alves. A impressão que ficava era a de que o Flamengo havia adotado um modo “aleatório” na sua estratégia de jogo. Tudo isso permitia que jogadores como Léo Cittadini (um dos melhores em campo na opinião deste que escreve), Erick, Terans e o já citado Abner Vinícius crescessem de produção no segundo tempo. E não é exagero nenhum afirmar que o placar final poderia ter sido muito diferente se Alberto Valentim fosse um pouco mais ousado após a virada e mantivesse sua equipe no ataque ao invés de recuar as linhas e dar campo para o Flamengo.
Este que escreve entende que as oscilações são normais e vão acontecer independente de quem está em campo. Mas é preciso ter em mente que as escolhas de Renato Gaúcho influenciaram diretamente no desempenho coletivo do Flamengo na noite desta quarta-feira (20). Há como se compreender a saída de Michael por cansaço, mas é plenamente possível questionar a disposição tática da equipe após a virada. O 4-2-3-1 foi mantido, mas com Everton Ribeiro por dentro, Kenedy e Vitinho pelos lados e Diego vindo por trás. Sem profundidade e embolando demais o jogo por dentro, o Mais Querido do Brasil acabou mais facilitando a vida do Athletico Paranaense na marcação do que melhorou a produção ofensiva do Mais Querido do Brasil. Fora a falta de alternativas no elenco para as ausências de Arrascaeta e Bruno Henrique. Manter a estratégia das últimas partidas sabendo do cenário que a equipe encontraria na Arena da Baixada foi o principal erro de Renato Gaúcho num empate que caiu dos céus.
Mais do que nunca, é preciso encontrar soluções para os problemas coletivos apresentados nesta quarta-feira (20). Está bem claro para este que escreve que o Flamengo não pode ser tão passivo e tão lento como foi diante do Athletico Paranaense. Mais do que nunca, Renato Gaúcho precisa resolver algumas questões. A queda de rendimento de Gabigol sem Bruno Henrique e Arrascaeta em campo e a falta de combatividade do seu meio-campo são as mais urgentes. Acabou que esse empate caiu do céu para o Mais Querido do Brasil.
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