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Corinthians volta a aproveitar falhas defensivas da Ferroviária e controla as ações do jogo sem muitos problemas

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Arthur Elias e Lindsay Camila e a expectativa pela final do Brasileirão Feminino

Por Luiz Ferreira em 06/09/2021 10:52 - Atualizado há 3 anos

Rebeca Reis & Cristiane Mattos / Staff images Woman / CBF

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Arthur Elias e Lindsay Camila e a expectativa pela final do Brasileirão Feminino

Jogar contra uma equipe como o Corinthians exige concentração máxima, disciplina tática, consistência defensiva, intensidade nas transições e bom aproveitamento das chances criadas. Quase uma partida perfeita (se é que isso existe no velho e rude esporte bretão). A Ferroviária entendeu isso da pior maneira na derrota de 3 a 1 para as comandadas de Arthur Elias, resultado que eliminou as Guerreiras Grenás do Brasileirão Feminino. Lindsay Camila bem que tentou surpreender na escalação, mas viu sua equipe cometer os mesmos erros do jogo de ida (principalmente no sistema defensivo) e sofrer horrores para controlar a profundidade no seu 4-4-2 costumeiro na Arena Barueri. É compreensível que o Corinthians seja uma equipe mais qualificada e muito mais organizada, mas a sensação que ficou da partida deste domingo (5) foi a de que a Ferroviária poderia ter sido (pelo menos um pouco) mais competitiva do que realmente foi.

É interessante notar que Arthur Elias não fez grandes mudanças na sua equipe para o “segundo round” das semifinais do Brasileirão Feminino. O jeito de jogar e de se comportar em campo era o mesmo: marcação alta, muita pressão pôs-perda, muito acerto nas trocas de passe e alta velocidade nos contra-ataques. Diante da escalação da Ferroviária (que jogou com Ana Alice mais presa na lateral e Sochor jogando quase como uma volante no 4-4-2 de Lindsay Camila), o treinador do Corinthians apostou em Ingryd ao lado de Gabi Zanotti no meio-campo e num quarteto ofensivo que atormentou a vida da defesa das Guerreiras Grenás. Tamires e Gabi Portilho voavam pelos lados do campo (principalmente a camisa 18), Vic Albuquerque e Adriana se movimentavam muito às costas de Luana e Sochor e aproveitavam bem os problemas defensivos das Guerreiras Grenás com passes em profundidade buscando as “pontas” do 4-4-2/4-2-4 de Arthur Elias.

Enquanto Lindsay Camila tentou reforçar o lado direito da Ferroviária, Arthur Elias apostou no que tinha de melhor à sua disposição num 4-4-2/4-2-4 que aproveitou bastante os problemas defensivos do seu adversário. Ana Alice e Barrinha não se acharam na marcação nas laterais.

O que se via na Ferroviária de Lindsay Camila era uma equipe que tentava pressionar a saída de bola do Corinthians, mas sem a intensidade e a organização necessárias para recompor suas linhas quando suas adversárias conseguiam fazer a bola chegar nos pés de Ingryd e Gabi Zanotti (volantes que se livravam da pressão com muita facilidade). Além disso, a maneira como a defesa das Guerreiras Grenás controlavam o espaço às suas costas era um convite e tanto para Gabi Portilho, Tamires e companhia. Não foi por acaso que Arthur Elias escolheu jogadoras mais fortes, mais intensas e mais verticais para o jogo deste domingo (5). Para se ter uma ideia do caos defensivo das Guerreiras Grenás, a jogadora que mais cortava os passes que buscavam as costas de Yasmin Cosmann e Gessica era a goleira Luciana (que mais uma vez mostrou que gosta de jogos grandes). A Ferroviária seguia extremamente vulnerável.

Lindsay Camila apostou num 4-4-2 muito desorganizado na pressão pós-perda e sem intensidade na recomposição. Gabi Portilho, Vic Albuquerque, Adriana e Tamires encontravam espaços generosos entre as linhas das Guerreiras Grenás. Foto: Reprodução / TikTok / Desimpedidos

O frame acima também mostra o posicionamento mais recuado de Sochor e Rafa Mineira mais à frente do que o costume na Ferroviária. Este que escreve entende bem o desejo de Lindsay Camila de ter um passe mais qualificado no seu meio-campo, mas a formação escolhida para a partida deste domingo (5) mais abriu espaços do que os preencheu. E o Corinthians de Arthur Elias controlava o jogo sem passar por muitos sustos e atacava com o volume de jogo bem conhecido da equipe. Nem mesmo as mudanças promovidas pelo seu treinador no segundo tempo diminuíram o ímpeto ofensivo de um Timão muito forte nos duelos, intenso nas transições e bastante sólido na defesa. E isso tudo tirando bastante vantagem dos crônicos problemas defensivos da Ferroviária. Ana Alice e Barrinha não fechavam os lados do campo, a dupla de zaga errou praticamente todos os botes e o meio-campo não fechou os espaços na frente da área. Deu no que deu.

Mesmo com as mudanças no segundo tempo, o Corinthians seguiu colocando muito volume de jogo e atacando com pelo menos seis jogadoras. A defesa da Ferroviária seguia com problemas sérios na sua última linha e o meio-campo pouco ajudava na marcação. Foto: Reprodução / TikTok / Desimpedidos

Tirando o gol contra de Gessica (originado após bela jogada de Gabi Portilho pelo lado direito), o Corinthians foi bastante eficiente nas jogadas de bola parada (vide os gols de Erika e Gabi Zanotti). Mesmo assim, este colunista mostra uma certa preocupação com o grande número de chances desperdiçadas cara a cara com Luciana (uma das melhores em campo mais uma vez). Por mais que a Ferroviária tenha facilitado demais a vida de Adriana, Vic Albuquerque e companhia, as finalizações a gol são sim um problema que precisa de soluções mais rápidas no escrete comandado por Arthur Elias. E vale lembrar que o Timão vai encontrar um Palmeiras disposto a tudo nas duas partidas da decisão do Brasieirão Feminino. Mesmo sem Rafaelle e sem Bia Zaneratto, as Palestrinas têm sim condições de criar muitos problemas para o Corinthians. A equipe cria demais, mas não aproveita as chances que tem durante dos noventa minutos.

Pode ser que este que escreve esteja vendo o “copo meio vazio” e ignorando o incrível volume de jogo do escrete do Parque São Jorge. É uma visão válida. Mas é preciso ter em mente que a equipe de Arthur Elias terá pela frente um oponente forte e de jogo bastante consistente. Corinthians e Palmeiras prometem fazer dois jogos que vão sim entrar para a história do futebol feminino no Brasil. Pelo tamanho das duas camisas que estarão em campo e pela qualidade das duas equipes. O nível será altíssimo.

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