Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira destaca as escolhas de Abel Ferreira e Cuca nesta terça-feira (21) em jogo válido pelas semifinais da Libertadores
Este que escreve já esperava um jogo mais truncado e estudado por parte de Palmeiras e Atlético-MG devido ao contexto que incluía o critério do gol fora e o “primeiro round” das semifinais da Copa Libertadores da América. Mas é preciso dizer que a postura da equipe alviverde jogando nos seus domínios nos mostrou que os objetivos de Abel Ferreira eram claros: não levar gols no Allianz Parque e travar o poderoso ataque do Galo para, aí sim, tentar explorar os contra-ataques. O baixo número de finalizações (ver no tweetv abaixo) mostra bem o que foi a partida desta terça-feira (21). Estudo e pragmatismo em excesso em detrimento de uma postura mais ofensiva. Ainda que o Atlético-MG tenha desperdiçado a melhor chance da noite com Hulk cobrando penalidade na trave esquerda de Weverton, o próprio Cuca também acabou recuando as linhas da sua equipe nos minutos finais. Seja como for, o Palmeiras conseguiu atingir suas metas jogando em casa. Mas a partida em si foi muito fraca.
🆚| #PALxCAM 0-0
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📊 Estatísticas:📈 Posse: 42% – 58%
👟 Finalizações: 4 – 11
✅ Finalizações no gol: 1 – 0
🛠 Grandes chances: 0 – 1
☑️ Passes certos: 294 – 455💯 Notas SofaScore 👇 pic.twitter.com/7A6vgzmzZ2
— Sofascore Brazil (@SofascoreBR) September 22, 2021
Abel Ferreira apostou na entrada de Felipe Melo na frente da última linha para dar mais consistência e força na marcação na frente da última linha. Justamente na faixa do campo onde Nacho Fernández gosta de circular para criar as jogadas de ataque. O camisa 26 jogava mais pelo lado direito junto a Mariano (que vigiava Dudu bem de perto) e se juntava a Zaracho que também buscava o jogo por dentro (que ajudava a cobrir os espaços de Guilherme Arana no outro lado). Quase um 4-2-2-2 bem típico dos anos 1990, mas sem abrir espaços pelos lados do campo, já que o escrete comandado por Cuca fazia muito bem a recomposição defensiva e encarava um Palmeiras sem tanta velocidade para contra-atacar. Isso porque Abel Ferreira pode até ter exagerado nas doses de pragmatismo ao posicionar Rony como perseguidor do camisa 13 do Galo e Marcos Rocha quase como um terceiro zagueiro no lado direito. Com Raphael Veiga jogando quase como um volante, Luiz Adriano vigiando os volantes Jair e Allan e Dudu como o jogador mais avançado do time do Palmeiras.
Nacho Fernández abria o corredor para as descidas de Guilherme Arana e se juntava a Zaracho na criação das jogadas de ataque do Atlético-MG. Do outro lado, o Palmeiras se defendia com Rony e Marcos Rocha fechando o lado direito, Felipe Melo na frente da defesa e Dudu como o jogador mais avançado.
O Atlético-MG até encontrava espaços na intermediária com a constante movimentação do seu quarteto ofensivo e a boa dinâmica colocada por Jair na criação das jogadas. Na opinião deste que escreve, o camisa 8 foi o melhor em campo e conseguiu se destacar no meio de tanto pragmatismo e tanta marcação. Mas faltava aquilo que os mais antigos chamavam de “último passe”. O escrete de Cuca conseguia circular a bola no campo do Palmeiras, arrastava a marcação com a boa movimentação de Diego Costa e Hulk diante de Luan e Gustavo Gómez e abria espaços pelos lados do campo. O problema todo estava na finalização das jogadas. Faltava efetividade e também um pouco de calma. Enquanto isso, o time de Abel Ferreira mantinha sua estratégia no Allianz Parque: se defender, fechar as linhas de passe do seu forte adversário e tentar encaixar um contra-ataque que fosse. No entanto, a impressão que ficou do jogo desta terça-feira (21) foi a de que o escrete alviverde poderia ter sido um pouco mais ousado.
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Ainda mais quando se notou que o time do Atlético-MG sentiu a penalidade desperdiçada por Hulk no primeiro tempo e baixou um pouco o nível de intensidade no terço final. Nem assim o Palmeiras conseguiu levar um pouco de perigo ao gol de Everson. Ao mesmo tempo, Abel Ferreira manteve a postura pragmática e defensiva durante todo o segundo tempo. Felipe Melo seguia como “leão de chácara” no meio-campo e cobrindo os espaços que apareciam na última linha. Raphael Veiga e Zé Rafael guardavam mais sua posição, Piquerez (que sofreu com as subidas de Zaracho e Mariano pelo seu setor) avançou pouco e o ataque alviverde ficou na dependência das bolas mais longas. Muito pouco para vencer um adversário que gostava de ficar com a bola, mas que também encontrou dificuldades para vencer essa boa marcação. Por mais que o Atlético-MG de Cuca tivesse muito volume de jogo, ficou bem claro que os dois treinadores se deram por satisfeitos com o empate sem gols nos minutos finais.
O Palmeiras de Abel Ferreira manteve a postura mais pragmática e defensiva durante todo o jogo e quase não ameaçou a meta de Everson. Felipe Melo fechava os espaços e não dava sossego e nem espaço para o ataque do Atlético-MG na marcação. Foto: Reprodução / YouTube / Conmebol Libertadores
Há como se discutir se a estratégia adotada por Abel Ferreira era a mais adequada para um confronto desse nível. Mas é preciso reconhecer que a equipe comandada pelo português sabe muito bem como jogar dessa maneira. Faltou, é claro, mais efetividade e agressividade com a posse da bola para superar um Atlético-MG que baixou um pouco a rotação depois que Hulk cobrou pênalti na trave. Ao mesmo tempo, também é interessante notar que a equipe comandada por Cuca teve desempenho semelhante apesar de se fazer muito mais presente no campo ofensivo. Ainda que Diego Costa, Nacho Fernández, Zaracho, Jair e o próprio Hulk se fizessem muito presentes no campo de ataque, a verdade é que o Galo finalizou pouco, desperdiçou a melhor oportunidade da partida e sofreu para entrar na área do Palmeiras tocando a bola como gosta e faz tão bem. Mesmo assim, o escrete comandado por Cuca é muito agradável de se ver em campo por todos os elementos apresentados aqui. Faltou efetividade e criatividade.
O jogo da volta no Mineirão promete um contexto completamente diferente. Primeiro pela presença do público e depois pela postura que Atlético-MG e Palmeiras devem adotar na próxima semana. Difícil não notar que Abel Ferreira terá um cenário favorável ao estilo mais reativo e de contra-ataques rápidos que tanto gosta e que Cuca pode reeditar o “Galo Doido” com muito mais intensidade do que nesta terça-feira (21). Certo é que veremos uma partida completamente diferente. Talvez com muito mais emoção.
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