Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa a atuação do Trem Bala da Colina no empate contra o CRB e o que pode vir pela frente da Série B
Antes de mais nada, é preciso deixar muito claro para todos os que acompanham a coluna aqui no TORCEDORES.COM que ainda é muito cedo e praticamente impossível se realizar análises profundas do trabalho de Fernando Diniz no Vasco. O que se pode afirmar sem muito medo de ser precipitado (ou até mesmo leviano) é que o empate em 1 a 1 com o CRB em Maceió deixou a sensação de que o Trem Bala da Colina parece ter ganhado novo ânimo com a estreia do seu novo treinador e uma nova maneira de jogar. Saída apoiada desde o goleiro Vanderlei, passes curtos, jogadores mais próximos, velocidade pelos lados do campo e uma postura muito mais agressiva nas transições. Essa nova “roupagem” vista na partida desta quinta-feira (16) também deixou claro que o veterano Nenê pode ser muito útil nos planos de Fernando Diniz para a sequência do Brasileirão da Série B. Ainda que seja muito cedo para se fazer qualquer análise, as impressões deixadas pelo time no Estádio Rei Pelé dão sim uma ponta de esperança.
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Muita gente se surpreendeu quando Fernando Diniz divulgou a escalação inicial do Vasco. Ao invés do 4-2-3-1 e das inovações de Lisca nas últimas partidas, o novo treinador vascaíno escalou sua equipe num 4-3-3 altamente ofensivo. Andrey era o único volante de ofício e se posicionava um pouco mais atrás de Nenê e Marquinhos Gabriel, os “volantes-meias” que pisavam na área e fechavam o corredor central junto ao camisa 6 quando o Vasco era atacado pelo CRB (que jogou organizado num 4-2-3-1 de boa movimentação, mas sem tanta agressividade nas transições). Se Cano era a referência do setor ofensivo, Léo Jabá e Morato eram os pontas que davam amplitude ao ataque e abriam o corredor para as descidas de Zeca e Léo Matos. O objetivo de Fernando Diniz nessa sua estreia era simples: manter a posse da bola pelo maior tempo possível e acelerar nos momentos certos buscando o quinteto ofensivo no desdobramento para um 3-2-5. E é possível dizer que essa nova “roupagem” do Vasco deu frutos.
Andrey era o único volante do 4-3-3 de Fernando Diniz na sua estreia no comando técnico do Vasco. Nenê e Marquinhos Gabriel organizavam a saída de bola e se aproximavam do trio ofensivo. O CRB tentou explorar as costas da última linha, mas mostrou certa dificuldade para se achar no jogo.
Do outro lado, mesmo jogando nos seus domínios, o CRB agredia pouco e adotava uma postura um pouco mais cautelosa no primeiro tempo. É verdade que o Galo da Pajuçara quase abriu o placar com Nicolas Careca logo aos 13 minutos de partida e que o gol de Caetano foi anulado depois que o VAR flagrou Diego Torres em impedimento no início do lance. É bem possível que o técnico Allan Aal pretendesse um jogo mais reativo por conta da posição do CRB na tabela do Brasileirão da Série B e pela necessidade que seu adversário tinha em sair para o jogo e buscar os três pontos. Seja como for, o escrete alagoano não apareceu tanto no ataque como eu e muita gente esperava. E com isso, o Vasco foi se soltando aos poucos e criando boas chances de gol. Nesse aspecto, é preciso exaltar a atuação de Nenê. Jogando um pouco mais recuado do que o costume, o veterano da camisa 77 comandou o meio-campo da equipe de São Januário com boa visão de jogo, bons passes e a já conhecida qualidade na bola parada.
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É interessante notar que o Vasco foi ganhando mais desenvoltura na mesma medida em que seus jogadores iam ganhando confiança. A movimentação ofensiva ganhou mais consistência com a filosofia de posse de bola mais presente no Trem Bala da Colina. Não que a posse da “rechonchuda” seja suficiente para que os problemas do escrete de São Januário acabem. Mas fato é que Fernando Diniz escolheu um time baseado nas características que queria ver nos seus comandados dentro de campo. Ao invés das bolas levantadas na área, movimentação sincronizada, leitura de espaços e chutes de pequena e média distância. Tudo feito com muita concentração para não embolar o jogo na frente da área do CRB e nem para deixar qualquer companheiro de equipe em movimento. Era possível ver Zeca e Léo Matos mais presentes no campo ofensivo e ocupando o espaços aberto por Léo Jabá e Morato, Andrey aparecendo no ataque quase como um ponta de lança e Marquinhos Gabriel se comportando como um volante em alguns momentos.
Todo o time do Vasco ganhou mais liberdade de movimentação e mais opções de passe no meio-campo. Fernando Diniz apostou num time mais habilidoso, de melhor trato com a bola no pé e ainda ganhou o “plus” com o retorno do veterano Nenê a São Januário. Imagens: Reprodução / SPORTV / GE
O gol de Cano (no último lance do primeiro tempo) premiou todo o ímpeto ofensivo do Vasco e todo o trabalho realizado nesses poucos dias de treinamento. Víamos uma equipe mais preocupada com a posse da bola e mais ligada no acerto nos passes. Por outro lado, a grande dor de cabeça do Trem Bala da Colina talvez seja o seu combalido sistema defensivo. Ainda que a postura do escrete de São Januário tenha sido bem diferente dos seus tempos com Lisca (e que o CRB tenha melhorado seu desempenho com as substituições promovidas por Allan Aal), a defesa sempre esteve sujeita a “chuvas e trovoadas” na partida desta quinta-feira (16). Principalmente nas bolas aéreas, onde Diego Torres, Guilherme Romão e Reginaldo (depois Celsinho) buscavam a dupla de zaga ou o atacante Nicolas Careca. Mas o gol de empate do Galo da Pajuçara saiu aos 46 minutos do segundo tempo nasceu da boa pressão pós-perda do escrete de Allan Aal em cima de Bruno Gomes e da afobação do sistema defensivo do Vasco nos botes.
A defesa ainda é o ponto mais fraco do Vasco nessa temporada. E isso pôde ser comprovado no lance do gol de empate do CRB após Bruno Gomes perder a bola e todo o sistema defensivo se desesperar e errar quase todos os botes aos jogadores do Galo da Pajuçara. Imagens: Reprodução / SPORTV / GE
O gol marcado por Renan Bressan no apagar das luzes não deixa de ser um balde d’água fria no Vasco (que esteve bem perto de acabar com o jejum de vitórias fora de casa nessa Série B). A defesa voltava a falhar num momento altamente decisico. Assim como o ataque parou em Diogo Silva ou nos erros de conclusões e tomadas de decisão. Nada, no entanto, que tenha a influência direta de Fernando Diniz. Aliás, este que escreve defende a tese de que sua chegada (pelo menos agora) teve efeito positivo num elenco experiente, mas que não conseguia colocar as ideias dos seus antigos técnicos em prática. E se você acha que o CRB era uma “galinha morta”, saiba que time comandado por Allan Aal se manteve na quarta posição da tabela e briga diretamente pelo acesso à elite do Campeonato Brasileiro. A equipe alagoana marca bem, usa os lados do campo com frequência e também sabe como atacar por dentro. E o Vasco iniciou um novo processo e ainda vai precisar de tempo e paciência.
Ainda que esta tenha sido a primeira partida de Fernando Diniz à frente do Trem Bala da Colina, a impressão que fica é positiva pela maneira como a equipe de São Januário se comportou na partida desta quinta-feira (16). Pode não ter sido o resultado esperado pela torcida, mas indica um caminho a seguir sem qualquer sombra de dúvida. O Vasco tem elenco para brigar por coisas muito maiores nessa temporada e essa reta final não costuma perdoar erros. É por isso que Fernando Diniz tem pressa. Assim como o próprio Vasco.
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