Cruzeiro está sendo investigado pelas negociações envolvendo o uruguaio Arrascaeta, que foi para o Flamengo em 2019
Com uma campanha bastante irregular na Série B do Campeonato Brasileiro, o Cruzeiro vive mais um drama fora de campo. O clube mineiro virou alvo de um novo inquérito da Polícia Civil de Minas Gerais para apurar possíveis irregularidades em negociações envolvendo a Raposa.
Segundo o GE.com, as autoridades suspeitam que os valores pagos nas comissões, transferência, renovação e venda do meia uruguaio Giorgian De Arrascaeta, hoje no Flamengo, foram realizadas para beneficiar dirigentes da época e empresários, com apuração se houve prática de formação de organização criminosa e apropriação indébita.
Além do negócio com Arrascaeta, também estão na mira da Polícia Civil outras contratações entre 2018 e 2019. Outro nome divulgado foi o de Orejuela, atualmente no São Paulo. As comissões superam R$ 12 milhões.
As investigações são desdobramento do primeiro inquérito que culminou no indiciamento de sete pessoas, em novembro de 2020.
Entenda o caso de Arrascaeta
Uma denúncia motivou o início das investigação sobre a contratação de Arrascaeta pelo Cruzeiro. Foram citados como investigados o empresário André Cury, a empresa da qual é sócio (Link Assessoria Esportiva e Propaganda Ltda), o ex-presidente do Cruzeiro, Wagner Pires de Sá, e o ex vice-presidente de futebol, Itair Machado.
André Cury foi responsável pela venda do uruguaio do Defensor ao Cruzeiro, em 2015, e também no negócio de 2019, na saída do jogador do Cruzeiro para o Flamengo. O agente atuou como intermediário e com aval do Cruzeiro.
Em 2015, o Cruzeiro se comprometeu a transferir 10% do valor de uma futura venda de Arrascaeta a André Cury, mesmo que ele não participasse do negócio. Além disso, deu exclusividade à Link Assessoria de representar o clube em negociação do jogador.
Já em 2016, as duas partes assinaram um novo termo. Nesse ajuste de pagamento de comissão, o clube confessou ter prometido pagar R$ 1,6 milhão pelos serviços de “assessoria e corretagem” no momento da contratação de Arrascaeta, em 2015. Desse valor total, R$ 910 mil já haviam sido quitados.
Os R$ 570 mil restantes foram parcelados em 10 vezes entre fevereiro e dezembro de 2017. O contrato é assinado por Gilvan de Pinho Tavares, presidente do Cruzeiro na ocasião, e André Cury.
Em 2019, Arrascaeta deixou o Cruzeiro e foi para o Flamengo. O clube carioca pagou 18 milhões de euros (R$ 76,5 milhões na época), sendo 13 milhões de euros (R$ 55,3 milhões) ao Cruzeiro por 50% dos direitos. O restante iria para o Defensor, do Uruguai, que negociou 25% dos direitos econômicos, ficando com outros 25%.
Na negociação que levou o meia uruguaio ao Flamengo, André Cury teria direito a R$ 4,2 milhões. De acordo com o GE.com, o empresário foi quem representou o Cruzeiro durante o processo de contratação, em janeiro de 2019, com o Defensor.
O restante dos 10% do valor que André Cury tinha direito na venda de Arrascaeta foi cobrado do Cruzeiro por meio de notificação extrajudicial, no mês de maio de 2020.
O clube mineiro fez o repasse dos R$ 1,2 milhão da venda do meia Maurício ao Internacional e ainda estabeleceu no contrato que parte de uma venda futura dos 40% do jogador ficaria com a Link Assessoria, até o valor máximo de 321 mil euros. Assim, a dívida do Cruzeiro por Arrascaeta seria quitada.
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