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Liderança de Nenê e boa atuação coletiva no segundo tempo foram fundamentais na vitória do Vasco sobre o Brusque

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e as polêmicas da arbitragem na partida desta sexta-feira (24)

Por Luiz Ferreira em 25/09/2021 02:59 - Atualizado há 3 anos

Rafael Ribeiro / Vasco

Na coluna PAPO TÁTICO, Luiz Ferreira analisa as escolhas de Fernando Diniz e as polêmicas da arbitragem na partida desta sexta-feira (24)

É impossível separar a atuação do Vasco do contexto da partida realizada no Estádio Augusto Bauer. Principalmente por conta da arbitragem confusa e sem muitos critérios de Sávio Pereira Sampaio. A expulsão de Léo Matos no final do primeiro tempo é, no mínimo, discutível e acabou condicionando todo o restante do confronto. Seja como for, a vitória sobre o Brusque foi marcada pela boa atuação coletiva do Trem Bala da Colina no segundo tempo (não é fácil segurar um adversário jogando com um a menos durante mais de cinquenta minutos sem ser vazado) e pela liderança do veterano Nenê. O camisa 77 infernizou a defesa adversária com muita movimentação e se transformou na grande referência técnica da equipe comandada por Fernando Diniz. O jejum de vitórias na Série B acabou para o Vasco de maneira muito mais sofrida do que o necessário. No entanto, diante do que ocorreu nos jogos contra CRB e Cruzeiro, a apresentação mais pobre acabou ficando em segundo plano.

Isso porque o escrete de São Januário não fez um bom primeiro tempo. Este que escreve entende que Fernando Diniz queira um time mais “cascudo” em campo e que pressione o adversário no campo ofensivo. Marquinhos Gabriel (ainda muito contestado pela torcida) e Nenê se juntaram a Bruno Gomes num 4-3-3 que tentava dar profundidade às jogadas e contava com o apoio de Léo Matos e o posicionamento de Zeca um pouco mais por dentro. O problema estava na recomposição defensiva, realizada de maneira muito lenta e que facilitava demais a vida do Brusque. A principal arma ofensiva do time comandado por Waguinho Dias eram os avanços de Toty pelo lado direito. O camisa 20 levava ampla vantagem nos duelos contra Zeca e Morato e foi um dos melhores da equipe quadricolor (que jogava num 4-2-3-1 inicial que variou para um 4-1-4-1 com os avanços de Nonato para junto de Jhon Cley no meio-campo). Por mais que o Vasco mantivesse a posse da bola, as melhores chances eram do Brusque nesse início de jogo.

Fernando Diniz repetiu a formação das últimas partidas com Marquinhos Gabriel e Nenê jogando por dentro como “volantes-meias” no seu 4-3-3. O problema estava na recomposição defensiva do Vasco. A lentidão e a apatia de alguns jogadores só facilitava a vida do 4-2-3-1/4-1-4-1 do Brusque.

O VAR anulou dois gols do Brusque e também interferiu no lance que culminou na expulsão de Léo Matos. Este que escreve entende que o espaço não é o ideal para se tratar de questões da arbitragem. Ao mesmo tempo, é preciso dizer que os “homens do apito” parecem fazer questão de estragar o espetáculo que não é e nunca foi deles. E como não poderia deixar de ser, o cartão vermelho do camisa 3 vascaíno acabou influenciando toda a atuação da equipe de Fernando Diniz no segundo tempo. E o grande “pulo do gato” aconteceu na entrada de Válber no lugar de um apagado e extebuado Morato. Zeca foi para a lateral-direita e Ricardo Graça ocupou a posição que era do camisa 37. O gol (marcado aos 10 minutos da segunda etapa) e a liderança de Nenê (um maestro em alguns momentos e um mestre de obras em outros) ajudaram demais no balanço defensivo e na organização da equipe de Fernando Diniz. E isso tudo num gramado de qualidade terrível e com todo o contexto apresentado anteriormente.

Se Nenê era importante pela referência técnica e por assumir o papel de “braço direito” de Fernando Diniz no meio-campo, também é preciso exaltar a grande atuação do sistema defensivo do Vasco no segundo tempo. Principalmente o goleiro Vanderlei e suas defesas de cinema. Foram pelo menos três grandes intervenções nos quarenta e cinco minutos finais e algumas boas doses de sorte nas oportunidades desperdiçadas pelo Brusque. Tudo por conta do 4-4-1 armado por Fernando Diniz. O treinador vascaíno fez a leitura correta de jogo ao mandar Daniel Amorim e Rômulo para o jogo nos lugares de Cano e Gabriel Pec. Muita força na marcação por dentro, boa saída pelos lados com Marquinhos Gabriel e Nenê (que quase foi substituído por engano) e muita entrega de todos os jogadores num segundo tempo de pura tensão no Estádio Augusto Bauer. E nesse ponto, vale muito destacar toda a atuação coletiva do Vasco numa partida altamente influenciada pelo contexto. Ainda que o jogo não tenha sido lá muito bom.

Nenê e Marquinhos Gabriel fechavam pelos lados, Ricardo Graça virou lateral-esquerdo e Zeca foi jogar na direita no 4-4-1 de Fernando Diniz. O Vasco segurou o Brusque, viu Vanderlei salvar a noite e teve no camisa 77 a sua principal referência técnica. Foto: Reprodução / SPORTV

Por si só, a vitória fora de casa traz confiança e ajuda a consolidar o trabalho feito por Fernando Diniz. Conforme dito anteriormente aqui mesmo neste espaço, o Vasco dá a impressão de ter ganhado fôlego e ânimo novo com a a chegada do seu novo treinador. O 4-3-3 com Marquinhos Gabriel e Nenê vindo por dentro e se juntando a Cano no ataque tem se mostrado bastante eficiente para explorar bem o potencial de cada jogador. O problema, no entanto, continua no sistema defensivo. Está claro que um dos problemas do time de Fernando Diniz ainda é a recomposição e que o miolo de zaga do Vasco ainda marca mal demais. Cobrar consistência e padrão de jogo com apenas três partidas no comando do clube soa exagerado e imediatista diante de todas as atribulações do time de São Januário nessa temporada. Mas a impressão que fica para este colunista é a de que o Trem Bala da Colina vem fazendo boas escolhas. A principal delas até o momento é a confiança plena no veterano Nenê.

O Vasco volta a vencer após quatro rodadas na Série B e nos mostra uma tendência de crescimento. Por mais que o jogo contra o Brusque tenha sido marcado por uma série de problemas que influenciaram na atuação da equipe, o resultado desta sexta-feira (24) pode se transformar no início de uma arrancada na competição. Mas isso só vai acontecer se Vasco e Fernando Diniz seguirem com as boas escolhas. E até o momento, o retorno de Nenê parece ter sido a escolha mais sábia em meses.

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