Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa atuação do Furacão na vitória sobre o Peñarol no jogo de ida das semifinais da Copa Sul-Americana
A grande vitória do Athletico Paranaense sobre o Peñarol ficou marcada por dois pontos fundamentais. O primeiro deles foi a maneira como a equipe comandada pelo auxiliar Bruno Lazaroni (já que Paulo Autuori estava suspenso) se defendeu e suportou a pressão do seu forte adversário no Estádio Campeón del Siglo, em Montevidéu. Vale aqui destacar a boa atuação do trio defensivo na perseguição a Facundo Torres, Canobbio e o ótimo Álvarez Martínez. E o segundo ponto da partida desta quinta-feira (23) reside no fato do Furacão não ter se limitado aos trabalhos defensivos. Muito pelo contrário. A pressão inicial que resultou no golaço de Terans e a ocupação dos espaços no campo de ataque sempre que o Peñarol baixava o nível de intensidade comprovavam a eficácia da estratégia adotada pelo Athletico Paranaense. Por mais que o confronto das semifinais da Copa Sul-Americana ainda esteja aberto, o resultado obtido fora de casa e a atuação da equipe merecem ser celebrados.
🆚| #PENxCAP 1-2
⚽️| Agustín Álvarez Martínez
⚽️| Terans e Pedro Rocha
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 60% – 40%
👟 Finalizações: 17 – 7
✅ Finalizações no gol: 7 – 5
🛠 Grandes chances: 1 – 0
☑️ Passes certos: 363 – 239💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/oe2JmHpOQz
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) September 24, 2021
Bruno Lazaroni mandou o Furacão a campo no mesmo 3-4-2-1 já visto e amplamente comentado aqui neste espaço em outras oportunidades. Pedro Henrique, Thiago Heleno e Zé Ivaldo ganhavam a proteção de Erick e Richard na intermediária. Os volantes do Athletico Patranaense, por sua vez, não se limitavam ao trabalho defensivo. Também faziam a bola chegar no ataque e contavam com as chegadas mais raras do que o normal de Marcinho e abner Vinícius pelos lados do campo. A ideia aqui era clara. Acelerar as transições assim que a equipe recuperava a posse de bola e atacar em bloco. Do outro lado, o técnico Mauricio Larriera apostava num 4-1-4-1 mais nítido e que se transformava num 4-2-4 conforme o avanço de Ceppelinni pra junto do trio ofensivo. É interessante notar que o Peñarol forçava mais o jogo pelo lado direito de ataque, onde Guovanni González apoiava muito e Canobbio se juntava a Álvarez Martínez para tirar a superioridade numérica do Athletico Paranaense no setor.
Giovanni González se juntava a Ceppellini e Canobbio num 4-1-4-1 que forçava bastante o jogo pelo lado esquerdo do Athletico Paranaense. Bruno Lazaroni manteve o 3-4-2-1 básico da sua equipe e apostou em transições feitas em alta velocidade a partir do momento em que a bola era recuperada
O que o Peñarol não contava era com a pressão inicial do Furacão no campo de ataque. E o início do lance do golaço de Terans (marcado logo no primeiro minuto do confronto no Estádio Campeón del Siglo) explica muito bem como o Athletico Paranaense conseguiu controlar as ações no início de partida. Juan Ramos domina mal na intermediária e Marcinho recupera a posse. A bola fica com Nikão que faz o cruzamento para a área. Bissoli desvia e Terans acerta belíssima bicicleta e encobre o goleiro Dawson. Gol de placa que tem a marca de uma estratégia bem executada. Os minutos seguintes nos mostrariam um Peñarol mais afobado com o golpe, mas que conseguiu recuperar a organização e empatou com o excelente Álvarez Martínez aproveitando um dos únicos vacilos do sistema defensivo do Furacão em toda a partida. Mesmo assim, o Athletico Paranaense passava até uma certa segurança diante da pressão do seu adversário. Seja com as defesas de Santos com com as bolas interceptadas por Thiago Heleno.
Marcinho rouba a bola, Nikão aparece no corredor e Bissoli arrasta a defesa do Peñarol. O golaço de Terans teve a marca de uma estratégia bem elaborada e muito bem executada pelo Athletico Paranaense no início de partida em Montevidéu. Imagens: Reprodução / YouTube / Conmebol Sudamericana
O escrete comandado por Bruno Lazaroni suportava bem a pressão do seu adversário no primeiro tempo. Só que o auxiliar percebeu que faltava sangue novo no meio-campo e mandou Léo Cittadini para o jogo no lugar de Richard. O Furacão melhorou muito o passe na saída de bola e controlava mais os espaços nesse início de segundo tempo. Faltava, no entanto, o refinamento no último passe e nas finalizações a gol. Refinamento esse que não falou no belo chute de Pedro Rocha aos 29 minutos após falta cobrada na área do Peñarol. O camisa 28 não foi importante apenas no lance do gol da vitória do Athletico Paranaense. Também fechou o lado esquerdo e ajudou Nicolas na marcação pelo lado esquerdo da defesa. Mauricio Larriera ainda tentou colocar o Peñarol no ataque com Laquitana, Gaitán e Ariel Nahuelpán num 4-2-4 de mais presença na área, mas a equipe uruguaia só conseguia ameaçar a meta de Santos através de cruzamentos e chutes de longa distância. Grande resultado do Furacão.
Pedro Rocha e Nicolas melhoraram a marcação pela esquerda e Léo Cittadini foi importante para melhorar o passe no meio-campo do Athletico Paranaense. Mauricio Larriera ainda tentou ensaiar um 4-2-4 no Peñarol, mas sua equipe só levava perigo nas bolas aéreas e nos chutes de média e longa distância
É verdade que o Athletico Paranaense teve mais sorte do que juízo em alguns momentos do jogo em Montevidéu. O recuo excessivo da equipe no primeiro tempo deu o campo que o Peñarol tanto queria para acionar Gargano e Ceppellini por dentro e permitiu que Álvarez Martínez pudesse circular mais entre as linhas e abrir espaços para as entradas de Canobbio e Facundo Torres em diagonal. Mesmo assim, o time comandado por Bruno Lazaroni soube bem como se adaptar ao contexto da partida e aproveitar as chances que teve durante os noventa e poucos minutos. o Furacão fechou bem os espaços, sofreu com as investidas do Peñarol, voltou do intervalo mais organizado, ganhou consistência após as entradas de Léo Cittadini e Nicolas e ainda se arriscou no ataque quando teve chance. Fora os belos gols de Terans e Pedro Rocha. E isso sem falar na segurança passada por Santos na meta do Furacão e pela fibra de Thiago Heleno no miolo de zaga. Dois pilares de uma equipe muito organizada.
Por mais que o confronto ainda esteja aberto, o resultado obtido fora de casa dá sim muita confiança para o Athletico Paranaense nessa reta final de Copa Sul-Americana. A equipe pode não ter feito uma atuação brilhante, mas mostrou maturidade para reconhecer e corrigir seus problemas ainda no decorrer da partida, entender todo o contexto e voltar de Montevidéu com um grande resultado. O Furacão vem mostrando sua força mais uma vez e que merece respeito por parte dos seus adversários. Sejam eles quem forem.
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